Ficha do Proponente
Proponente
- aline lisboa da silva (UNESP)
Minicurrículo
- Doutoranda em mídia e tecnologia pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”- UNESP e professora substituta pela mesma instituição. Mestre em comunicação pela Universidade Federal da Paraíba, especialista em marketing pela Universidade Federal de Sergipe, graduada em publicidade e propaganda pela Universidade Tiradentes. Atualmente realiza pesquisas na área de Cultura digital e Estudos de Gênero como bolsista CAPES pelo Programa de Pós-graduação em Mídia e Tecnologia na UNESP.
Ficha do Trabalho
Título
- Competição ou Reinvenção? Tensionamentos entre o cinema e o streaming
Resumo
- Nossa proposta é compreender se os tensionamentos envolvendo os formatos cinema e serviço de streaming se mostram de fato prejudiciais ao primeiro ou se apresentam como possibilidades de reinvenção à indústria cinematográfica. Em nosso trabalho confrontamos as fronteiras existentes entre o campo cinematográfico e o serviço de streaming com o intuito de examinar como o consumo de conteúdo audiovisual vem se modificando e transformando o mercado do setor.
Resumo expandido
- O mercado de entretenimento do setor audiovisual há alguns anos vem apresentando novas possibilidades no que concerne ao consumo desse tipo de conteúdo. Com um leque mais variado de ofertas a partir da expansão da Internet, surgiram modos diferenciados de consumir conteúdo audiovisual e as plataformas de streaming seguiram nesse sentido, tanto de modo mais amplo, ofertando opções bem variadas em seu catálogo, como a Netflix, por exemplo, quanto de modo mais especializado, focando em um nicho, como no caso do Mubi , que tem como proposta a oferta de um catálogo com filmes de arte e clássicos do cinema mundial.
Em nossa investigação tencionamos compreender de que modo a crise vivenciada pela indústria cinematográfica, que se acomete há algum tempo e foi potencializada pela pandemia da COVID-19, encontra nos serviços de streaming uma forma de fazer o cinema se reinventar em sua distribuição ou o percebe como um rival direto em relação ao público, que acaba deixando de frequentar as salas de cinema de modo massivo. Neste sentido, nosso trabalho busca refletir sobre a transformação de práticas culturais que vêm se estabelecendo nos últimos tempos, observando também mudanças significativas no setor audiovisual em termos tecnológicos e de acessibilidade.
No que concerne ao cinema autoral produzido de modo independente, por exemplo, percebemos o serviço de streaming como oportunidade, já que boa parte dos realizadores destes filmes tem utilizado a internet como intermédio para distribuição de suas obras junto ao público, sem no entanto dispender de modo oneroso para que isso aconteça, como é o caso da mais nova plataforma brasileira de filmes independentes Supo Mungam Plus, que tem como proposta exibir filmes autorais e independentes, em especial de cineastas mulheres. (BATISTA, 2016).
Neste sentido, o streaming acaba por democratizar o acesso à conteúdos que até então não encontram tanto espaço nas salas de cinema, de modo geral, ou quando encontram, é por pouco tempo, e em disputa com a bilheteria de grandes produções cinematográficas exibidas simultaneamente naqueles locais.
Deste modo, funcionando como uma alternativa às salas de cinema que cobram preços exorbitantes e se localizam, na maioria das vezes, em espaços como shoppings ou bairros nobres, afastados dos subúrbios e das periferias, as plataformas de streaming vêm “facilitar as práticas de distribuição cinematográfica ao possibilitar que um maior número de cineastas possa atualmente disponibilizar os seus trabalhos de forma legítima junto do público” (LOBATO, 2009, p. 167). Com isso, não somente ganham os conglomerados midiáticos que dão suporte ao serviço, como também realizadores iniciantes que precisam dar vazão às suas obras e não encontram espaço nas salas de cinema. Além disso, o público também parece sair ganhando com a oferta de diversos serviços desse setor, já que o preço das assinaturas se mostra muito mais compatível com o bolso dos consumidores que não podem arcar com preços de ingressos custosos, e ainda se deslocar para o próprio cinema, muitas vezes.
Em nossas considerações, acreditamos ser salutar repensar as relações indústria cinematográfica x Serviços de streaming em uma ótica mais plausível e conciliatória. Desta maneira, nosso trabalho busca, não somente compreender os tensionamentos envolvendo as duas linguagens, como também refletir com cuidado sobre como o serviço de vídeo sob demanda trouxe novas possibilidades para o cenário audiovisual, seja em pontos positivos ou negativos até o dado momento.
Bibliografia
- ACEVEDO, C. R.; NAVARRO, M. V.; DIGNANI, P. H. V.; CATÃO, B. A. As plataformas de streaming e seu impacto no comportamento do consumidor. Revista eletrônica de administração (online), v. 19, n. 2, ed. 37, jul-dez 2020.
BATISTA, A. R. S. S. O papel das plataformas de streaming na distribuição de filmes independentes. Dissertação (mestrado em comunicação, cultura e tecnologias da informação) – Instituto Universitário de Lisboa. Lisboa, Portugal, 51 p. 2016.
BERNARDET, J-C. Cinema brasileiro: propostas para uma história. 2. ed. São Paulo, SP: Companhia de Bolso, 2009.
KEEN, A. O culto do amador. Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar Editor Ltda., 2009.
LOBATO, R. The politics of digital distribution: exclusionary structures in online cinema. London, Routledge, 2009.
MERCADO&CONSUMO. Consumo de streaming é hábito diário para 43% dos brasileiros durante a pandemia. Disponível em: https://mercadoeconsumo.com.br/2020/09/25/consumo-de-streaming-e-habito-diario-para-43-dos-brasileiros-durante-a-pan