Ficha do Proponente
Proponente
- Nívea Faria de Souza (FACHA/UNESA)
Minicurrículo
- Figurinista e Diretora de Arte. Doutora em Artes na (UERJ/ CAPES) com período sanduíche pela Universidade do Algarve em Portugal (Capes/PDSE), Mestre em Arte (UERJ), Graduação (UFRJ). Professora de Artes Cênicas e Cinema na UNESA, FACHA e Celso Lisboa. Uma das resposáveis pelo ST Estética e teoria da direção de arte audiovisual da SOCINE. Co-coordenadora do GT Cinema e Materialidades da AIM/Portugal. Pesquisadora vinculado ao Núcleo de Investigação em Direção de Arte Audiovisual (CAA/UFPE/CNPq).
Ficha do Trabalho
Título
- Camadas da direção de arte em A vida invisível (2019)
Seminário
- Estética e teoria da direção de arte audiovisual
Resumo
- Através de uma análise crítica e comparativa, pretende-se decompor as escolhas visuais percorridas pela direção de arte e figurino na tradução intersemiótica do livro de Martha Batalha, “A vida invisível de Eurídice Gusmão” (2016), para o filme de Karim Ainouz, “A vida Invisível” (2019). Este trabalho se propõe a analisar de que maneira o figurino e a arte auxiliam na dramaturgia e principalmente na construção de espaços e personagens.
Resumo expandido
- Através de uma análise crítica e comparativa, pretende-se decompor as escolhas visuais percorridas na tradução intersemiótica do livro de Martha Batalha (2016) para o filme de Karim Ainouz (2019). A direção de arte, elemento importante da mise-en-scene, é a responsável por uma importante parte da materialização de um roteiro através de um conceito visual elaborado à obra. São detalhes delicadamente construídos que edificam a estética da obra. Recursos plásticos são postos a serviço da elaboração da cena, estabelecendo contornos espaciais e visuais importantes. São camadas que conduzem a compreensão do espectador à obra, essas camadas da direção de arte vão desde a construção da cenografia pela delimitação espacial, ao auxílio da construção do corpo do personagem pelo figurino, passando por cada elemento da cena.
A direção de arte veste a cena como um todo, contam a história e cunham identidades na dramaturgia. Elementos que funcionam como amplificadores de sensações, da realidade imaginária que é a cena. Tanto o figurino quando os espaços propostos pela arte potencializam a construção simbólica de personagens e cenários. O símbolo é um modo de conhecimento, um jogo de códigos pré-estabelecidos e reconhecidos, estes códigos podem ser cores, formas, texturas, camadas, volumes ou ainda, o arranjo de todos eles, que conduzem a um universo de sensações e produção de sentido. Este trabalho se propõe a analisar de que maneira o figurino e a arte auxiliam na dramaturgia de uma obra através do filme “A vida Invisível” (2019) de Karim Ainouz, como direção de arte de Rodrigo Martirena e figurino de Marina Franco. O filme de 2019, baseado no livro de Martha Batalha, “A vida invisível de Eurídice Gusmão” (2016), retrata o machismo estrutural e silenciamento da mulher, o “drama tropical” como é denominado pela crítica, passa majoritariamente na década de 1950, e ainda, conta com as cenas finais no contemporâneo. A história das duas irmãs Eurídice e Guida que se veem afastadas, passam a trama envolta pela expectativa de um reencontro. A obra possui uma criação de época minuciosa, arte e figurino se esforçam na elaboração de símbolos que conectam espectador à relação fraternal, e ao período que a obra remonta, no entanto é possível perceber que reconstruções rígidas, dão lugar a criações visuais mais envolventes. As cores na obra são camadas importantes na identificação dos perfis dos personagens, texturas de um Rio de Janeiro que se mistura com as intensidades da invisibilidade que as protagonistas vivem, contrastes e saturações esperadas para um “drama tropical”.
Bibliografia
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