Ficha do Proponente
Proponente
- Mariana Sabino-Salazar (UT Austin)
Minicurrículo
- Mariana Sabino Salazar, doutoranda no Programa de Estudos Culturais Ibéricos e Latino-americanos na Universidade do Texas em Austin, é bacharel em Economia (Ibero-México) e tem mestrado em História (BUAP-Mex) e Literatura e Cultura Luso-brasileira (UT Austin). Na sua tese analisa o arquétipo literario da cigana femme fatale no cinema brasileiro e mexicano de 1950 a 1980. O seu projeto recebeu apoio da Fulbright, do Departamento de Educação dos EUA e da Comisión Nacional de Ciencia y Tecnologia.
Ficha do Trabalho
Título
- O Estereótipo da cigana femme fatale no cinema brasileiro (1908-1989)
Resumo
- Neste trabalho apresento a genealogia do estereótipo da cigana no cinema brasileiro entre 1908 e 1990. Primeiro, comparo o estereótipo com arquétipos na literatura europeia (Miguel de Cervantes, Prosper Merimée, Júlio Dantas, Victor Hugo). Depois, analiso a representação da cigana nas narrativas audiovisuais focando-me em questões de raça, gênero e nacionalismo. Trabalho com um corpus de 20 filmes que abrangem da comédia ao pornô.
Resumo expandido
- A população romani tem sido uma das mais marginalizadas do mundo durante os últimos quinhentos anos e no Brasil existem as maiores comunidades romaníes da América. Com a intenção de refletir sobre o estereótipo da cigana no Brasil, vou analisar a genealogia da sua imagem no cinema nacional entre 1908 e 1989. Primeiro, explicarei porque a personagem da cigana é mais visível e relevante que aquele do cigano, depois compararei o estereótipo da cigana com arquétipos da literatura clássica europeia (Miguel de Cervantes, Prosper Merimée, Júlio Dantas, Victor Hugo, Bram Stoker). Assim como o impacto que a literatura brasileira teve na representação da cigana no cinema nacional.
Na segunda parte da minha apresentação, falarei das cinco categorias de estereótipos da cigana. Os primeiros filmes estão atravessados pela ideia da criança que foi sequestrada pelos ciganos, assim como da menina cigana que foi afastada do seu acampamento. Mais tarde, o estereótipo da cigana vingativa está relacionado com o tropo da cigana gótica no México. A presença de vampiros e lobisomens no cinema de Hollywood revela ansiedade coletiva relacionada a Guerra Fria. No Brasil e outros países latino-americanos se realizaram filmes de horror de temáticas parecidas. Nestes filmes se promoveu a ideia da cigana feiticeira que anuncia más notícias e traz infortúnio. Outro estereótipo que esteve presente através dos anos sessenta e setenta é a cigana “do interior”. A cigana livre e nômade que faz parte dos personagens dos filmes de Amácio Mazzaropi assim como outras longa-metragens producidos na Boca do Lixo. Jeca Tatu é o homem sedentário contra o qual se compara à cigana que não tem lar e não se estabelece em lugar nenhum. Mais tarde, há dois filmes paradigmáticos que apresentam a cigana dançarina e cantora, que também é musa de conhecidos artistas. O máximo exemplo deste estereótipo é Sandra Rosa Madalena no filme do Sidney Magal “Amante Latino”. Finalmente, a deidade da Pomba Gira e a sua magia sexual tiveram incidencia na porno chanchada e o pornô dos anos setenta e oitenta. Ao longo do análises destes filmes vou me referir a questões de raça, gênero e nacionalismo.
Bibliografia
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