Trabalhos Aprovados 2019

Ficha do Proponente

Proponente

    Luiz Garcia Vieira Junior (UFF)

Minicurrículo

    Doutor e mestre em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense/UFF, estágio doutoral na Sorbonne Nouvelle – Paris 3 (bolsa CAPES). Filiado ao KUMã – Laboratório de Pesquisa e Experimentação em Imagem e Som/UFF, onde atua no projeto “Inventar com a Diferença”. Pesquisa atualmente cinema experimental e suas conexões. Co-idealizador da plataforma RISCO Cinema, dedicada à difusão e estudo do cinema experimental, onde é organizador e curador. Atua em formação audiovisual e como design gráfico.

Ficha do Trabalho

Título

    Primeiras janelas da animação experimental no Brasil

Resumo

    A comunicação cartografa as primeiras explorações da animação experimental brasileira a partir do encontro entre Norman McLaren e Roberto Miller. Firmou-se daí uma parceria decisiva para a animação brasileira. Paralelamente, nos anos 1960-70, outras tentativas de trabalhar o experimental são percebidas. O Centro Experimental de Cinema em Ribeirão Preto, o Centro de Estudos de Cinema de Animação (EBA/UFRJ), posteriormente Grupo Fotograma; os superoitistas da UERJ (RJ) e os Irmãos Wagner (PR).

Resumo expandido

    A animação experimental no Brasil, iniciada tardiamente quando comparada a outros países, manteve-se pontual e por vezes subterrâneas. Mas demonstrou, já em seu início, mais um exemplo de abertura à pesquisa cinematográfica. O intuito da comunicação é cartografar, em linhas gerais, os agentes e os modos de produção das primeiras fases dessa história, associando-os às obras referenciais que foram localizadas. Outra consideração que deve ser assinalada, é que devido às próprias características dessas realizações, muito já se foi perdido em termos do material fílmico em si, bem como das informações que contam as histórias desses filmes e de seus modos de produção. Como muito da história do cinema no Brasil, os dados, quando registrados, encontram-se dispersos, necessitando pesquisa e sistematização.
    O período de tempo abordado vai dos anos 1950 aos 1980. Nesse período será marcante a influência do National Film Board of Canada no desenvolvimento do campo da animação no Brasil. Tudo começa quando Roberto Miller toma contato com os filmes e com o diretor Norman McLaren, durante a mostra de sua obra realizada no Festival de Cinema de São Paulo, em 1954. Oportunidade que leva Miller a estagiar, a convite de McLaren, no NFB. A influencia será decisiva, tornado Miller o pioneiro da animação experimental no Brasil, e levando-o a constituir uma obra com dezenas de filmes entre os anos 1950 e 2001: animações experimentais, publicidade, vinhetas e animação para televisão. Trabalhou na TV Tupi, Bandeirantes e Cultura. Essa atuação também desencadeou influências em outros circuitos. Ainda em 1960 foi consultor do Centro Experimental de Cinema em Ribeirão Preto, fundado por Bassano Vaccarini e Rubens Francisco Lucchetti, ligado à Escola de Belas Artes da cidade, a primeira entidade organizada no Brasil cujo objetivo era a produção de filmes de arte, com destaque para a animação experimental.
    No Rio de Janeiro, no final dos anos 1960, destaca-se o Centro de Estudos de Cinema de Animação (CECA) criado por estudantes da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro; e sua continuidade, o Grupo Fotograma, composto por Rui e João de Oliveira, Pedro Ernesto Stilpen (Stil), Carlos Alberto Pacheco e Antônio Moreno. Foram ainda responsáveis por um programa sobre animação no Canal 9 do Rio de Janeiro e organizaram mostras internacionais e sessões no Museu de Arte Moderna (MAM).
    Durante os anos 1970, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, formou-se um grupo de superoitistas, que em meio às suas produções e atividades de cineclubismo, realizaram algumas animações experimentais. Em meados da mesma década, em Curitiba, os Irmãos Wagner (Elizabeth, Helmuth Jr., Ingrid e Rosane) começaram a elaborar uma obra com a animação experimental a partir do Super-8, e posteriormente, nas bitolas 16 mm e 35 mm. Seus filmes usam diferentes técnicas e procedimentos, além da animação, é recorrente a colagem, seja de recortes de jornais, trechos de filmes ou televisão.
    Nos anos 1980 uma nova fase com o Núcleo de Animação do CTAv, a partir de um acordo entre Brasil e Canadá, ajudando a reconfigurar a animação brasileira de maneira mais ampla, como também a abrindo novas possibilidades para sua vertente mais experimental.

Bibliografia

    BENDAZZI, Giannalberto. Animation: Volume II: The Birth of a Style – The Three Markets. London: Taylor and Francis, 2015.
    Boletim do Festival do Cinema de Animação. Centro Experimental de Cinema da Escola de Belas Artes de Ribeirão Preto. Museu de Arte Moderna de São Paulo, 1962.
    BUCCINI, Marcos. Breve panorama dos núcleos de animação no Brasil. (In) CARNEIRO, Gabriel; SILVA, Paulo Henrique. Animação brasileira: 100 filmes essenciais. Belo Horizonte: Letramento, 2018.
    GARCIA, Luiz; MIRANDA, Cristiana; MURARI, Lucas. Feitiçarias, químicas e bytes: Janelas da Animação experimental no Brasil. (In) CARNEIRO, Gabriel; SILVA, Paulo Henrique. Animação brasileira: 100 filmes essenciais. Belo Horizonte: Letramento, 2018.
    MAIA, Roberto. Roberto Miller, o átomo brincalhão. (In) Hambre – espacio cine experimental. Nov, 2014 , pp.19-24.
    MORENO, Antônio. A Experiência Brasileira no Cinema de Animação. Rio de Janeiro: ArteNova/Embrafilme, 1978.