Ficha do Proponente
Proponente
- MILENA SZAFIR (ufce)
Minicurrículo
- Premiada em Arte e Tecnologia pelo conjunto de sua obra (10 Anos de Carreira, Instituto Sérgio Motta, 2011). Possui formação em Cinema, Arquitetura e Urbanismo (com ênfase em design, fotografia e vídeo; USP 1997-2015) – e Processamento de Dados (ETESP/FATEC 1992-94). Capacitada através de estudos em educação não-formal e vivências como trabalhadora em Kibutzim (Israel, 1995). Atualmente é professora da Pós Graduação em Artes e do Instituto de Cultura e Arte na Universidade Federal do Ceará.
Ficha do Trabalho
Título
- Estéticas da Montagem nas Artes Audiovisuais: Movimentos Centrípetos
Seminário
- Montagem Audiovisual: reflexões e experiências
Resumo
- Quais as caracteristicas estéticas da memória como banco de dados quando compreendidas através do âmbito da montagem na transdisciplinaridade artística?
Retornaremos, portanto, a alguns pontos de minha tese de doutorado (2011-2015) – continuidade orgânica do TCC “ComunicaCidade […]” (2003) e da dissertação “Retóricas Audiovisuais […]” (2010), pesquisas e realizações desenvolvidas/ defendidas na contramão explícita daqueles (hoje inexistentes) áureos tempos da Universidade de São Paulo (USP)
Resumo expandido
- Nesse início do século XXI urge a pauta pela conservacao – tanto ecológico-ambiental quanto daquilo que foi criado pelas capacidades humanas (em plural). Não apenas a conservação de um passado comumente requerido, mas buscamos também o entendimento do que significa a preservacao da (nossa) memoria recente de um hoje cada vez mais ausente, que nos escapa ao cair da noite ou ao iniciar de cada dia.
Tomando por base de como o saber (o discurso) é construído na civilização, devemos compreender como a memória não é objetiva e, portanto, se transforma entre a subjetividade individual, afetiva e coletiva. Ao se transformar – tornando-se, ao mesmo tempo, efêmera e perene –, a memória passa a ser um ente vivo dentre nós.
No âmbito da montagem, nessa virada de século vislumbramos – internacionalmente – o papel da mulher nas artes cinematográficas; e.g. Esther Schub (contemporânea e conterrânea de Dziga Vertov e Sergei Eisenstein). O mergulho nesses gestos (i)memoriais da montagem e de suas montadoras requer, por exemplo, discussões esteticas – “como usar, recriar e ressignificar imagens de arquivo?” – e, no caso de pedagogias nas estéticas da memória do século 21, acarretam já as demandas pontuais entre princípios metodológicos desde distintas (i)materialidades áudio/visuais: entre o analógico, eletrônico e o digital.
Gostaria de debater, nessa minha apresentação de final da segunda década do século XXI, os distintos caminhos estéticos da montagem audiovisual em obras de arte calcadas em diferentes dispositivos. Em comum, tais procedimentos de montagem – e as formas a esses atreladas – baseiam-se nas lógicas do banco de dados: arquivos a serem reacessados e retrabalhados constantemente (entre a retórica mnemônica, a biblioteca computacional e as sobrepostas camadas da trucagem).
Por se tratar de debates transdisciplinares, tentarei responder a uma questão pontual – talvez bastante técnico-política-cultural – a que tenho sido bombardeada incessantemente nos últimos anos: “para além dessas experimentações pedagógicas, onde você já publicou sobre?” Dessa maneira, nos debruçaremos a tentar registrar algumas de nossas explanações periodicamente compartilhadas e seus autores referentes:
1. o conceito de “banco-de-dados” nas estéticas das artes audiovisuais;
2. os modus operandi e as estéticas da montagem – entre intervalos e ritmos;
3. metodologias de ensino/aprendizagem na cultura audiovisual;
4. pedagogias do audiovisual na cultura digital;
5. poéticas do design em movimento (tipografias cinéticas, motion graphics e VFx);
6. espetáculo, vigilância e controle para além da ficção científica;
7. engramatizações – as estéticas da memória como manifestos no século 21.
Enfim: propomos debater a montagem como sendo o estado-da-arte das pesquisas em Artes em sua pluralidade de formas. Partiremos de nossa tese sobre algumas caracteristicas estéticas da memória como banco de dados quando compreendidas através do âmbito da montagem na transdisciplinaridade artística. Para tanto, retornaremos a alguns pontos seminais à construção da imagem e do som na consistência da afecção – através de um heterogêneo corpus teórico, técnicas e estéticas – como estamos a percorrer entre a tese de doutorado – “Retóricas Audiovisuais 2.1 -Ensino e Aprendizagem Compartilhada: Passado, Presente, Futuro ou Por uma Arqueologia-Cartografia da Montagem” (2011-2015), a dissertação de mestrado “Retóricas Audiovisuais e o filme Tropa de Elite na Cultura em Rede” (2010) e o trabalho de conclusão de curso na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo “ComunicaCidade: a educação através da arte-comunicação – design gráfico, vídeo digital, vj’ing e game” (2003).
Apresentaremos um repertório estilístico do Renascimento que acreditamos constituir-se como embasamento às imagens em fulldome (experimentações em planetários) e/ou realidade virtual atrelados a sons interativos que se desenham desde lógicas entre a memória científica grega que recebemos como poética e retórica etc.
Bibliografia
- BENJAMIN, Walter. Obras Escolhidas. Brasiliense: São Paulo, 1993. 165-196.
________. Passagens. São Paulo: Imprensa Oficial, 2007. 499-530.
BUCHLOH, Benjamin. “Gerhard Richter’s Atlas: The Anomic Archive” [1993]. In: MEREWETHER, Charles. The Archive: Documents of Contemporary Art. Cambridge: MIT Press, 2006. 85-102.
EISENSTEIN, Sergei. “Montagem de Atrações”. In: XAVIER, Ismail. (org.) A Experiência do Cinema: antologia. Rio de Janeiro: Edições Graal-E
MICHELSON, Annette (ed.). Kino-Eye: The Writings of Dziga Vertov. Los Angeles: University of California Press, 1984.