Trabalhos Aprovados 2021

Ficha do Proponente

Proponente

    Marcel Gonnet Wainmayer (PPGCine-UFF)

Minicurrículo

    É Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Cinema e Audiovisual da Universidade Federal Fluminense – PPGCine – UFF (2020). Possui Mestrado no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense – PPGCOM/UFF (2017). Possui Licenciatura em Jornalismo – Universidad Nacional de Lomas de Zamora, Argentina (2004). Integrante da Asociación de Documentalistas Argentinos (DOCA) e de Directores Argentinos Cinematográficos (DAC).

Ficha do Trabalho

Título

    Afinal, o que é o cinema artesanal?

Resumo

    A apresentação propõe abordar leituras e conceitos relacionados ao “cinema artesanal”, ao “cinema amador” e a outras noções sobre modos de produção por fora dos mecanismos industriais, a partir de três documentários de baixo orçamento da produção argentina das últimas décadas que tematizam o próprio trabalho de produção audiovisual.

Resumo expandido

    O qué confere a um filme a qualidade de “artesanal”? A partir de três documentários argentinos: El Ambulante (2009, 84 min.), dirigido por Eduardo de la Serna, Lucas Marcheggiano e Adriana Yurcovich; Amateur (2011, 76 min.), dirigido por Néstor Frenkel; e Seré Millones (2013, 103 min.) dirigido por Omar Neri, Fernando Krichmar e Mónica Simoncini, a apresentação propõe abordar leituras e conceitos relacionados ao “cinema artesanal”, ao “cinema amador” e a outras noções sobre modos de produção por fora dos mecanismos industriais, para aplicá-las na análise de três documentários de baixo orçamento da produção argentina das últimas décadas que tematizam o próprio trabalho de produção audiovisual.

    A proposta é explorar nesses filmes a aparição de imagens significativas sobre o trabalho artesanal, interrogando-se sobre procedimentos, relações e cruzamentos entre o domínio artesanal e o campo específico da produção audiovisual.

    O viés industrialista do pensamento cinematográfico e das políticas públicas de fomento da Argentina e do Brasil já foi matéria de diversas pesquisas (AUTRAN, 2004; CABRAL, 2014; MESSUTI, 2014). A divisão do trabalho promovida pelo modelo industrial de produção cinematográfica no mundo todo implicou o que, em seu livro sobre o artesanato, Richard Sennett chama de “fratura das habilidades”, ou bem “divisão entre a mão e a cabeça”. Sennett lembra a proposição de John Ruskin segundo a qual “os seres humanos dedicam seu pensamento às coisas que podem modificar” (SENNETT, 2009, p. 82).

    As noções de “cinema artesanal” e “cinema amador” parecem apontar para a maior importância da experiência e do processo criativo por sobre o produto final, o que reforça as teses de Ruskin, que considerava “que os rigores da era industrial conspiravam contra as vivencias de experimentação livre e fracasso saudável” (SENNETT, 2009, p. 77).

Bibliografia

    AUTRAN, Arthur. O pensamento industrial cinematográfico brasileiro. Tese [Doutorado em Multimeios], Campinas: Instituto de Arte da Universidade Estadual de Campinas, 2004.
    BRATU HANSEN, Miriam. Cine y Experiencia. Siegfried Kracauer, Walter Benjamin y Theodor W. Adorno. Trad. Hugo Salas. Buenos Aires: El Cuenco de Plata, 2019.
    COMOLLI, Jean-Louis e SORREL, Vincent. Cine, modo de empleo: De lo fotoquímico a lo digital. Buenos Aires: Manantial, 2016.
    FOSTER, Lila Silva. Cinema amador brasileiro: Histórica, discursos e práticas (1926-1959). Tese (Doutorado). São Paulo: Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, 2016.
    KLUGE, Alexander e NEGT, Oskar. History and Obstinacy. New York: Zone Books, 2014.
    MIGLIORIN, Cezar. “Por um cinema pós-industrial. Notas para um debate”. Revista Cinética. Cinema e Crítica. Fevereiro de 2011.
    SENNETT, Richard. El Artesano. Tradução de Marco Aurelio Galmarini. Barcelona: Anagrama, 2009.