Trabalhos Aprovados 2019

Ficha do Proponente

Proponente

    Carla Conceição da Silva Paiva (UNEB)

Minicurrículo

    Doutora em Multimeios pela UNICAMP e Professora Adjunta na UNEB, atuando na graduação em jornalismo e mestrado em Educação, Cultura e Territórios Semiáridos. Pesquisa as questões sobre identidade de gênero, sexualidade e Nordeste nas narrativas audiovisuais.

Ficha do Trabalho

Título

    GÊNERO, RACISMO E EDUCAÇÃO EM DIÁRIOS DE CLASSE (2017)

Resumo

    Diários de classe (2017), de Maria Carolina e Igor Souza, é um documentário que acompanha o cotidiano de alunas de centros de alfabetização para adultos em Salvador. Nosso trabalho, parte de uma investigação sobre os tipos de representações sociais construídas das mulheres negras no cinema contemporâneo brasileiro, realizará uma análise fílmica acerca das questões atribuídas ao ser mulher negra, a partir das desigualdades sociais, resultantes das relações de gênero, classe e raça.

Resumo expandido

    Diários de classe (2017) é um documentário independente d@s diretor@s Maria Carolina e Igor Souza que acompanham o cotidiano de três alunas de centros de alfabetização para adultos em Salvador – BA. Entre todas as desigualdades sociais, resultantes das relações de gênero e raça, essa produção escolhe abordar a educação feminina. Nossas primeiras observações, com base na leitura de autoras como Rosemberg (2012); Bispo e Macêdo (2014) e Ribeiro (2018), indicam que se trata de um filme que colabora com discussões oportunas sobre gênero, feminismo negro, racismo, transsexualidade, justiça e educação, tudo saindo da boca das três protagonistas que amplia suas vozes, para além da revolta e do medo, refletindo e agindo contra as posições sócio-históricas forçosamente impostas a ambas também pelas relações de gênero e classe (SAFFIOTI, 1992). Tifany Moura é uma adolescente que vive num abrigo público e está em sua trajetória de descoberta com a transsexualidade. A segunda é Vânia Costa, uma mãe encarcerada que tenta aprender o Código Penal para se defender no Tribunal, uma vez que ainda não teve acesso a assistência jurídica. E, por fim, Maria José Santana, que concilia o trabalho de doméstica com os estudos. Diários de classe ainda observa as dificuldades de se aprender e ensinar, demonstrando como as mulheres, que estão no lugar da educação básica, tanto como professoras, diretoras e estudantes (LOURO, 1994), assumem papéis que vão além de educadoras, são conselheiras e incentivadoras de uma silenciosa revolução social (AREND, 2012). Face ao exposto, nosso trabalho, que é parte de uma investigação sobre os tipos de representações sociais que estão sendo construídas das mulheres negras no documentário contemporâneo brasileiro, realizará uma análise fílmica acerca das questões atribuídas ao ser mulher negra, a partir do contexto histórico do feminismo negro, buscando nessa narrativa audiovisual algumas respostas para tantos questionamentos que o processo histórico direciona a esse grupo social.

Bibliografia

    AREND, S. Trabalho, escola e lazer. In: PINSKY, C. B. E PEDRO, J. M. (Org.) Nova história das mulheres. São Paulo: Contexto, 2012.
    BISPO, S. e MACÊDO, M. Mulheres negras: ativismo e paradoxos na luta antirracista e antissexista na Bahia. In: SOUZA, Â. M. F. de L. e ARAS, L. B. de (Org.) Mulheres e movimentos: estudos interdisciplinares de gênero. Salvador: EDUFBA: NEIM, 2014.
    LOURO, G. Mulheres na sala de aula. In: PRIORE, M. D. (Org.) História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2011.
    MOREIRA, N. A organização das feministas negras no Brasil. Vitória da Conquista, BA: UESB, 2018.
    RIBEIRO, D. O que é lugar de fala? Belo Horizonte: Letramento: Justificando, 2017.
    ROSEMBERG, F. Mulheres educadas e a educação de mulheres. In: PINSKY, C. B. E PEDRO, J. M. (Org.). Nova história das mulheres. São Paulo: Contexto, 2012.
    SAFFIOTTI. H. Rearticulando gênero e classe social. In: COSTA, A. O. ; Bruschini, C. (Orgs.) Uma questão de gênero. São Paulo ; Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1992.