Ficha do Proponente
Proponente
- Tiago Bravo Pinheiro de Freitas Quintes (UFF)
Minicurrículo
- Produtor e diretor de documentários independentes;
Bacharel em Cinema – Universidade Estácio de Sá;
Especialista em Artes Visuais: Cultura e Criação – SENAC RJ;
Servidor Federal no cargo de Técnico em Audiovisual, lotado na Diretoria de Comunicação da Reitoria do Instituto Federal Fluminense, em Campos dos Goytacazes (RJ);
Coordenador do projeto de ensino Cinema: Arte e Tecnologia, no Instituto Federal Fluminense – Campus Macaé (2015 a 2017);
Mestrando em Cinema e Audiovisual – PPGCine UFF.
Ficha do Trabalho
Título
- Exibições ambulantes de 1897 a 1905 em Campos dos Goytacazes (RJ)
Seminário
- Exibição cinematográfica, espectatorialidades e artes da projeção no Brasil
Resumo
- Com base em resultados obtidos com o projeto “Exibidores ambulantes no Brasil”, que busca traçar a rota dos primeiros exibidores no país, a pesquisa tem como objetivo estudar as práticas e rotas dos primeiros tempos de exibição, tratando especificamente do caso de Campos dos Goytacazes (RJ). Para tal, soma-se à pesquisa a análise das fontes de periódicos locais relacionadas com as ideias de teóricos da “nova história do cinema” sobre as exibições cinematográficas daqueles primeiros anos.
Resumo expandido
- O projeto “Exibidores ambulantes no Brasil”, desenvolvido sob coordenação do professor e pesquisador Rafael de Luna Freire e com a presença de estudantes e pesquisadores independentes, possibilitou o traçado da rota de variados “ambulantes” dos primeiros anos de existência da exibição cinematográfica no país. A esses exibidores seguimos chamando de ambulantes, como em Leite (2011), porque trabalhavam de forma itinerante numa época em que ainda não haviam salas especializadas para a exibição de filmes. A partir de trabalhos anteriormente publicados como Gonzaga (1996), Trusz (2010), Souza (2016), Leite (2011), Freire (2012), entre outros, somadas as informações coletadas diretamente de periódicos sobre as exibições em Campos dos Goytacazes, montou-se uma tabela de dados na plataforma Airtable que possibilitou a análise de forma conjunta dos espetáculos de exibição de imagens em movimento, seus empresários e exibidores, locais, temporadas e rotas. A tabela, que até o momento (abril de 2021) possui 671 inscrições de eventos de exibição ambulante, facilita a visualização e o cruzamento destes dados pois apresenta as informações em colunas separadas pelo nome da companhia ou empresário, cidade, nome do aparelho, tipo do aparelho (se de vista animada ou fixa) e ainda colunas para local de exibição, data da temporada e observações da imprensa. Com todas estas informações coletadas e cruzadas fica mais evidente a análise dos padrões de cada exibidor e também fica possível levantar mais questões sobre as especificidades de cada temporada de exibição do cinematógrafo em cada cidade específica. A ideia da presente pesquisa é utilizar a metodologia do cruzamento de dados a partir da tabela montada para a análise das ocorrências de exibições ambulantes na cidade de Campos dos Goytacazes. Mesmo em um momento de escassez de acesso a fontes físicas, foram encontradas ocorrências de possíveis exibições ambulantes em Campos entre os anos de 1897 e 1905, principalmente nos jornais Monitor Campista e Gazeta do Povo. Nomes conhecidos na historiografia da exibição brasileira como Paschoal Segreto, o casal Germano Alves e Apolônia Pinto, e o ilusionista H. Kaurt tiveram passagens pela cidade de Campos neste período. A partir da base de dados dos “Exibidores ambulantes no Brasil” surgiu a possibilidade de traçar as rotas e entender melhor o percurso feito por estes exibidores e o resultado se dá no presente trabalho. De onde vieram e para qual região do país se encaminharam estes exibidores? Quem eram estes empresários? Quais eram os aparelhos e o tipo de local escolhido? Quais eram as formas de publicidade destes espetáculos? Quais eram suas práticas de exibição? Busca-se tratar especificamente destas questões como forma de contribuir no entendimento sobre a exibição cinematográfica brasileira. Para a análise a pesquisa toma por base teórica o conceito de que os períodos e mudanças no cinema precisam ser vistos sob a “ótica da crise” (ALTMAN, 1996). O autor Rick Altman torna evidente que para fazer uma análise histórica do cinema há que partir da crise, observar na crise o modelo pelo qual todo o sistema deve ser compreendido e não tratar a crise como caso isolado à espera do restabelecimento da “situação normal”. A ideia de “cinema de atrações”, que assim define aquele período dos filmes feitos e exibidos por volta de 1895 a 1906 (GUNNING, 1990), também é muito útil para a compreensão e análise destes dados obtidos sobre as exibições campistas. Ainda na mesma linha de pensamento, Allen (1990) defende que estudos têm sugerido uma variedade nas práticas na exibição nas duas primeiras décadas de exploração comercial dos filmes. E, como comparação, pela proximidade de Campos dos Goytacazes com a então capital federal Rio de Janeiro, foram levadas em conta as ideias levantadas por Gonzaga (1996) sobre a relação da exibição cinematográfica carioca com outros tipos de negócios e diversões populares.
Bibliografia
- ALTMAN, Rick. Otra forma de pensar la historia [del cine]. Archivos de la Filmoteca; Valencia 22, Fev 1996
ALLEN, Robert. From exhibition to reception. Screen, Volume 31, 4, inverno de 1990
GUNNING, Tom. “The cinema of attractions: Early film, its spectator and the Avant-Garde” In: “Early cinema: space, frame, narrative”, Ed. Thomas Elsaesser, 1990
GONZAGA, Alice. Palácios e Poeiras: 100 anos de cinemas no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Record: FUNARTE, 1996
FREIRE, Rafael de Luna. Cinematographo em Nictheroy: história das salas de cinema de Niterói. Niterói Livros, 2012
LEITE, Ary Bezerra. Memória do Cinema: Os ambulantes no Brasil. Cinema itinerante no Brasil, 1895-1914. Fortaleza: Premius Editora, 2011
SOUZA, J. I. de. Salas de cinema e história urbana de São Paulo (1895-1930. São Paulo: Editora Senac SP, 2016
TRUSZ, Alice Dubina. Entre Lanternas Magicas e Cinematógrafos: as origens do espetáculo cinematográfico em Porto Alegre 1861-1908. Terceiro nome / Iniciativa Cultural, 2010