Ficha do Proponente
Proponente
- Fabiano Leandro Pandolfi (PUCRS)
Minicurrículo
- Arquiteto (UFRGS), pós-graduado em Cinema Expandido (PucRS), mestrando em Comunicação Social (PucRS).
Diretor de Animação da 2ª temporada da série “Dino Aventuras” para a Disney, do longa “Até que a Sbórnia nos Separe”, da Campanha da RBS tv “A Educação é a Melhor Herança, Cuide das Crianças” e do curta “Castillo y el Armado”, este último, finalista para as cinco vagas de melhor curta animado do OSCAR 2016.
Atualmente, é diretor de Animação da 1ª temporada da série “Tainá” para a Nickelodeon.
Ficha do Trabalho
Título
- O Aranhaverso. Ruptura e ousadia na burocrática Indústria de Hollywood
Resumo
- Este artigo pretende debater as inovações visuais e estéticas do longa-metragem animado “Homem-Aranha no Aranhaverso”, através de um estudo de caso debruçado sobre o processo de produção da obra, com base em pesquisa bibliográfica, documentários e entrevistas com membros da equipe, bem como uma posterior análise fílmica, indicando como e quais seriam essas inovações, através da decupagem frame a frame de trechos selecionados.
Resumo expandido
- Este artigo pretende debater as inovações visuais e estéticas do longa-metragem animado “Homem-Aranha no Aranhaverso”, através de um estudo de caso debruçado sobre o processo de produção da obra, com base em pesquisa bibliográfica, documentários e entrevistas com membros da equipe, bem como uma posterior análise fílmica, indicando como e quais seriam essas inovações, através da decupagem frame a frame de trechos selecionados.
Num negócio multibilionário como é a indústria do cinema em Hollywood, “jogar para ganhar” é mais do que uma força de expressão, é uma imposição dos estúdios para com seus colaboradores. Os projetos cinematográficos são investimentos caros e sob o ponto de vista dos agentes financiadores, precisam gerar lucros, os quais, em última análise, são responsáveis por manter a cadeia produtiva em funcionamento. Como a demanda por obras de fácil consumo e alta rentabilidade é imensa, os agentes produtores costumeiramente recorrem à utilização de “fórmulas” que atendam ao gosto popular. Se por um lado, o uso de tais “fórmulas”, garante o ritmo contínuo das produções cinematográficas, por outro, ironicamente, a utilização indiscriminada dessa “fórmula” acaba por comprometer a cadeia produtiva, devido ao seu esgotamento.
Algumas vezes, porém, somos surpreendidos por obras cujos avanços artísticos, técnicos ou narrativos confrontam os moldes padronizados pela indústria e elevam os padrões do entretenimento de massa. Foi assim com a introdução da cor em “O Mágico de Oz” (1939), com a retórica irrepreensível de “Cidadão Kane” (1941), com a prova de que animação em longa-metragem era um negócio viável em “Branca de Neve e os Sete Anões” (1937), e com a excelência dos efeitos em computação gráfica do “Parque dos Dinossauros” (1993).
No final de 2018, a Sony Pictures Entertainment estreou uma animação cuja principal função era bastante prática: seguir utilizando a franquia “Homem-Aranha”, cuja licença retornaria à Marvel (empresa criadora do herói) caso não houvesse nova produção com o personagem. Seria fácil supor que a Sony desenvolveria mais um filme “formulaico”, apenas para dar cabo das obrigatoriedades legais, mas não foi isso o que aconteceu.
“Homem-Aranha no Aranhaverso” (2018), foi uma animação que impactou positivamente crítica e público, fato sustentado pela longa lista de 58 premiações, incluindo o Globo de Ouro e o Oscar de melhor animação.
O filme possui como características, um roteiro básico mas bem estruturado, personagens carismáticos e uma notável trilha sonora. O que o torna único, entretanto, é a sua ousadia visual. Não é difícil perceber nessa obra, a tentativa mais bem-sucedida de emular a linguagem das histórias em quadrinhos para a tela do cinema (convergência já buscada de forma mais tímida por filmes como “Hulk” (2003), “Sin City” (2005) e “Scott Pilgrimm contra o Mundo” (2010)).
O “Aranhaverso” traz inovações técnicas e artísticas que se tornaram referenciais para o setor audiovisual, mesmo antes de seu lançamento. Com enquadramentos dinâmicos e exagerados, uma movimentação mais cadenciada, um visual repleto de onomatopeias, reticulados, cores vibrantes (muitas vezes fora de registro) e traçados aparentemente aleatórios, mas que servem de guia ao olhar do espectador, o filme conduz a narrativa com elegância, e nos dá, a perfeita impressão de contemplar de forma cinemática, as obras pop de Roy Lichtenstein e Steve Ditko.
Na animação, baseada nos quadrinhos da linha “Marvel Ultimate” (2000) e dirigida à seis mãos por Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman, Miles Morales é um adolescente afro-hispânico-americano que vê sua vida ser virada ao avesso após ser picado uma aranha geneticamente modificada. Agora, Morales precisa aprender com seu mentor, Peter Parker (o Homem-Aranha original) a lidar com seus novos poderes, enquanto enfrenta uma ameaça que põe em risco não só o seu mundo, mas todo o multiverso.
Bibliografia
- CAMPBELL, Joseph. O Herói de Mil Faces. São Paulo. Editora Pensamento, 1997;
CATMULL, Ed. Criatividade S.A. Superando as forças invisíveis que ficam no caminho da verdadeira inspiração. Rio de janeiro: 1ª edição, Rocco, 2014;
HAHN, Don. The Alchemy of Animation: making an animated film in the modern age. New York: 1st edition, Disney Editions, 2008;
JENKINS, Henry. Convergence culture: where the old and new media colide. New York: New York University Press, 2006;
PRODANOV, C. C. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. Novo Hamburgo: Feevale, 2013;
SANTAELLA, Lucia. Culturas e Artes do Pós-Humano: da Cultura das Mídias à Cibernética. São Paulo: Paulus, 2003;
TRYON, Chuck. Reinventing Cinema: Movies in the Age of Media Convergence. London: Rutgers University Press, 2009;
ZAHED, Ramin. Spider-Man: Into the Spiderverse. The Official Movie Special. London: Titan Books Ltd, 2018.