Ficha do Proponente
Proponente
- Ana Maria de Assunção Carvalho (ISMAI)
Minicurrículo
- Ana Carvalho é Licenciada em Design e Comunicação Visual, ESAD-Matosinhos (1994); Mestre em Arte e Design Interativos, University Plymouth (2004); e Doutora em Informação e Comunicação em Plataformas Digitais, FLUP (2013). É professora auxiliar no ISMAI, Portugal, e investigadora no CIAC (Centro de Investigação em Artes e Comunicação). Especializou-se, na performance audiovisual, na relação entre efémero e documentação. Com Cornélia Lund editou o livro The Audiovisual Breakthrough.
Ficha do Trabalho
Título
- Pluralidade na ficção científica em The Future was Desert (2016)
Mesa
- A imagem como contraespaço
Resumo
- As ferramentas-palavras-imagens inscrevem formas de pensar inscrita numa história. A bolsa, e não uma faca, é a primeira das ferramentas humanas. A função da bolsa é carregar as sementes, a função da faca é matar e vencer a luta. Na obra The Future was Desert (2016), de Sophia Al-Maria, uma espécie alienígena nos conta sobre o fim da humanidade através referenciais imagéticos do árido deserto. A narrativa, tal como a história contada, utiliza multiplos tempos, multiplas vozes.
Resumo expandido
- O planeta é simultaneamente uno e engloba todos os que podemos tocar. Como indivíduos da mesma espécie, de todas as espécies, de qualquer matéria ou longevidade, estamos a atravessar um mesmo processo devastador que afeta Gaia, seja esta entendida como individualidade ou como multiplicidade. Haraway (2016) questiona com que ideias pensamos as ideias, coloca a atenção na ideia que antecede e formula a questão, na intenção que dá lugar à história. As ferramentas-palavras-imagens que usamos para contar histórias enquadra-se nesta forma de pensar o que antecede a narrativa e que lhe traça um propósito além de si próprio. A teoria da bolsa da ficção, “The Carrier Bag Theory of Fiction”, é um recurso teórico utilizado pela escritora de ficção científica Ursula K. Le Guin (1989), para escrever os seus contos de ficção científica. A bolsa, e não uma faca, é a primeira das ferramentas humanas. A função da bolsa é carregar as sementes, a função da faca é matar a caça, vencer a luta. Colocar a atenção na bolsa em vez da faca como ideia que gera uma história tem a intenção transformadora de colocar outras questões, de trazer outras vozes coletivas além da narrativa centrada na vitória certa do herói. A bolsa transforma não só a história contada mas quem conta a história e a quem a história é contada. A bolsa que contém a ficção é recorrente na literatura e obra videográfica de Sophia Al-Maria (1983, EUA). Mitos da origem, histórias de apocalipse, múltiplas vozes e narradores são recorrentes na obra da autora. Para esta apresentação iremos colocar a atenção na obra videográfica da The Future was Desert (2016) onde uma espécie alienígena nos conta sobre o fim da humanidade através referenciais imagéticos que remetem para o árido deserto. O deserto como lugar de isolamento, onde tudo é difícil.
Bibliografia
- AL-MARIA, S. The girl Who fell to Hearth: a memoir. New York: Harper Perennial.
FOUCAULT, M. O corpo utópico, as heterotopias. São Paulo: n-1 edições, 2013.
HARRAWAY, D. Staying with the Trouble : Making Kin in the Chthulucene. North Carolina: Duke University Press, 2017.
KHOLEIF, O. The artists who will change the world. New York: Thames & Hudson, 2018.
LE GUIN, U. Dancing at the Edge of the World. New York: Grove Press, 1988.