Ficha do Proponente
Proponente
- VINICIOS KABRAL RIBEIRO (UFRJ)
Minicurrículo
- Professor do Departamento de História e Teoria da Artes, da Escola de Belas Artes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Líder do grupo de pesquisa “Formas de Habitar o Presente”.
Ficha do Trabalho
Título
- Falando de amor com Cristiano, Riobaldo, Diadorim e Camilo
Seminário
- Cinemas pós-coloniais e periféricos
Resumo
- Esta é uma conversa de amor com Cristiano, Riobaldo, Diadorim e Camilo, endereçada à artista/profetisa Ventura Profana. É com eles e ela que vou falar de sentimentos e da vida. Dos modos e meios que nos colocamos no mundo, nos percebemos nele e nos letramos nas gramáticas afetivas disponíveis.
É um exercício especulativo com as imagens e palavrarias. Um olhar amoroso para o cotidiano e as narrativas que lançamos mão para desenhar o itinerário da nossa travessia.
Resumo expandido
- Esta é uma conversa de amor com Cristiano, Riobaldo, Diadorim e Camilo, endereçada à artista/profetisa Ventura Profana. É com eles que vou falar de sentimentos e da vida. Dos modos e meios que nos colocamos no mundo, nos percebemos nele e nos letramos nas gramáticas afetivas disponíveis.
É um exercício especulativo com as imagens e palavrarias. Um olhar amoroso para o cotidiano e as narrativas que lançamos mão para desenhar o itinerário da nossa travessia. É uma recusa, uma insubmissão, uma pedrada nas caravelas epistêmicas. É a busca por epistemologias amorosas.
O território se faz no fluxo entre Minas Gerais e o Rio de Janeiro. Contagem, que forma uma mancha urbana com Belo Horizonte, o primeiro olhar de Cristiano. É em Arábia (Affonso Uchôa e João Dumans, 2017) que ele nos diz que “todo mundo tem uma história”. É o desejo de futuridade partilhado com Cristiano, expandido das memórias vividas que partiremos para a conjuração e a profecia. A pulsão por vida em abundância, expressa por ele ao tocar no violão uma música dos Racionais MC’s: “quero um futuro melhor, não quero morrer assim, num necrotério qualquer, um indigente, sem nome e sem nada, o homem na estrada (Racionais MC’s, 1993).
Este escrito também é uma tentativa similar à de Cristiano, de inventar “um jeito de ficar menos sozinho”. Por isso vamos falar em amor com bell hooks (2010), Eve Sedgwick (1999) e Marina Colasanti (1984). Demoliremos as paredes invisíveis com Cherrie Moraga (1995) e falaremos em línguas, com Gloria Anzaldúa (2000), almejando possibilidades de cura dos adensamentos dolorosos da nossa existência.
A vaticinação é a fuga para pedagogias visuais afetivas, por isso vamos escutar o professor Riobaldo e suas tessituras e fabricações sobre o amor, afinal: “Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura (ROSA,) ”.
O chamado é para habitarmos as imagens do cinema, como uma tentativa de experimentarmos os tempos tristes e o fracasso. Para isso, o nosso contraponto ao ódio é o amor. E ao autoritarismo, é uma “ética da serenidade (NOGUEIRA, 2013)”.
O exercício metodológico busca na ficção e auto-ficção, os modos e maneiras que organizamos nossas emoções em textos e imagens, tornando-nos capazes de comunicá-las e vivê-las. A aposta é que a o texto literário e a imagem audiovisual nos fornecem elementos para ensinar e aprender a amar, a dar e a receber amor.
Aqui eu entendo que o amor e suas pedagogias estão negligenciados no tecido social, especialmente dentro das estruturas sexistas, racistas, trans-homo-lesbofóbicas, capacitistas e etaristas. E com Cristiano, Riobaldo e Diadorim vamos apontar para a possibilidade de outras masculinidades.
E no relato de Camilo, em “O amor dos homens avulsos (Victor Heringer, 2016)” vamos apostar na ternura como a saída para este mundo: “a ternura, mais calma que o amor e mais amável que a mera simpatia ou tolerância, é uma forma de compreender e interferir no mundo tão boa quanto qualquer outra. Ternura também é resistência (HERINGER)”.
Entre Queím, bairro ficcional no subúrbio carioca no livro de Heringer, Contagem, Ouro Preto e os sertões gerais, percorrerei esse vasto território a fim de também ficcionalizar para mim formas de habitar o presente. Abrir meu corpo para paixões alegres, morar em imagens.
Diante de tantas incertezas vivas, de ruínas, paisagens áridas, relatos de dor e violência, tentarei formular respostas para o desafio de vivermos juntos em um espaço de diferenças no agora e nas imaginações políticas de futuro. Talvez com o objetivo de perceber que os múltiplos “agoras” que vivemos, não foram fáceis ou gentis, ao contrário, foram dolorosos, mas também permeados de redes de proteção e cuidados. Vivermos em imagens de amor. Finalmente: “quando conhecemos o amor, quando amamos, é possível enxergar o passado com outros olhos; é possível transformar o presente e sonhar o futuro (hooks 2010).
Bibliografia
- ANZALDÚA. Glória. Falando em línguas: uma carta para as mulheres escritoras do terceiro mundo. https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/9880. Acesso, abril de 2019.
COLASANTI, Marina. E por falar em amor. Rio de Janeiro, Rocco, 1984.
HERINGER, Victor. O amor dos homens avulsos. São Paulo, Cia das Letras, 2016.
HOOKS, B. Vivendo de amor. In: Geledes, 2010, s/p. Disponível em: http://arquivo.geledes.org.br/areas-de-atuacao/questoes-de-genero/180-artigos-degenero/4799-vivendo-de-amor Acesso: abril de 2019.
NOGUERA, Renato. A ética da serenidade: O caminho da barca e a medida da balança na filosofia de Amen-em-ope. Ensaios filosóficos, volume VIII – Dezembro de 2013.
ROSA, Guimarães. Grande Sertão: veredas. São Paulo, Cia das Letras, 2019.
RUANO, Montserrat Borrego. Una entrevista con Cherríe Moraga. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/ejemplar/8122
Sedgwick, Eve K. A dialogue on love. Boston: Beacon Press, 1999.