Ficha do Proponente
Proponente
- Adhemar Soares Lage (UFS)
Minicurrículo
- Mestrando em Cinema e Interdisciplinaridade pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e graduado em Comunicação Social – Cinema e Audiovisual pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). Dedica suas pesquisas nas áreas de distribuição, exibição, cinema brasileiro e plataformas de streaming.
Ficha do Trabalho
Título
- Arábia: uma análise de sua distribuição e exibição
Seminário
- Exibição cinematográfica, espectatorialidades e artes da projeção no Brasil
Resumo
- Este trabalho objetiva analisar a distribuição e exibição do filme Arábia (2017) em suas diversas janelas, como: festivais, salas de cinema, plataformas de VOD e exibições gratuitas. A pesquisa parte das discussões sobre a cadeia produtiva do audiovisual, distribuição, exibição e o cinema independente. Por meio do estudo de caso, foi possível identificar o alcance do filme, refletir sobre a estratégia adotada e compreender os desafios e alternativas da distribuição e exibição de filmes independe
Resumo expandido
- Este trabalho apresenta reflexões sobre o setor de distribuição e exibição de filmes nacionais independentes, utilizando como objeto empírico o filme mineiro Arábia (2017). Através da metodologia do estudo de caso, foi possível acompanhar a trajetória do filme em diferentes janelas de exibição. Os dados foram coletados em entrevistas com o distribuidor Daniel Queiroz, com os diretores dos filmes Affonso Uchoa e João Dumans, e com os produtores executivos Thiago Macêdo Correa e Vitor Graize.
Arábia (2017) é um filme produzido em Minas Gerais, lançado comercialmente em 2018, depois de uma longa trajetória em festivais nacionais e internacionais, na qual recebeu vários prêmios e ganhou maior visibilidade. A obra cinematográfica conta a história do operário metalúrgico Cristiano a partir de suas memórias anotadas em seu diário.
Como a maioria dos filmes independentes, Arábia teve sua estreia em festivais, trilhando uma carreira bem sucedida e ganhando visibilidade. No total foram 28 festivais, sendo o de estreia o 46º Rotterdam Film Festival que é considerado um dos mais importantes e reconhecido por apoiar obras de novos cineastas. No Brasil, Arábia participou do Festival Internacional do Rio de Janeiro e do 50º Festival de Brasília, na qual recebeu diversos prêmios incluindo o de Melhor Filme.
Depois de ser exibido nos festivais, Arábia deu início a sua distribuição comercial pela Embaúba Filmes. Um ponto levantado pelo distribuidor em entrevista, foi a definição do longa como um filme de nicho, a partir desse recorte, a distribuição foi pensada em atingir o público que consome cinema independente brasileiro.
Arábia entrou em cartaz no dia 05 de abril de 2018 e permaneceu até o dia 04 de julho do mesmo ano. Ocupou 41 salas em vários estados do país, sendo quatro estados do Sudeste, três do Sul, nove do Nordeste, dois do Centro-Oeste e três da região Norte, totalizando 22 estados. Arábia alcançou 11.696 espectadores e arrecadou R7.519,00. (ANCINE, 2018).
Após a passagem pelas salas, Arábia foi disponibilizado em plataformas de VOD com diferentes perspectivas, tais quais: Net Now, Vivo Play, Oi Play e Embaúba Play (plataforma da distribuidora) ambas no formato de aluguel, no valor que varia de R,90 a R,75, preço menor que o ingresso de cinema. A produção independente teve 1.136 vendas nestas plataformas até setembro de 2019. Na Embaúba Play no período de um ano (março de 2019 a março de 2020) Arábia alcançou 104 vendas. Na plataforma por assinatura MUBI o filme conseguiu mais de 5 mil visualizações durante 30 dias de disponibilidade.
Em 2020 o parque exibidor de salas de cinema de vários países foi fechado devido à pandemia provocada pelo vírus Covid-19. A distribuidora Embaúba Filmes atuou neste início liberando no mês de abril todo catálogo da sua plataforma, para exibição gratuita por meio de um código de acesso. Através dessa iniciativa a distribuidora conseguiu mais de três mil visualizações na plataforma, deste modo, o filme Arábia obteve 31 aluguéis e 765 visualizações gratuitas, número elevado tendo como perspectiva os resultados anteriores.
Através da trajetória do filme Arábia (2017), é possível fazer reflexões sobre os problemas do mercado de distribuição e exibição do país, como as salas concentradas nos centros urbanos e capitais, plataformas por assinatura obtendo maior alcance de público e a falta de regulamentação desse mercado. Neste contexto, o filme Arábia confirmou as expectativas do mercado cinematográfico ao obter maior porcentagem de arrecadação e público, através do meio de exibição clássico, as salas de cinema. Contudo, em um cenário de mudanças de hábitos, alavancado principalmente pela pandemia em decorrência da Covid-19, um produto audiovisual não pode deixar de acompanhá-las. É importante estar presente em vários meios e plataformas para formar públicos e impulsionar o acesso de seu filme, mesmo possuindo resultados menores que a distribuição tradicional.
Bibliografia
- BRASIL. Agência Nacional do Cinema. Vídeo Sob Demanda: Análise de Impacto Regulatório. Rio de Janeiro: Ancine, 2019. 269 p. Disponível em: . Acesso em: 12 dez. 2019.
BRASIL. Observatório Brasileiro de Cinema e Audiovisual. Listagem dos Filmes Brasileiros Lançados Comercialmente em Salas de Exibição 1995 a 2018. 2018. Disponível em: https://oca.ancine.gov.br/sites/default/files/repositorio/pdf/2102_0.pdf. Acesso em: 14 maio 2020.
EMBAÚBA FILMES. SOBRE A EMBAÚBA. Disponível em: . Acesso em: 25 ago. 2019.
SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS. Estudo de Inteligência de Mercado Audiovisual. 2015. Disponível em: . Acesso em: 24 ago. 2019.