Ficha do Proponente
Proponente
- Michel Schettert (UFRJ)
Minicurrículo
- Atua na área de audiovisual. Durante o mestrado, desenvolveu uma disciplina acadêmica sobre ritmo cinematográfico baseada nas relações entre imagem e corpo. Durante a graduação, teve bolsas PIBIC e Ciência Sem Fronteiras, tendo estudado na UFRJ (Comunicação-RTV), UFRGS (Comunicação-P&P) e Université Lille III (Études Cinématographiques), na qual iniciou seus estudos em dança contemporânea. Pesquisa Videodança desde 2014, tendo exibido trabalhos em festivais dentro e fora do Brasil.
Ficha do Trabalho
Título
- Videodança: o sonho do cinema pulsante
Resumo
- A partir da definição de Glauber Rocha sobre cinema, “uma ideia na cabeça e uma câmera na mão”, a pesquisa apresenta um modo de agenciamento coreográfico para a câmera, envolvendo os conceitos de ritmo sob a perspectiva do corpo.
Resumo expandido
- O ato de filmar em meio ao acaso provoca uma série de questionamentos que se somam à definição de cinema formulada por Glauber Rocha. A pergunta que inaugurou a presente pesquisa foi: Como editar vídeos gravados a partir de uma ideia na cabeça e uma câmera na mão? Em busca de respostas, a dança expressou em sua essência criativa algumas mensagens positivas para o problema citado. Através da palavra-chave “videodança”, teve início o acesso a uma bibliografia básica que permitiu o aprofundamento da relação entre cinema e dança, revelando assim outros aspectos dessa investigação.
O texto da pesquisadora australiana Karen Pearlman, “A Edição como Coreografia”, explica que o trabalho de um coreógrafo é análogo ao de um editor, pois ambos trabalham o ritmo da imagem, moldando frases de movimento e manipulando pulsos em transições. Porém, o problema do ritmo na montagem não começa na ilha de edição, pois as tomadas “já estão impregnadas de tempo”, como bem ressalta Andrei Tarkovski em “Esculpir o Tempo”. Sendo a edição uma etapa posterior à captação de imagens, o texto da australiana acaba contribuindo para se pensar o ritmo dentro do trabalho criativo de um diretor de cinema.
Consequentemente, explora-se o processo criativo tanto da mise-en-scène quanto da coreografia, que tratam, respectivamente, da movimentação dos elementos à frente e detrás da câmera. Porém, diferentemente dos manuais de cinema estrangeiros, que abordam a coreografia sob um aspecto mecanicista, tal como aparece em “Film Directing Shot by Shot”, de Steven Katz, esta pesquisa coloca a coreografia em função da câmera na mão, ou seja, seguindo a premissa de Glauber Rocha que incorpora acaso e improvisação.
Portanto, apresenta-se aqui um método para que o diretor escreva as instruções de movimento de câmera na mão, algo que supostamente resultará no agenciamento do aqui chamado “cinegrafista-dançarino”.
O percurso da pesquisa, cujo sumário se enumera abaixo, culmina na proposta de uma disciplina acadêmica sobre ritmo cinematográfico, a qual prevê o uso de dinâmicas em sala de aula, bem como a transmissão de repertório sobre ritmo na imagem.
1- Ritmo: apontamentos etimológicos, críticos e culturais
2- A câmera no meio do encontro entre cinema a dança
3- Estilo como questão de atitude
4- Coreografia na direção cinematográfica
5- Dib Lutfi: a intuição de um cinegrafista-dançarino
6- Ritmo cinematográfico: proposta de disciplina
Bibliografia
- BARTHES, Roland. Como Viver Junto. São Paulo: Martins Fontes, 2013.
BAZIN, André. O que é o cinema?. São Paulo: Ubu Editora, 2018.
BENVENISTE, Émile. Problème de linguistique générale, 1. Paris: Gallimard, 1966.
CALDAS, Paulo (org.). Dança em foco: Ensaios Contemporâneos de Videodança. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2012.
COSTA, Flavia Cesarino. O primeiro cinema. Rio de Janeiro: Azougue, 2005.
DELEUZE, Gilles. Cinéma 1. Paris: Les Éditions de Minuit, 1983.
GIL, José. Movimento total. São Paulo: Iluminuras, 2005.
GUIDO, Laurent. L’Âge du Rythme. Paris: Payot Lausanne, 2007.
LABAN, Rudolf. Domínio do movimento. São Paulo: Summus, 1978.
LEPECKI, André. Exaurir a dança. São Paulo: Annablume, 2017.
MITRY, Jean. Esthétique et psychologie du cinéma. Paris: Éditions Universitaires, 1963.
PEARLMAN, Karen. Cutting rhythms. Malden: Focal Press, 2009.
SGANZERLA, Rogerio. Textos críticos 1. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2010.
TARKOVSKI, Andrei. Esculpir o tempo. São Paulo: Martins Fontes, 2010.