Trabalhos Aprovados 2019

Ficha do Proponente

Proponente

    Daniela Giovana Siqueira (Sem vínculo)

Minicurrículo

    Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), com pesquisa financiada pela FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Seu trabalho aborda as relações entre análise fílmica, pesquisa histórica e preservação audiovisual a partir de um conjunto de quatro filmes brasileiros produzidos entre os anos de 1968 e 1970.

Ficha do Trabalho

Título

    Um crioulo em três versões: método e desdobramentos para a memória

Mesa

    Desafios políticos e metodológicos da preservação audiovisual

Resumo

    Esta proposta se dedica ao estudo da obra Crioulo Doido (1970), de Carlos Alberto Prates Correia buscando apresentar um ponto de vista metodológico sobre o fato de existirem três versões da mesma obra. A reflexão também se propõe trabalhar as implicações desse fato sobre o campo da memória.

Resumo expandido

    Em 1970, o diretor Carlos Alberto Prates Correia estreia na direção de um longa-metragem com o filme Crioulo Doido. A obra teve uma reduzida circulação comercial à época de seu lançamento, posteriormente caindo no esquecimento historiográfico. No início dos anos 2000, o diretor retoma ao material existente em película e faz uma nova edição, reduzindo em 20 minutos a duração original e introduzindo trechos do filme O canto da saudade (1952), de Humberto Mauro, que assumem na nova versão o lugar de materiais de arquivo, trazendo à narrativa novas camadas temporais. A partir do filme Crioulo Doido, esta proposta se dedica a pensar as implicações decorrentes da permanência no tempo de uma obra, garantida pelo trabalho de preservação audiovisual, e os desafios a serem enfrentados no presente pelo exercício da análise fílmica em distintos materiais: analógico e digital.
    Nos filiamos à perspectiva de Paulo Emílio Salles Gomes na proposição que faz no início da década de setenta sobre o lugar dos estudos de cinema brasileiro em relação aos materiais fílmicos. Gomes (1974, p.3) ressaltou: “Na pior das hipóteses, isto é, se as poucas cópias de filmes que sobraram para testemunhar o que foi o velho cinema brasileiro desaparecerem por sua vez, os levantamentos atualmente em execução terão reunido dados para os estudiosos do futuro. A hipótese otimista é necessariamente mais encorajadora. O mundo desenvolvido e seus ramais estão em véspera de assegurar cinema em casa, como temos literatura ou música”. Da primeira versão de Crioulo Doido restam apenas cinco rolos de uma única cópia combinada em película na bitola 35mm. Já a segunda versão em formato digital ganhou uma circulação mais difundida em festivais. Encontra-se disponível no canal Youtube na internet e, atualmente, compõe a grade de programação do canal de televisão a cabo Canal Brasil. Esta comunicação apresenta parte dos esforços de investigação da pesquisa de doutorado: “Perdidos e Malditos: política, produção cinematográfica e memória”, que possui como escopo um conjunto fílmico composto por quatro longas-metragens produzidos entre 1968 e 1970.

Bibliografia

    EDMONDSON, Ray. Filosofia de arquivos audiovisuais, Uma. Paris: Unesco, 1998.

    GOMES, Paulo Emílio Salles. Humberto Mauro, Cataguases, Cinearte. São Paulo: Perspectiva, Ed. Da Universidade de São Paulo, 1974.

    XAVIER, Ismail. Sertão Mar: Glauber Rocha e a estética da fome. São Paulo: Cosac Naify, 2007.