Ficha do Proponente
Proponente
- Maria Ignês carlos Magno (UAM)
Minicurrículo
- Maria Ignês Carlos Magno, professora do PPGCOM em Comunicação Audiovisual da UAM. Doutora em Ciências da Comunicação. Mestre em História Social. Pós-doutorado no PPGCOM da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) sob a supervisão da Profa. Doutora Maria Aparecida Baccega. Líder do Grupo de Pesquisa: Inovações e Rupturas na Ficção Televisiva (UAM). Autora da seção Resenha-Cinema da revista Comunicação & Educação da ECA/USP. Área de atuação e pesquisa: Crítica, Cultura, Cinema, Telenovela
Ficha do Trabalho
Título
- O cinema no processo de criação dos roteiros de Giancarlo Berardi
Resumo
- Esse artigo é parte de um estudo sobre as influências cinematográficas, literárias e históricas no processo de criação de roteiros nas histórias em quadrinhos. Para essa comunicação o objeto de estudo é o HQ Julia Kendall: As aventuras de uma criminóloga, do roteirista Giancarlo Berardi. A ideia é mostrar a presença do cinema e da história no processo de criação e construção da narrativa nas HQs de Giancarlo Berardi.
Cinema, Histórias em Quadrinhos, Roteiro, Giancarlo Berardi, Julia Kendall.
Resumo expandido
- O cinema como os quadrinhos têm uma história bastante próximas, desde as origens, a época em que surgiram até as técnicas utilizadas. Alain Resnais declarou uma vez:“O que sei sobre cinema, eu o aprendi tanto no cinema como nos quadrinhos. As regras de decupagem e montagem são as mesmas, tanto nos quadrinhos como na tela. E, bem antes do cinema, eles utilizavam o scope e sempre puderam mudar de formato. Da mesma forma a cor: eles sabem utilizá-la para fins dramáticos”, conta-nos Ruy Castro (1969). Giancarlo Berardi roteirista de quadrinhos e criador das personagens Ken Parker e Júlia Kendall, declarou uma vez:“Eu entrei em um cinema com quatro anos de idade e não parei mais. Aprendi muitas coisas sobre a vida por meio da tela grande, incluindo algumas ilusões”. O cinema é “um dos eixos fundamentais da minha profissão. Os outros dois são a literatura e a observação da realidade”,conta-nos Giovanni Mattioli(2016).Ainda segundo Ruy Castro, alguns críticos à época souberam descobrir na sólida estruturação plástica de O Ano Passado em Marienbad o rigor visual das histórias de Mandrake, assim como o seu frequente emprego das possibilidades de metacronismo: saltos no tempo, reais ou imaginários, e o desenvolvimento da ação no plano(balões indicando o que o personagem fala e pensa, no mesmo quadrinho)análogos ao pisca-pisca mental em Marienbad,(p.593).Resnais era especialista em Dick Tracy, Berardi tinha como diretores preferidos: Vittorio De Sica, Mário Monicelli, John Ford, Billy Wilder. Diferentes em estilos, o que chamava a atenção de Berardi nesses diretores era “a capacidade que demonstravam em contar pedaços da vida que se desenrola à minha volta, com palavras e imagens, que embora simples, tinham uma eficácia extraordinária”(2016,p.4).A proposta aqui não é a de desenvolver um estudo comparativo entre Resnais e Berardi, apenas exemplificar as paixões e as influências mútuas que cinema e quadrinhos exercem sobre cineastas e roteiristas. Conforme exposto no resumo, trata-se de um estudo sobre as influências cinematográficas, literárias e históricas no processo de criação de roteiros, em especial os roteiros de Berardi. Para esta comunicação o objeto de estudo é o HQ Julia Kendall: As aventuras de uma criminóloga, ou como ele dizia uma investigadora da alma. Júlia Kendall é fruto de duas paixões de Berardi: o romance de gênero policial e o cinema. Diferentemente de Ken Parker, Júlia é uma personagem feminina, urbana e as histórias estão a meio termo entre a criminologia e a psicanálise, explica o roteirista. Se a figura de Ken Parker teve Robert Redford como inspiração, Júlia é Audrey Hepburn. Não apenas Júlia teve seus traços buscados em atores de cinema, como todo o elenco das personagens que compõem as histórias da criminóloga. O tenente Alan Webb é John Malckovich, o sargento Ben Irving é John Goodman, o detetive particular Leo Baxter é Nick Nolte quando jovem, e Emily Jones é Woopy Goldberger, a vulcânica colaboradora doméstica e ama seca protetora, segundo Berardi (2016, p.4).Emily foi uma militante dos Panteras Negras, que entra na casa e na vida de Júlia Kendall como governanta. A cada história aparecem Sean Connery, Tom Selleck, Robert Mitichum, apenas para citar alguns. Para mostrar como se dá a presença do cinema e da história no processo de criação e construção visual da narrativa de Berardi, escolhi o quadrinho cujo título é: O repouso do guerreiro. Neste quadrinho Berardi parte de um fato histórico, no caso, a guerra do Afeganistão e nos conta como e porque um grupo de veteranos americanos do Afeganistão planeja um golpe audacioso. Kendall, Irving e Webb chegam ao local para tentar impedir o assalto e acabam nas mãos dos ex-militares. A escolha tem por objetivo apresentar as aproximações entre cinema e HQs. As técnicas de enquadramento, os diálogos, a montagem e a forma como Berardi conta com palavras e imagens os pedaços da história que vivemos. Nesta história, a aventura de Júlia Kendall como investigadora da alma.
Bibliografia
- AUGUSTO, Sérgio. Algumas notas sobre os quadrinhos. In: Quadrinhos: literatura do século. Revista de Cultura Vozes, Petrópolis, RJ, N.7, ano 63, julho,1969
BERARDI, Giancarlo. O Repouso do Guerreiro. In: Júlia Kendall. As aventuras de uma criminóloga, N. 121, mar/abr, 2016.
BERARDI, Giancarlo. Entrevista concedida a Giovanni Mattioli, Itália, 2015.
CASTRO, Ruy. Os quadrados contra os quadrinhos. In: Quadrinhos: literatura do século. Revista de Cultura Vozes, Petrópolis, RJ, N.7, ano 63, julho,1969.
DIAS-PINO, Wladimir. Quadrinhos: uma tatuagem projetada na pele suada da arte. Ou O útil dos ruídos visuais da figura que explode. In: O Mundo dos Super Heróis, Revista de Cultura Vozes, Petrópolis, RJ, N. 4, ano 65, maio 1971
MOYA, Álvaro de. Shazam! São Paulo, Editora Perspectiva S.A. 1977.
XAVIER, Ismail. (ORG). O cinema no século, Rio de Janeiro, São Paulo,1996.
YOEL, Gerardo. (ORG). Pensar o cinema. Imagem, ética e filosofia. São Paulo, Cosac Naify, 2015.