Ficha do Proponente
Proponente
- Larissa Zoratto Lunge (PUCRS)
Minicurrículo
- Larissa é mestranda em Comunicação Social, na PUCRS. Tem graduação em Publicidade e Propaganda pela PUCRS (2018), na qual obteve Láurea Acadêmica e Distinção Acadêmica (Maior média na turma de formandos). Durante a graduação, realizou período sanduíche na Newcastle University, em 2016. Também cursa graduação em Administração de Empresas, na UFRGS. Já atuou como bolsista de iniciação científica pelo TECNA – PUCRS, estudando Produção Audiovisual. Já estagiou na Agência Kaizen e no Grupo RBS.
Ficha do Trabalho
Título
- Tempo e tecnologia nas telas segundo Tempos Modernos e WiFi Ralph
Resumo
- Esta comunicação aborda como a tecnologia influencia a noção de tempo de diferentes épocas, a partir da análise de suas representações cinematográficas em “Tempos Modernos” (1936) e “WiFi Ralph: Quebrando a Internet” (2018). Os resultados preliminares indicam que “Tempos Modernos”, no contexto da 2ª Revolução Industrial, apresenta o “tempo do relógio” e o “tempo da máquina”, enquanto “WiFi Ralph” apresenta a noção de “tempo real” da cultura digital, baseado na instantaneidade.
Resumo expandido
- O cinema traz representações da cultura para as telas desde seu princípio. A tecnologia é um tema recorrente em obras cinematográficas, introduzindo diferentes modos de agir/pensar e noções de espaço e tempo. Esta comunicação aborda como a tecnologia influencia a noção de tempo de cada época, a partir da análise de suas representações nos filmes “Tempos Modernos” (1936), de Charlie Chaplin, e “WiFi Ralph: Quebrando a Internet” (2018), de Phil Johnston e Rich Moore.
“Tempo” é uma grandeza que permeia a vida em sociedade. As pessoas dispõem seus compromissos, tarefas e momentos de lazer, de acordo com prazos, datas e horários. Embora se fale muito sobre o tempo, há pouca reflexão sobre seus significados (ELIAS, 1998; OLIVEIRA, 2003).
A realidade é moldada pelo desenvolvimento das sociedades, e pela evolução do seu conhecimento (VIRILIO, 1999). Ou seja, o tempo depende da época e do “ponto-de-vista”. As tecnologias intelectuais de cada época têm um papel fundamental nas noções espaço-temporais de uma sociedade, determinando os três tempos do espírito: a oralidade primária, com o tempo cíclico; a escrita, com o tempo linear; e a informática, com o tempo real (LÉVY, 1993).
O tempo tem uma forte relação com o cinema, sendo “uma dimensão essencial à imagem” (AUMONT, 2000, p 105). A partir da imagem-movimento, o cinema permite a representação do tempo de acontecimentos ou situações. Assim, as obras cinematográficas são concebidas como forma de representação social, ao transmitirem valores de determinado período (AUMONT, 2000, 2006).
Considerando que as tecnologias e o “ponto-de-vista” alteram a noção de tempo, este estudo objetivou analisar como o tempo é percebido em dois diferentes momentos históricos, na 2ª Revolução Industrial e na Era da Informação, a partir de suas respectivas representações cinematográficas.
A metodologia consistiu de uma revisão bibliográfica sobre conceitos de tempo e cinema, e de uma análise fílmica baseada em Vanoye & Goliot-Lété (1994). Os produtos audiovisuais escolhidos para a análise retratam tecnologias características de seus contextos históricos: “Tempos Modernos” com a eletricidade e as linhas de montagens típicas da 2ª Revolução Industrial, e “WiFi Ralph” com a internet e a conexão da Era da Informação.
Os resultados preliminares demonstram que o filme “Tempos Modernos” apresenta uma representação do “tempo do relógio” e do “tempo da máquina”. A figura do relógio mecânico aparece frequentemente em cena como um dispositivo para manter a disciplina de horários na rotina dos trabalhadores das fábricas. Tudo tem um horário para começar e terminar, como o horário de funcionamento da fábrica, bater ponto e parar para o almoço. Além disso, as linhas de montagem impõem um ritmo de trabalho aos operários, o que traz conflitos de tempo e velocidade entre as máquinas e a natureza humana.
Por outro lado, o filme “WiFi Ralph: Quebrando a Internet” representa a noção de “tempo real” da atual cultura digital, caracterizado por instantaneidade e velocidade (LÉVY, 1993; VIRILIO, 1999). As cenas demonstram que a internet permite que qualquer informação seja acessada a todo momento, com apenas alguns cliques. Grandes mudanças podem acontecer em poucos segundos nesse ambiente virtual. A internet também apresenta um caráter de “always on”, com uma abundância de recursos e informações disponíveis, permitindo que os próprios usuários façam seu tempo online.
Em conclusão, “Tempos Modernos” e “WiFi Ralph” trazem discussões sobre tempo e tecnologia para as telas, representando suas respectivas épocas. Cada filme também apresenta uma ruptura com o passado: Chaplin é um operário em conflito com os dispositivos tecnológicos das fábricas, e Ralph, um personagem pré-internet desbravando a conexão em rede. A surpresa de ambos os personagens, em contato com as novas tecnologias e seus tempos, apela à empatia do espectador.
Bibliografia
- AUMONT, Jacques. A imagem. 4. ed. Campinas, SP: Papirus, 2000.
______. A estética do filme. 4. ed. Campinas, SP: Papirus, 2006.
ELIAS, Norbert. Sobre o tempo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998.
LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993.
OLIVEIRA, Luiz Alberto. Imagens do tempo. In DOCTORS, Márcio (org). Tempo dos Tempos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003.
VANOYE, Francis; GOLIOT-LÉTÉ, Anne. Ensaio sobre a análise fílmica. Campinas, SP: Papirus, 1994.
VIRILIO, Paul. O resto do tempo. Revista Famecos, Porto Alegre, nº 10, pp.57 – 60, jun. 1999.