Trabalhos Aprovados 2021

Ficha do Proponente

Proponente

    YANET AGUILERA VIRUEZ FRANKLIN DE MATOS (UNIFESP)

Minicurrículo

    Profa. Dra. do Departamento de História da Arte da UNIFESP. Coordenadora do Colóquio de Cinema e Arte da América Latina (COCAAL). Organizadora e Autora de Mordaças do cinema da América Latina, Discurso Editorial, 2020. Autora dos capítulos: “A captura do invisível” , in Línguas, ontem, hoje e amanhã, do Centro Brasileiro de Estudos da América Latina, 2020; “Como pensar o cinema indígena: a paisagem uma categoria de pensamento”, in Arte e Ensaio, No 38, 2019; “Comparar, análise e história: O Cas

Ficha do Trabalho

Título

    O RISO, O CINEMA E A CIDADE: GRANDES CLOWNS DO CINEMA DA AMÉRICA LATIN

Seminário

    Audiovisual e América Latina: estudos estético-historiográficos comparados

Resumo

    Trata-se de pensar a relação que o cinema da América Latina estabeleceu entre a comédia e a cidade. Especificamente, é uma análise da interação de Mazzaropi, Cantinflas e Grande Otelo com São Paulo e a cidade do México, nos filmes: “Candinho”, de Abílio Pereira de Almeida, 1954; “El bolero de Raquel”, de Miguel, M. Delgado, 1957; e “Macunaíma”, de Joaquim Pedro de Andrade, 1969. Em resumo, o objetivo é perceber a resistência dos corpos engraçados e excluídos dos clowns diante destas urbes antro

Resumo expandido

    Trata-se de pensar a relação que o cinema da América Latina estabeleceu entre a comédia e a cidade. Especificamente, é uma análise da interação de Mazzaropi, Cantinflas e Grande Otelo com São Paulo e a cidade do México, nos filmes: “Candinho”, de Abílio Pereira de Almeida, 1954; “El bolero de Raquel”, de Miguel, M. Delgado, 1957; e “Macunaíma”, de Joaquim Pedro de Andrade, 1969. Em resumo, o objetivo é perceber a resistência dos corpos engraçados e excluídos dos clowns diante destas urbes antropófagas, que estavam em processo de modernização e em vias de se tornarem megalópoles. Dentro da classificação dos clowns em brancos e augustos, nossos três comediantes podem ser considerados fazendo parte dos últimos. Enquanto o branco representa o dever e a repressão (o pai, o professor, o artista, a perfeição, o belo etc. podem ser vistos como da família deste personagem), o augusto por sua vez é o desajeitado que não sucumbe diante da ostentação vaidosa do branco; antes ele é capaz de rir da pretensão dos citadinos. Assim, os excluídos são apenas “povo”, aqueles sobre os quais os “cidadãos”, aparentemente muito mais sabidos, querem exercer o poder de ensinar o que eles consideram correto e o que acreditam que deve ser feito. O augusto vê a lantejoula do branco, mas também vê a vaidade, recusando se tornar um deles. Nossos augustos são exímios comediantes em libertar-se da máscara do inteligente, capazes de se dar o direito de não entender, de não saber, de permanecer com a boca aberta. Estes corpos, propositalmente desajeitados e engraçados, postulam uma filosofia do fracasso e do erro como uma maneira sabiamente alegre de encarar o contato, que pode ser muito duro, com o mundo e com os outros corpos. De modo que, os três personagens encaram as relações humanas, mediadas pelo poder, dentro de um jogo que, apesar de apresentarem forças desiguais, busca um equilíbrio. Diante da cidade, o que podem os corpos do caipira, do engraxate e do índio? Talvez um David engraçado diante de um Golias enlouquecido. Para os nossos comediantes, a cidade é, ao mesmo tempo, lugar de embates, mas também de encontros possíveis. E diante dessa luta desigual que a cidade coloca como inelutável, é possível encontrar parceiros que permitam a esses personagens evitar a opressão, ainda que momentaneamente, sem necessariamente tornarem-se opressores. A metafísica da alegria, postulada pela comédia da América Latina, nos ensina que o riso é um de nossos melhores instrumentos para poder resistir a tanto acosso e violência.

Bibliografia

    BRANGANÇA, Mauricio de, “Cantinflas e Mazzaropi: um peladito e um caipira no descompasso do bolero e do samba”. Dissertação do Departamento de Comunicação, Imagem e Informação, UFF, 2003. https://www.ufrgs.br/infotec/teses-03-04/resumo_1907.html
    BUENO, Curiate de Paula, André. “Palhaços da cara preta: Pai Francisco, Catirina, Mateus e Bastião, parentes de Macunaíma nos Bumba-bois e Folias-de-Reis – MA, PE, MG”. Área de Pós-Graduação em Literatura Brasileira do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.
    SODRÉ, Muniz. “O Terreiro e a Cidade”, Rio de Janeiro, Mauad X, 2019.
    SUZUKI, Júlio César, DE ARAÚJO, Borges Vaterlei; BITELLI, Molinari Fábio (orgs.) “Campo e Cidade na América Latina”, FFLCH, USP, 2019, http://www.livrosabertos.sibi.usp.br/portaldelivrosUSP/catalog/view/434/384/1527-1