Ficha do Proponente
Proponente
- Raysa Calegari Aguiar (UFES)
Minicurrículo
- Raysa Calegari Aguiar é jornalista formada pela Universidade Federal do Espírito Santo. Ocupa o cargo de técnico em audiovisual na mesma universidade e é aluna finalista no mestrado do Programa de Pós Graduação em Comunicação e Territorialidades da Universidade Federal do Espírito Santo – UFES, Brasil. Dedica-se ao estudo da Teoria Feminista e à pesquisa sobre a história do audiovisual, sobretudo, à história não contada das mulheres.
Ficha do Trabalho
Título
- REALIZADORAS CAPIXABAS: 3 GERAÇÕES EM 30 ANOS DE AUDIOVISUAL NO ES
Resumo
- Este trabalho apresenta um panorama com base na divisão geracional das realizadoras de audiovisual que atuam no Espírito Santo, desde os primeiros filmes até 2019. A segmentação as divide em três gerações: 1989 a 1997; 1998 a 2010 e 2011 até 2019. Os períodos são delimitados por mudanças nas formas de financiamento, nos recursos tecnológicos e no acesso à formação. Como fonte está a bibliografia sobre o audiovisual local em cruzamento com conteúdo das Revistas Milímetros publicadas pela ABD/ES.
Resumo expandido
- O texto apresentado traz um panorama sobre quem são as mulheres realizadoras de cinema do Espírito Santo. A pesquisa justificativa-se por registrar historicamente as produções audiovisuais dessas mulheres, os filmes que produziram e por ouvir o relato de suas experiências de trabalhar com audiovisual no estado. O panorama proposto é construído a partir do cruzamento de dados de uma revisão bibliográfica – entre livros e matérias jornalísticas – sobre o que se escreveu acerca do audiovisual original do ES e o conteúdo publicado em nove edições (editadas entre 2009 e 2019) da Revista Milímetros ¬– A revista do audiovusal capixaba, publicação feita pela Associação Brasileira de Documentaristas e Curtametragistras do Espírito Santo – ABD Capixaba. Essas fontes permitirão que se construa as três gerações propostas segmentadas a partir de marcos históricos como mudanças nas formas de fomento, surgimento de possiblidades de formação na área, acesso a novas tecnologias, entre outros fatores.
Inicialmente são apresentados os primeiros filmes registrados sob direção feminina do estado, entretanto, tais mulheres não eram naturais ou tinham relações mais profundas com o Espírito Santo. Eram, na verdade, de grandes centros de produção audiovisual do sudeste e vieram filmar no estado atraídas principalmente pela linha de financiamento do Banco de Desenvolvimento local. Ainda assim não deixaram de ser as primeiras experiências de mulheres ocupando o a função de direção em uma obra audiovisual dentro do território capixaba. Posta essa primeira característica inicial são apresentadas as mulheres que compõem a proposta de primeira geração de realizadoras capixabas partindo de uma reflexão do entendimento da instabilidade das categorias analíticas da teroria feminista em diálogo com a concepção de Sandra Harding (2019). A primeira geração se encaixa entre os anos 1989 e 1997. As chamadas “pioneiras sem película” realizam suas primeiras experiências em vídeo digital para os programas da Televisão Educativa do Espírito Santo – TVE e seus filmes chegarm a participar de uma mostra internacional. A geração fica marcada também pelos filmes-escola resultantes de cursos promovidos pelo então Departamento Estadual de Cultura – DEC que viriam a formar uma outra geração inteira de realizadoras.
A partir de 1998 a maior acessibilidade aos recursos de produção audiovisual promovida pela digitalização, o contato com o ambiente universitário, o fortalecimento geral do setor marcado pela criação da ANCINE em 2001 e pelo crescimento da Lei Rubem Braga – lei de incentivo cultural do município de Vitória, que é criada em 1991 mas vai ganhando força no decorrer da década, fazem surgir a segunda geração. Além disso, no ano 2000 é fundada a ABD Capixaba, que passa a ser uma das entidades de classe mais fortes do audiovisual local e que, a partir de 2004, começa a realizar a sua Mostra Competitiva, evento que abre possibilidade de exibição para realizadoras locais.
Por fim, entre os anos de 2011 e 2019 é possível ver surgir uma variedade de novos nomes de mulheres dirigindo filmes no estado influenciadas fortemente pelo surgimento do curso superior em Cinema e Audiovisual da UFES em 2010 e pela criação do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura) em 2009 que viria a financiar editais promovidos pela Secretaria da Cultura (Secult) atendendo a todo o estado no decorrer da década.
Após a apresentação dessas gerações é feita, então, uma análise sobre o que se pode concluir das informações levantadas sobre esses 30 anos de produção audiovisual feminina no estado. São apresentados dados estatísticos comparando o desenrolar da carreira das mulheres desses três períodos entre outros detalhes. Além disso, o texto chega ao fim assumindo não ser definitivo mas sim o começo de uma historiografia e, com essa vocação, aponta a existência de outras possibilidades de fontes de pesquisa que com certeza revelarão ainda várias outras realizadoras.
Bibliografia
- AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019.
CORBELLARI, Lívia. O cinema delas. Revista Milímetros, Vitória, nº 9, p. 22-27, 2019.
VIEIRA JR, Erly; ALBUQUERQUE, Gabriel A. (org.). Plano Geral: Panorama histórico do cinema do Espírito Santo. Vitória: Centro Cultural Sesc Glória, 2015.
HARDING, Sandra. A instabilidade das categorias analíticas na teoria feminista. In:
HOLLANDA, Heloisa B. (Org.). Pensamento Feminista: Conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019.
HOOKS, bell. E eu não sou uma mulher?: Mulheres negras e feminismo. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2020.
LOPES, Vitor. As mostras produção independente. Revista Milímetros, Vitória, nº 2, p. 17-25, jul. de 2010.
MARTINUZZO, José A. (Org.) Roda VT! A televisão capixaba em panorâmica. Vitória: DIO, 2006.
RUAS, Carolina. A professora russa de cinema. Revista Milímetros, Vitória, nº 7, p. 6-12, 2017.
VÍDEOS capixabas chegam ao México. A Gazeta. Vitória, 5 de dez. de 1990.