Ficha do Proponente
Proponente
- Karla Bessa (unicamp)
Minicurrículo
- Pesquisadora do Núcleo de Estudos de gênero PAGU, Professora do Programa de Pós-graduação em Multimeios do Instituto de Artes da Unicamp. Coordenadora do Projeto CinePAGU.
Ficha do Trabalho
Título
- Feminismos na tela: deslizamentos entre narrativa e criação
Seminário
- Mulheres no cinema e audiovisual
Resumo
- A apresentação traz como questão as relações entre os efeitos das narrativas fílmicas, no que se refere a um conteúdo e forma de cunho feminista, e as acepções de seus criadores que não necessariamente professam o feminismo como um valor político ou estético. Neste sentido, abre-se para análise fílmica a partir de uma perspectiva histórica que coloca em cena a autonomia do objeto fílmico e ao mesmo tempo sua circunscrição tempo-espacial. Propõe tensionar o alcance da noção “cinema de mulheres”.
Resumo expandido
- A apresentação traz como questão as relações entre os efeitos das narrativas fílmicas, no que se refere a um conteúdo e forma de cunho feminista, e as acepções de seus criadores que não necessariamente professam o feminismo como um valor político ou estético. Neste sentido, abre-se para análise fílmica a partir de uma perspectiva histórica que coloca em cena a autonomia do objeto fílmico e ao mesmo tempo sua circunscrição tempo-espacial. Propõe tensionar o alcance da noção “cinema de mulheres”.
Já no seu nascedouro, a análise fílmica feminista postulava duas importantes máximas: a) existe uma relação de poder tanto nos processos de produção fílmica quanto no produto filme que silencia, exclui e menospreza questões que dizem respeito diretamente ao feminino, à feminilidade e aos corpos e sujeitos que performam o ser mulher. Recentemente, inclui-se nesta primeira avaliação, a pluralidade da categoria mulher, em suas múltiplas possibilidades, com especial atenção aos processos de inferiorização de mulheres negras e trans nas multitelas. B) embora tímida, do ponto de vista quantitativo, a participação de mulheres como diretoras, cinematografas e roteiristas produziu um impacto transformador no conjunto dos filmes cujo alinhamento crítico à esquerda tendia a projetar uma “nova mulher” para uma “nova nação”, incluindo neste rol de reconfiguração instituições como família, conjugalidade, parentalidades, permitindo assim a constituição de outra sensibilidade tanto para as mulheres, quanto para os homens no que concerne às relações de gênero.
Essas pioneiras reflexões, desmontaram analiticamente filmes clássicos hollywoodianos e produziram importantes categorias para os estudos fílmicos, como olhar masculino (“male gaze”), cinema de mulheres, falocentrismo, filme independente feminista, tecnologia de gênero, voz feminina, crise da masculinidade, representação do desejo feminino, sexismo mítico, prazer visual. Seja a partir de uma abordagem mais sociológica (estadunidense) seja a partir de uma junção entre semiótica e psicanálise (britânica), seja numa perspectiva pós-estruturalista (francesa) ou anti-colonial (chicanas, indianas, africanas e América Latina), os estudos fílmicos muito se transformaram a partir da constituição de um campo de saber que problematiza o fazer fílmico a partir de uma perspectiva feminista. Neste sentido, podemos afirmar sem receios que nos últimos trinta e poucos anos vimos surgir outra historiografia do cinema.
Nesta apresentação, pretendo traçar um pouco desta historiografia a partir de uma posição geopolítica brasileira, com olhar expandido para a América Latina, construindo uma leitura marcada tanto pela perspectiva anticolonialista quanto pela compreensão relacional do gênero, na qual a historicidade da categoria mulher nos permite problematizar os limites, como também os importantes avanços, da constituição de um cinema de mulheres.
Bibliografia
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