Ficha do Proponente
Proponente
- Maria Kauffmann (ECA-USP)
Minicurrículo
- Formada em Audiovisual pela ECA-USP em 2017, atualmente cursa mestrado no Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais, ECA-USP. Trabalha com revisão e restauração física de matrizes em película no Laboratório de Imagem e Som da Cinemateca Brasileira desde 2016.
Ficha do Trabalho
Título
- Pistas de som feitas à mão: Sintetização sonora de Norman McLaren
Resumo
- Nesta comunicação, vou discutir a sintetização sonora por intervenção direta em película na obra de Norman McLaren partindo dos curtas-metragem “Blinkty Blank” (1955) e “Mosaic” (1965). Pretendo expor os princípios gerais dos procedimentos adotados, a partir das notas técnicas do realizador, e propor algumas interpretações da relação som-imagem nos filmes tratados.
Resumo expandido
- A pista de som ótico, em um rolo de filme em película cinematográfica, é uma estreita faixa posicionada entre os limites laterais do quadro do fotograma e as perfurações destinadas às grifas do projetor ou câmera. Nesta área, estão inscritos padrões gráficos que são a transcrição em luz do sinal elétrico de um microfone. Na cabeça de leitura de som de um projetor típico, esta parte do filme corre continuamente entre uma fonte de luz e uma estreita abertura voltada à uma célula fotoelétrica, que traduz as variações de luminosidade provocadas pelos padrões gráficos da pista novamente em sinal elétrico e, consequentemente, som.
Na primeira metade do século XX, diversos experimentos foram realizados com o objetivo de gerar pistas de som sem a necessidade de um sinal elétrico de um microfone, ou seja, sem uma fonte sonora. Chamados geralmente de “som ornamental” ou “som gráfico”, tais procedimentos de sintetização sonora através da manipulação dos padrões gráficos das pistas de som eram experiências muito pontuais e restritas ao âmbito dos laboratórios.
Um dos primeiros cineastas a sintetizar a trilha de seus filmes foi o escocês-canadense Norman McLaren (1914-87), conhecido por suas animações a partir de intervenção direta na película, ou cameraless animation (“animação sem câmera”). McLaren, que foi durante quase quatro décadas uma figura-chave do departamento de animação do National Film Board do Canadá, deixou extensa bibliografia de notas técnicas referentes à feitura de grande parte de seus filmes.
Por meio deste material, podemos investigar o desenvolvimento de diversas técnicas não-convencionais de realização, procedimentos de laboratório fotoquímico e experiências de sonorização, tanto a partir de trilhas pré-gravadas ou compostas a posteriori quanto seus procedimentos de som sintético. McLaren, ao longo de sua carreira, desenvolveu duas técnicas distintas de sintetização sonora: a intervenção direta e o “Som animado”, a partir de cartelas de timbres.
Nesta comunicação, vou discutir a sintetização sonora por intervenção direta em película na obra de Norman McLaren partindo dos curtas-metragem “Blinkty Blank” (1955) e “Mosaic” (1965). No primeiro, temos as pontuações do som sintético mixadas junto com a trilha musical, gravada com instrumentos convencionais; enquanto no segundo, filme abstrato que pertence à fase mais madura do diretor, a trilha puramente sintetizada opera no limiar entre música e ruído. Pretendo expor os princípios gerais dos procedimentos adotados, a partir das notas técnicas do realizador, e propor algumas interpretações da relação som-imagem nos filmes tratados.
Bibliografia
- CHION, Michel. Audio-Vision. Nova York: Columbia University Press, 1994.
DOBSON, Terence. The Film-work of Norman McLaren. Bloomington: Indiana University Press, 2006.
MCLAREN, Norman. Notes on Animated Sound. The Quarterly of Film Radio and Television, Vol. 7, No. 3, pp. 223- 229, University of California Press, 1953.
MCLAREN, Norman. Handmade Soundtrack for Beginners. TECHNICAL NOTES by Norman McLaren (1933-1984), National Film Board of Canada, 2006. Disponível em: Acesso em: 2019-04-19
MOLLAGHAN, Aimee. ‘“An Experiment in Pure Design”: The Minimalist Aesthetic in the Line Films of Norman McLaren,’ Animation Studies, Vol. 6, 2011. Disponível em: Acesso em: 2019-04-19
RUSSETT, Robert; STARR, Cecile (org.). Experimental Animation: An Illustrated Anthology. Nova York: Van Nostrand, 1976.