Trabalhos Aprovados 2021

Ficha do Proponente

Proponente

    Fernanda Ianoski Ferro (UNESPAR)

Minicurrículo

    Mestranda em Cinema e Artes do Vídeo, pelo Programa de Pós-Graduação em Cinema e Artes do Vídeo (PPG-CINEAV) da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR) – Campus de Curitiba II/Faculdade de Artes do Paraná (FAP): Linha de pesquisa (1): Teorias e Discursos no Cinema e nas Artes do Vídeo. Membro do Grupo de Pesquisa Eikos: imagem e experiência estética (UNESPAR/PPG-CINEAV/CNPq). Graduada em Artes Plásticas pela UFPR (2011) e professora de Arte na SEED-PR. E-mail: fernanda_f77@hotmail.com.

Ficha do Trabalho

Título

    O conceito de realidade criativa nas obras da cineasta Maya Deren

Resumo

    A pesquisa busca trazer o conceito de realidade criativa presente no pensamento da cineasta experimental Maya Deren. Para a análise de seus filmes e textos faço uso da Teoria de Cineastas, que pretende trazer o pensamento dos cineastas ao centro dos debates sobre cinema, e, como Deren apresenta um extenso material teórico sobre conceitos cinematográficos e seu próprio processo criativo – além de seus filmes – a Teoria de Cineastas faz-se pertinente nessa abordagem.

Resumo expandido

    A presente pesquisa busca refletir sobre o pensamento e o uso da realidade criativa nas obras, tanto teórica como fílmicas, da artista Maya Deren. Nascida Eleonora Derenkowskaia, em 1917, em Kiev (antiga URSS), Maya Deren transitou entre várias atividades profissionais: foi escritora, teórica, fotógrafa, dançarina, militante política, e, também, e mais reconhecidamente, cineasta. Ao longo de sua breve vida, escreveu mais de vinte textos teóricos, abordando os aspectos gerais da linguagem cinematográfica e seu próprio processo criativo. Dentre os conceitos abordados por Deren, destaque-se o uso de uma realidade criativa, tanto nas apresentações textuais quanto nos seus próprios filmes. O corpus dessa pesquisa, em desenvolvimento no Mestrado Acadêmico em Cinema e Artes do Vídeo (PPG-CINEAV, UNESPAR), são os dois primeiros curta metragens da cineasta: Meshes of the Afternoon (1943) e At Land (1944), além dos conceitos sobre realidade e criatividade, presentes na maioria dos seus textos, compilados por Carolina Martínez no livro El universo dereniano: textos fundamentales de la cineasta Maya Deren (2015). Para trazer o pensamento dereniano ao cerne dessa pesquisa, parto da abordagem metodológica da Teoria de Cineastas, que busca trazer o pensamento dos cineastas ao centro das discussões sobre cinema, e para isso, parte-se de suas fontes primárias: textos, entrevistas, roteiros etc., bem como suas obras audiovisuais. Dentro dessa abordagem, trago textos de autoria de Manuela Penafria, Eduardo Baggio e Bruno Leites – entre outros – atuantes na SOCINE – Sociedade Brasileira de Pesquisa em Cinema e Audiovisual, com o Seminário Temático Teoria de Cineastas, desde 2016. Mostrou-se evidente, ao longo da trajetória de pesquisa, que Deren mantém-se constante em relação aos conceitos que ela propõe sobre cinema, reafirmando-os a cada novo texto. Para ela, o cinema deve afastar-se de outras formas artistas há muito definidas (como a pintura, o teatro e a literatura) e explorar os recursos próprios do seu meio. Sobre a realidade criativa, configura-se, para Deren, em uma forma de cinema que busca não a representação do mundo, mas a sua transformação através de elementos próprios ao meio cinematográfico, como a montagem, que assume um papel de grande relevância em suas obras. Nos filmes derenianos fica evidente uma luta pela dissolução das linhas temporais de uma narrativa clássica, trazendo ao ecrã uma abordagem criativa, onde os espaços estão fora de uma ordem lógica – como em At Land, onde a protagonista está na praia, logo depois entra em um espaço fechado de reuniões e novamente volta-se à praia: uma geografia impossível, mas que mostra uma característica própria do cinema: ligar espaços e planos aparentemente desconexos da realidade. Outro ponto importante no pensamento e nas obras de Deren é o princípio fotográfico: a cineasta não busca imagens abstratas ou puramente plásticas, mas parte sempre da referência do real, o que, para ela, é primordial no cinema. A partir dessa captura do real é que ela pretende transformá-la em uma realidade criativa, subvertendo a sua ordem natural.

Bibliografia

    At Land. Direção: Maya Deren. Estados Unidos, 1944. PB, 15 min.
    AUMONT, Jacques. As teorias dos cineastas. Campinas: Papirus, 2004.
    AUMONT, Jacques. Pode um filme ser um ato de teoria?. Educação & Realidade, UFRGS, Rio Grande do Sul, v. 33, p. 21–34, n. 1, 2008.
    CUNHA, Tito Cardoso e. Teoria dos Cineastas versus Teoria de Autor. In Revisitar a Teoria do Cinema: Teoria dos Cineastas v. 3. (Manuela Penafria; Eduardo Baggio; André Graça; Denize Araújo – editores). Covilhã: Editora LabCom.IFP, 2017, p. 15 – 27.
    El Universo Dereniano / Maya Deren; traducción Carolina López – Cuenca: Universidad de Castilla, 2015.
    GRAÇA, André Rui; BAGGIO, Eduardo Tulio; PENAFRIA, Manuela. Teoria dos Cineastas: uma abordagem para a teoria do cinema. Revista Científica/FAP, Curitiba, v. 12, p. 19-32, 2015. Disponível em: . Acesso em: 02/07/2020.
    Meshes of the Afternoon. Direção: Maya Deren. Estados Unidos, 1943. PB, 14 min.