Trabalhos Aprovados 2021

Ficha do Proponente

Proponente

    Raysa Calegari Aguiar (UFES)

Minicurrículo

    Raysa Calegari Aguiar é jornalista formada pela Universidade Federal do Espírito Santo. Ocupa o cargo de técnico em audiovisual na mesma universidade e é aluna finalista no mestrado do Programa de Pós Graduação em Comunicação e Territorialidades da Universidade Federal do Espírito Santo – UFES, Brasil. Dedica-se ao estudo da Teoria Feminista e à pesquisa sobre a história do audiovisual, sobretudo, à história não contada das mulheres.

Ficha do Trabalho

Título

    REALIZADORAS CAPIXABAS: 3 GERAÇÕES EM 30 ANOS DE AUDIOVISUAL NO ES

Resumo

    Este trabalho apresenta um panorama com base na divisão geracional das realizadoras de audiovisual que atuam no Espírito Santo, desde os primeiros filmes até 2019. A segmentação as divide em três gerações: 1989 a 1997; 1998 a 2010 e 2011 até 2019. Os períodos são delimitados por mudanças nas formas de financiamento, nos recursos tecnológicos e no acesso à formação. Como fonte está a bibliografia sobre o audiovisual local em cruzamento com conteúdo das Revistas Milímetros publicadas pela ABD/ES.

Resumo expandido

    O texto apresentado traz um panorama sobre quem são as mulheres realizadoras de cinema do Espírito Santo. A pesquisa justificativa-se por registrar historicamente as produções audiovisuais dessas mulheres, os filmes que produziram e por ouvir o relato de suas experiências de trabalhar com audiovisual no estado. O panorama proposto é construído a partir do cruzamento de dados de uma revisão bibliográfica – entre livros e matérias jornalísticas – sobre o que se escreveu acerca do audiovisual original do ES e o conteúdo publicado em nove edições (editadas entre 2009 e 2019) da Revista Milímetros ¬– A revista do audiovusal capixaba, publicação feita pela Associação Brasileira de Documentaristas e Curtametragistras do Espírito Santo – ABD Capixaba. Essas fontes permitirão que se construa as três gerações propostas segmentadas a partir de marcos históricos como mudanças nas formas de fomento, surgimento de possiblidades de formação na área, acesso a novas tecnologias, entre outros fatores.

    Inicialmente são apresentados os primeiros filmes registrados sob direção feminina do estado, entretanto, tais mulheres não eram naturais ou tinham relações mais profundas com o Espírito Santo. Eram, na verdade, de grandes centros de produção audiovisual do sudeste e vieram filmar no estado atraídas principalmente pela linha de financiamento do Banco de Desenvolvimento local. Ainda assim não deixaram de ser as primeiras experiências de mulheres ocupando o a função de direção em uma obra audiovisual dentro do território capixaba. Posta essa primeira característica inicial são apresentadas as mulheres que compõem a proposta de primeira geração de realizadoras capixabas partindo de uma reflexão do entendimento da instabilidade das categorias analíticas da teroria feminista em diálogo com a concepção de Sandra Harding (2019). A primeira geração se encaixa entre os anos 1989 e 1997. As chamadas “pioneiras sem película” realizam suas primeiras experiências em vídeo digital para os programas da Televisão Educativa do Espírito Santo – TVE e seus filmes chegarm a participar de uma mostra internacional. A geração fica marcada também pelos filmes-escola resultantes de cursos promovidos pelo então Departamento Estadual de Cultura – DEC que viriam a formar uma outra geração inteira de realizadoras.

    A partir de 1998 a maior acessibilidade aos recursos de produção audiovisual promovida pela digitalização, o contato com o ambiente universitário, o fortalecimento geral do setor marcado pela criação da ANCINE em 2001 e pelo crescimento da Lei Rubem Braga – lei de incentivo cultural do município de Vitória, que é criada em 1991 mas vai ganhando força no decorrer da década, fazem surgir a segunda geração. Além disso, no ano 2000 é fundada a ABD Capixaba, que passa a ser uma das entidades de classe mais fortes do audiovisual local e que, a partir de 2004, começa a realizar a sua Mostra Competitiva, evento que abre possibilidade de exibição para realizadoras locais.

    Por fim, entre os anos de 2011 e 2019 é possível ver surgir uma variedade de novos nomes de mulheres dirigindo filmes no estado influenciadas fortemente pelo surgimento do curso superior em Cinema e Audiovisual da UFES em 2010 e pela criação do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura) em 2009 que viria a financiar editais promovidos pela Secretaria da Cultura (Secult) atendendo a todo o estado no decorrer da década.

    Após a apresentação dessas gerações é feita, então, uma análise sobre o que se pode concluir das informações levantadas sobre esses 30 anos de produção audiovisual feminina no estado. São apresentados dados estatísticos comparando o desenrolar da carreira das mulheres desses três períodos entre outros detalhes. Além disso, o texto chega ao fim assumindo não ser definitivo mas sim o começo de uma historiografia e, com essa vocação, aponta a existência de outras possibilidades de fontes de pesquisa que com certeza revelarão ainda várias outras realizadoras.

Bibliografia

    AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019.
    CORBELLARI, Lívia. O cinema delas. Revista Milímetros, Vitória, nº 9, p. 22-27, 2019.
    VIEIRA JR, Erly; ALBUQUERQUE, Gabriel A. (org.). Plano Geral: Panorama histórico do cinema do Espírito Santo. Vitória: Centro Cultural Sesc Glória, 2015.
    HARDING, Sandra. A instabilidade das categorias analíticas na teoria feminista. In:
    HOLLANDA, Heloisa B. (Org.). Pensamento Feminista: Conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019.
    HOOKS, bell. E eu não sou uma mulher?: Mulheres negras e feminismo. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2020.
    LOPES, Vitor. As mostras produção independente. Revista Milímetros, Vitória, nº 2, p. 17-25, jul. de 2010.
    MARTINUZZO, José A. (Org.) Roda VT! A televisão capixaba em panorâmica. Vitória: DIO, 2006.
    RUAS, Carolina. A professora russa de cinema. Revista Milímetros, Vitória, nº 7, p. 6-12, 2017.
    VÍDEOS capixabas chegam ao México. A Gazeta. Vitória, 5 de dez. de 1990.