Ficha do Proponente
Proponente
- Pedro Urano de Carvalho (UFRJ)
Minicurrículo
- Cineasta e artista visual. Mestre em História das Ciências, das Técnicas e Epistemologia pela UFRJ. Diretor dos longas Estrada Real da Cachaça (melhor documentário nos festivais do Rio e Mar del Plata) e HU (melhor doc nos festivais de Tiradentes e Monterrey/MX) e da série para tv Inhotim Arte Presente (2018). Colaborador de artistas como Tunga, Lilian Zaremba, Laura Erber, Jonathas de Andrade, Daniel Steegman e Thiago Rocha Pitta. Coeditor da Revista Carbono (www.revistacarbono.com).
Ficha do Trabalho
Título
- Cinematografia como tradução
Seminário
- Teorias e análises da direção de fotografia
Resumo
- Uma investigação da direção de fotografia no cinema. A partir do trabalho de Vilém Flusser e Michael Polanyi e da experiência do autor como diretor de fotografia, o texto procura revelar a dimensão tácita da realização cinematográfica, articulando a dicotomia texto-imagem proposta por Vilém Flusser com as experiências da arte conceitual e da poesia concreta.
Resumo expandido
- Uma investigação da direção de fotografia no cinema. A partir do trabalho de Vilém Flusser e e da experiência do autor como diretor de fotografia, o texto sublinha o caráter relacional das câmeras fotográfica e cinematográfica e apresenta a fotografia – seja parada ou em movimento (cinematografia) – como uma arte do contraste. Entendida como expressão de uma relação – entre tonalidades, cores, formas, movimentos de câmera, ritmos e etc. – a ideia de contraste, estratégia principal da modalidade visual do pensamento, assume centralidade na construção de imagens pelo fotógrafo. A partir de inúmeras entrevistas com diretores de fotografia do Brasil e do mundo, o texto passa então a investigar palavras-chave recorrentes no discurso destes profissionais, como a expressão inglesa compromise, de difícil tradução. O expediente serve para revelar o ofício fotográfico como modulação de constrastes relacionados. Em sua segunda parte, o trabalho investiga a dimensão conceitual da fotografia e, em especial, da cinematografia, onde é mais evidente. Chamando atenção para a extensa coleção de textos indispensáveis à realização cinematográfica que, no entanto, permanecem invisíveis tanto para o público quanto para a crítica especializada, o trabalho elege a decupagem como peça central da articulação texto-imagem que caracteriza a cinematografia, introduzindo a ideia que dá título ao artigo – ‘cinematografia como tradução’ (de texto em imagem visual). A investigação de outro conceito caro aos diretores de fotografia, a chamada ‘consistência’ – que diz respeito à coerência interna do agrupamento de imagens visuais que compõem um filme – conduz à exploração de outro termo fartamente mencionado pelos profissionais da imagem em movimento, a ideia de ‘conceito’, espécie de pedra de toque que norteia as modulações técnicas que resultarão na imagem final de todo filme. A discussão acaba por revelar um princípio holográfico de composição da imagem cinematográfica, sublinhando seu inerente ‘cratilismo’, neologismo tomado de um estudo de Caroline Bayard sobre poesia concreta e expresso na fórmula ‘forma = conteúdo’. A esta altura, demonstrada a dimensão conceitual da cinematografia, o trabalho passa a explorar seu caráter tácito, sua capacidade silenciosa e não-verbal de comunicar ideias, apoiando-se no conceito de conhecimento tácito do polímata húngaro-britânico Michael Polanyi.
Bibliografia
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