Trabalhos Aprovados 2019

Ficha do Proponente

Proponente

    Vitor Ferreira Pedrassi (UFSCar)

Minicurrículo

    Graduado em Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), atualmente é mestrando no Programa de Pós-Graduação em Imagem e Som da mesma instituição. Ingressante no ano de 2018 e bolsista CAPES, realiza pesquisa sobre a produtora Sonofilms, destacando as suas relações intermidiáticas e comerciais entre cinema, rádio e indústria fonográfica sob orientação da Profª. Drª. Flavia Cesarino Costa.

Ficha do Trabalho

Título

    A produtora Sonofilms em comparação às suas contemporâneas argentinas

Seminário

    Audiovisual e América Latina: estudos estético-historiográficos comparados

Resumo

    A produtora Sonofilms, uma das principais empresas do cenário brasileiro na década de 1930 e 1940, torna-se conhecida como uma “pequena revolução dentro do cinema brasileiro” (HEFFNER; RAMOS, 1988, p. 222) graças ao seu modo de produção que a diferenciava de suas contemporâneas nacionais. A presente comunicação tem por objetivo investigar se a produtora teria se assemelhado a alguma outra empresa latino-americana da época, focando a sua análise nas produtoras argentinas de então.

Resumo expandido

    Dentro da bibliografia sobre o cinema brasileiro, é recorrente a comparação entre Alberto Byington Jr., dono da produtora Sonofilms, e seus contemporâneos Adhemar Gonzaga e Carmen Santos, que estavam à frente, respectivamente, da Cinédia e da Brasil Vita Filme, as maiores produtoras de cinema nos anos 1930 e 1940. Como aponta Heffner (2009, p. 25), “as diferenças [entre eles] podem ser auferidas em termos de escala, perfil e objetivos econômicos”. Enquanto antes de entrar para a produção de filmes, Gonzaga era um jornalista cinematográfico e Santos uma atriz, Byington era um homem de negócios ligado ao ramo da eletricidade e havia começado a trabalhar na indústria fonográfica e radiofônica há algum tempo. No comando de suas empresas, enquanto “os dois primeiros sempre expressaram um difuso idealismo que misturava arte, nacionalismo e eventualmente lucro”, Byington tinha como principal objetivo justamente o lucro, o que diferenciava o seu tipo de produção.
    Trabalhando também com um projetor cinematográfico sonoro, o Fonocinex, e tendo sua própria distribuidora, a Distribuição Nacional, Byington, através da Sonofilms, buscava uma produção em larga escala com o mínimo de investimento possível. Para isso, utilizava em seus filmes vários artistas que já estavam sob contrato com ele por meio de sua gravadora musical e suas emissoras de rádio e possuía um estúdio próprio com equipamentos modestos no mesmo local em que funcionava sua gravadora. Além disso, tinha um esquema próprio de distribuição e um sistema de lançamentos constituído por um filme-revista no carnaval e uma adaptação teatral no meio do ano, sempre voltados especificamente para o mercado. Desse modo, a Sonofilms apresentava uma produção distinta à da Cinédia e da Brasil Vita Filme, empresas que tinham maiores ambições artísticas e sociais. Essas diferenças eram tão grandes que a empresa foi chamada de “pequena revolução dentro do cinema brasileiro” por Heffner e Ramos (1988, p. 222).
    Com esse cenário produtivo tão díspar em relação às suas contemporâneas brasileiras, em que a empresa se distanciava tanto das principais concorrentes do mercado, é de se questionar se a Sonofilms seria uma experiência única também quando se pensa no cinema latino-americano em geral. Teria a Sonofilms, em seu curto período de existência (entre 1937 e 1944, com produção corrente até 1940, ano em que sofre um grande incêndio, lançando apenas outros dois filmes nos anos posteriores), se assemelhado com alguma outra produtora fora do Brasil?
    Esta comunicação, então, para responder esse questionamento, investiga as semelhanças e diferenças da Sonofilms com aquela que foi a maior indústria cinematográfica da América do Sul daquele momento, a argentina. A escolha pela produção do país se dá, pois, além dela ser a mais expressiva em termos comerciais e estéticos daquele período, Autran (2012) já apontou em estudo anterior quatro hipóteses para que a indústria daquele país tenha se desenvolvido com muito mais êxito que a produção brasileira: o papel do Estado, o uso de profissionais estrangeiros, a influência da tradição teatral e a origem profissional dos donos das produtoras.
    Em breve análise, já pode-se inferir que a produção da Sonofilms teria se assemelhado mais às produtoras argentinas em pelo menos três dos pontos, graças a uma relação diferente com o poder estatal quando comparadas com a Cinédia e a Brasil Vita Filme, a intensa relação entre os seus filmes e o teatro brasileiro e a origem profissional de Byington Jr. A partir dos estudos de autores como Maranghello (2005) e Freire (2013), além dos já citados, pretende-se aprofundar tais pontos, comparando a sua trajetória com a das principais produtoras argentinas, em especial a Argentina Sono Film, de Angel Mentasti, devido principalmente ao seu estilo de produção e à experiência profissional de seu proprietário.

Bibliografia

    AUTRAN, A. Argentina Sono Film e Cinédia: uma comparação. In: Significação: Revista de Cultura Audiovisual, v. 42, p. 15-28, 2015.
    __________. Sonhos Industriais: O Cinema de Estúdio na Argentina e no Brasil nos anos 1930. In: Revista Contracampo, nº. 25, dez de 2012. Niterói: Contracampo, 2012. p. 117-132.
    FREIRE, R. L. Da geração de eletricidade aos divertimentos elétricos: a trajetória empresarial de Alberto Byington Jr. antes da produção de filmes. In: Estudos Históricos, v. 26, jun. 2013. Rio de Janeiro: FGV, 2013. p. 113-131.
    HEFFNER, H. Aproximações a uma antiga economia do cinema. In: FREIRE, R. L.; GATTI, A. P. (Orgs.). Retomando a questão da indústria cinematográfica brasileira. Rio de Janeiro: Caixa Cultural: Tela Brasilis, 2009.
    _________; RAMOS, L. A. Edgar Brasil – Um ensaio biográfico. Rio de Janeiro: mimeo, 1988.
    MARANGHELLO, C. Industrialización: producción y consumo (1933-1945). In: Breve historia del cine argentino. Barcelona: Laertes, 2005.