Trabalhos Aprovados 2019

Ficha do Proponente

Proponente

    Deisimer Gorczevski (UFC)

Minicurrículo

    Professora e pesquisadora no Programa de Pós-Graduação em Artes, na Universidade Federal do Ceará. Doutorado em Ciências da Comunicação pela Unisinos, e doutorado-sanduíche em Comunicação Audiovisual na Universitat Autònoma de Barcelona, Espanha. Coordena o Laboratório Artes e Micropolíticas Urbanas – LAMUR.

Ficha do Trabalho

Título

    Cinema In(ter)venção com as ruas, praças e o farol, em Fortaleza

Resumo

    Ao acompanhar processos inventivos entre o pesquisar e intervir e a experiência estética e política do encontro com moradores, no bairro Serviluz, interessou analisar as ações do Cine Ser Ver Luz e os modos de ocupar as ruas, praças, o Farol do Mucuripe e as associações, cartografando as intervenções audiovisuais que problematizam as relações entre arte e vida cotidiana e as constantes ameaças das políticas de remoção, nessa região de Zona Especial de Interesse Social – ZEIS, em Fortaleza (CE).

Resumo expandido

    O estudo analisa as intervenções sonoras, visuais e audiovisuais que acontecem com as ruas, praças e o farol do Mucuripe, entre outros espaços comuns, no bairro Serviluz, em Fortaleza, na perspectiva de ampliar às escutas e analises de como os moradores vivem, convivem e resistem ao descaso do poder público e às constantes ameaças das políticas de remoção, em regiões de Zona Especial de Interesse Social ZEIS, na cidade de Fortaleza.
    O Coletivo AudioVisual do Titanzinho (CAT), vem se constituindo no encontro com moradores| artistas |pesquisadores| estudantes realizando intervenções audiovisuais, sessõees de filmes, mostras, oficinas e debates, ou seja, um conjunto de ações que visam encontrar meios para a produção audiovisual local, entendendo-a como possibilidade de inventar outros modos de visibilizar o bairro e seus moradores, considerando a promoção da expressão artística de suas singularidades.
    Entre as ações do Coletivo, destacamos a experiência com a realização das Mostras AudioVisuais do Titanzinho, que acontecem anualmente, desde 2011 e as sessões temáticas do Cine Ser Ver Luz com periodicidade mensal, desde 2014. As propostas aproximam os moradores do bairro que, a cada sessão, são convidados ao encontro com uma série de produções audiovisuais. São filmes de curta metragem escolhidos por uma curadoria formada por integrantes do Coletivo e colaboradores.
    As primeiras sessões com os temas: Memória; Direito à Cidade; MarIntimidade; Afeto e Amizade; Juventudes; Arte e Intervenção Urbana; Democracia e Diversidade; Comunicação e Tecnologias; Arte e Natureza; Cinema e Audiovisual; e Interior foram realizadas, entre 2015 e 2016 e com esse processo observamos a forte participação das crianças instigando o Coletivo a propor um conjunto de sessões denominadas Peixinho, com uma programação de filmes de curta metragem, voltada ao público infantil, no final de 2017 e inicio de 2019.
    A participação dos moradores, bem como o envolvimento com as Mostras Audiovisuais e as sessões do Cineclube, evidenciam a demanda e o desejo por espaços de encontro com a arte cinematográfica. Experiências de fruição que, ao proporem modos singulares de exibição audiovisual, ampliam as expressões do sensível, trazendo à tona problemas e potencialidades afirmando o lugar de moradia, os espaços de participação comunitária e a produção audiovisual como política ativa que fortalece a relação entre a experiência ética e estética na construção do conhecimento e nos modos de estar junto inventando realidades.
    Além das intervenções Luzes do Farol, Vendo Mar e Farol OcupAções que espalham gestos luminosos, tornando visíveis espaços pouco conhecidos, entre eles o Farol do Mucuripe e a Praia das Pedrinhas, no Serviluz, e prédios abandonados, no Vicente Pinzón, chamou a atenção a presença do Servilost, um coletivo que faz caminho ao perder-se com a esquina de Fortaleza; um movimento que mobiliza o bairro a limpar, cuidar e ocupar o Farol do Mucuripe, patrimônio histórico em estado de abandono e descaso do poder público.
    Experimentações que desacomodam e provocam deslocamentos de lugares pressupostos, trazendo à tona questões e propostas às políticas públicas e governamentais ao afirmar o exercício estético como ato político e social.

Bibliografia

    ARAUJO LIMA, Érico. Transbordar o cinema: anotações sobre imagem, ficcção e praticas moradoras. Revista Vazantes. v.1.numero 2. 2017.
    DELEUZE, Gilles. Crítica e clínica. São Paulo: Ed. 34, 1997
    ______. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia. v.1. Tradução de Aurélio Guerra Neto e Celia Pinto Costa. São Paulo: Ed. 34. 1995.
    GORCZEVSKI, Deisimer, SANTOS, Nair. Cartografia Audiovisual e o vídeo como dispositivo de Pesquisa-Intervenção. In. GORCZEVSKI, Deisimer (Org). Arte que inventa afetos. Fortaleza: Imprensa Universitária – UFC, 2015. 376 p. (Estudos da pós-graduação). Disponível em: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/15857 Acesso em 20.11.2018.
    MIGLIORIN, Cezar. Inevitavelmente cinema: educacao, politica e mafua. Rio de Janeiro:
    Azougue Editorial, 2015.