Ficha do Proponente
Proponente
- Michelle Cunha Sales (UFRJ)
Minicurrículo
- Pesquisadora, professora e curadora independente. Investigadora Colaboradora do Centro de Estudos em Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho (2020) e integrante do grupo TRAMA da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2020), Professora Associada da Escola de Belas Artes da UFRJ (2010 -), Coordenadora da rede de pesquisa Cinemas Pós Coloniais e Periféricos na Socine e na AIM. Pós – doutora em Estudos Contemporâneos pela Universidade de Coimbra (2018-2020).
Ficha do Trabalho
Título
- Cinemas racializados: que lutas, que estratégias no século XXI
Seminário
- Cinemas pós-coloniais e periféricos
Resumo
- Análise interseccional das imagens produzidas por realizadores como Faela Maya, Welket Bungué e Isael Maxakali e a forma como esses cinemas sinalizam pistas, vontades de um fazer-ver interessado na descolonização do olhar e na produção de contra-narrativas.
Resumo expandido
- A catastrophe metafísica da modernidade, como afirma Maldonado-Torres, produziu um padrão de poder que colaborou com a constituição metafísica do sujeito moderno-colonial, e foi assim capaz de criar um sistema de classificação dos sujeitos, separando-os a partir da cor da pele e também do gênero. As ficções criadas pela modernidade/colonialidade, disseminando e reproduzindo uma distribuição desigual de poder, foi fundamental para a consolidação das narrativas de “conquista” e de ocupação de territórios e corpos subalternizados. Por outro lado, como argumenta Walter Mignolo há cada vez mais comunidades e indivíduas que, ao romper com o imaginário moderno-colonial, compreendem-se e representam-se fora do mundo Ocidental, re-existindo a norma ocidentalizante, classificatória e própria do racismo consolidado pelo legado colonial. A partir de uma ampla leitura de pensadores e pensadoras decoloniais latino-americanos, esta comunicação pretende apresentar o cinema racializado e/ou genderizado produzido por autores como Faela Maya, Welket Bungué e Isael Maxakali, discutindo as formas, o contexto, os temas e as estratégias de luta e reexistência expresso através de suas imagens e suas práticas. Dessa forma, um dos interesses centrais é a discussão sobre a racialização e genderização de forma não hierarquizável pois, queremos pensar como o racismo estrutural cria complexos sistemas de classificação que afetam corpos negros e pardos, assim como o sexismo estrutural diferencia e pune corpos genderizados de forma relacional. Partimos de um viés interseccional para olhar e pensar as imagens produzidas por realizadores como Faela Maya, Welket Bungué e Isael Maxakali e a forma como esses cinemas sinalizam pistas, vontades de um fazer-ver interessado na descolonização do olhar e na produção de contra-narrativas.
Bibliografia
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