Trabalhos Aprovados 2021

Ficha do Proponente

Proponente

    Dorotea Souza Bastos (UFRB)

Minicurrículo

    Professora de Direção de Arte do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Doutora em Média-Arte Digital (UAlg/UAb) e em Comunicação e Cultura Contemporâneas (UFBA). Líder do VISU – Grupo de Pesquisa e Extensão em Arte, Imagem e Visualidades da Cena (UFRB/CNPq). Possui experiência como Diretora de Arte e Cenógrafa, nas áreas do audiovisual, publicidade, teatro e dança.

Ficha do Trabalho

Título

    O ensino de Direção de Arte no curso de Cinema e Audiovisual da UFRB

Seminário

    Estética e teoria da direção de arte audiovisual

Resumo

    A trajetória do ensino de Direção de Arte na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) é traçada pela ocupação de um território necessário à formação discente no campo do audiovisual. Nesta proposta de artigo, trago questões referentes à experiência no processo de ensino-aprendizagem da Direção de Arte no meio acadêmico, em especial na UFRB, e busco tencionar a discussão sobre estrutura, conteúdos e aspectos metodológicos específicos da Direção de Arte como componente curricular.

Resumo expandido

    Tratar da Direção de Arte como campo de formação, notadamente em espaços formais de ensino, como o ambiente acadêmico, é central para o desenvolvimento da área. Ainda que muitos programas de pós-graduação estejam abrigando pesquisas de mestrado e doutorado sobre o tema, as bibliografias ainda são escassas, principalmente em língua portuguesa. O próprio entendimento do que é ou pode ser Direção de Arte não encontra consenso entre nossos pares ou nos ambientes de aprendizagem. Em termos de metodologia, as lacunas são ainda maiores, o que nos faz buscar subsídios em outras abordagens e experiências, na tentativa de abarcar a complexidade do ensino de um tema tão diverso.
    Para abordar o tema proposto, uma breve contextualização se faz necessária. Idealizado por um conjunto de docentes da área de Comunicação, o bacharelado em Cinema e Audiovisual da UFRB iniciou suas atividades em 2008, no Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL), em Cachoeira, Bahia. Contando com um total de mais de 3500 horas de atividades entre disciplinas obrigatórias, optativas, Trabalho de Conclusão de Curso e Atividades Complementares, é interessante destacar que o curso não possui nenhuma carga horária oficialmente destinada ao ensino de Direção de Arte.
    O Projeto Pedagógico de Curso (PPC) aponta que o campo de atuação do estudante egresso do curso compreende as áreas de “produção, roteirização, direção, fotografia, edição/montagem, cenografia, figurino, animação, infografia e sonorização de produtos audiovisuais, […] com destaque para o registro de narrativas documentais” (UFRB, 2008, p.13). Apesar da presença de “cenografia” e “figurino” no elenco de áreas de atuação do egresso, esses termos foram retirados do texto que apresenta o curso no site da Instituição, não abarcando a Direção de Arte e as diversas funções do Departamento de Arte.
    A supressão dessas indicações foi decorrente de outra ausência: a de docentes da área atuando no curso – situação modificada apenas em 2016, com a contratação de docente para esse núcleo de disciplinas. A questão do ensino da Direção de Arte, porém, ainda não estava resolvida, pois o PPC não contemplava disciplinas da área, sendo os conteúdos de Arte ministrados em componentes de ementa aberta como “Oficinas Orientadas de Audiovisual”. De fato, um arranjo possível para agregar os conhecimentos de Direção de Arte, mas que não dava o crédito com o nome da disciplina, assim como, no mercado, ainda não temos o reconhecimento nos créditos de todas as produções das quais participamos.
    Tainá Xavier aponta que os conteúdos de Direção de Arte na formação em Cinema possibilitam “o desenvolvimento e a inovação, num processo de dissolução das fronteiras entre a especialização de modelos industriais, que poderá favorecer novas experimentações, tanto no campo da direção de arte quanto nas diferentes áreas envolvidas na produção audiovisual” (XAVIER, 2017, p.147). De fato, a diversidade de temas, conteúdos e referências trabalhados na Arte, podem contribuir para uma amplitude e expansão das práticas no Cinema. Além disso, é essencial pontuar as diferentes formas de atuação no campo da Direção de Arte, devido às especificidades de um campo multifacetado que, muitas vezes, se encontram aglutinadas no termo genérico “audiovisual”.
    No artigo que aqui se pretende desenvolver, busco apresentar e problematizar as estratégias e caminhos percorridos e compartilhar a experiência desses 5 (cinco) anos de ensino de Direção de Arte no âmbito da UFRB, a fim de gerar uma discussão ainda incipiente, mas bastante necessária, sobre a formação na área e que possa agregar para o desenvolvimento de novos métodos, novos conteúdos e aguçar o interesse de pesquisadores e educadores sobre o tema.

Bibliografia

    MEC, Ministério da Educação. Resolução 10/2006, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação de Cinema e Audiovisual e dá outras providências. Brasil, 2006.
    RIBEIRO, Danielle et al. Mercado audiovisual e formação profissional: o perfil dos cursos superiores em cinema e audiovisual no Brasil. São Paulo: FORCINE, 2016.
    XAVIER, Tainá. Direção de arte no Brasil: um percurso de formação entre o artesanato e a indústria. In: BUTRUCE, Debora; BOUILLET, Rodrigo. A direção de arte no cinema brasileiro. Rio de Janeiro: Caixa Cultural, 2017.
    UFRB, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Projeto Político Pedagógico do curso de Cinema e Audiovisual. Cachoeira: UFRB, 2008.