Ficha do Proponente
Proponente
- Graziela Aparecida da Cruz (FAJE)
Minicurrículo
- Mestre em Cinema (Crítica da Imagem em Movimento) pela Universidade Federal de Minas Gerais; professora de Introdução ao Cinema e Teoria da Comunicação na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte, desde 2007.
Ficha do Trabalho
Título
- Biografias no cinema: resgate da memória individual e coletiva
Resumo
- O cenário cinematográfico tem registrado uma crescente produção de documentários biográficos e cinebiografias. Este trabalho destaca a importância desses documentos biográficos para o resgate e preservação da memória da cultura brasileira e apresenta perspectivas de análise da construção biográfica na linguagem cinematográfica. Trechos do filme “Cartola: música para os olhos” são apresentados como referência para identificar recursos da linguagem do cinema utilizados na construção biográfica.
Resumo expandido
- O cenário cinematográfico, no Brasil e no mundo, tem registrado uma crescente produção de documentários biográficos e cinebiografias. Este trabalho destaca a importância desses documentos biográficos, particularmente os voltados a personagens do cenário musical brasileiro, para o resgate e preservação da memória da cultura nacional, e apresenta perspectivas de análise da construção biográfica na linguagem cinematográfica.
A contribuição do documentário biográfico vai além do registro sobre a vida de um personagem reconhecido. As biografias permitem ao público uma viagem a outros contextos históricos e culturais. O resgate memorialístico, presente nesses filmes, transporta o espectador para outros tempos e espaços, e é um recurso fundamental para a preservação histórica e da memória e cultura de um povo.
Dados estatísticos revelam que as biografias, em livros ou filmes, atraem um público cada vez maior, no Brasil e no mundo. Alguns pesquisadores explicam esse interesse, pelo fato da biografia poder representar uma “âncora temporal”, um chão firme e seguro no qual se pode encontrar estabilidade, em meio a uma contemporaneidade marcada pela velocidade e instantaneidade dos eventos. O passado, assim, tem se tornado uma referência emblemática para a cultura contemporânea. (SCHMIDT, 2000, p. 279-280).
O autor Felipe Pena afirma que vivemos em um momento contemporâneo marcado por um ritmo alucinante, com mudanças aceleradas e dissolução de certezas e referenciais. Daí, a busca por alguma estabilidade por meio da valorização da memória. Lembrar é trazer de volta antigos modos de vida e experiências sociais. É tentar reviver momentos de coerência e estabilidade (PENA, 2004, p. 19).
Mas como se dá a construção do documentário biográfico? Como são utilizados os diversos elementos da linguagem do cinema para que se produza o “retrato” de um personagem histórico? O artigo a ser apresentado pretende estabelecer perspectivas de análise da construção biográfica no cinema: a relação entre diretor e biografado; o acesso e organização das informações; o processo de pesquisa e acesso a fontes pessoais e documentais; a utilização de arquivos de imagens e sons; a recriação do contexto em que se passa a história do personagem; os critérios éticos e estéticos para a construção da narrativa; os elementos considerados no processo de filmagem; o processo de montagem e edição; enfim, o uso de recursos da linguagem cinematográfica para a construção da narrativa biográfica.
Para ilustrar a construção biográfica no cinema, serão apresentados trechos do filme “Cartola: música para os olhos” (2007, Dir: Lírio Ferreira e Hilton Lacerda) que revelam elementos próprios da linguagem fílmica, utilizados para a construção da narrativa biográfica. O filme corrobora a ideia de que a biografia construída ultrapassa a vida e história do personagem principal e retrata uma a trajetória histórica do próprio povo e cultura nacionais.
Bibliografia
- ARANTES, Silvana. “Cartola resgata dívida do cinema com samba da Mangueira”. In: /www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u65581.shtml – Publicado em 30/10/2006
BRUCK, Mozahir Salomão. Biografias e literatura: entre a ilusão biográfica e a crença na reposição do real. Belo Horizonte: Ed. Veredas & Cenários, 2010.
SCHMIDT, Benito (Org.). O biográfico – Perspectivas interdisciplinares. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2000
LABAKI, Amir. É tudo verdade. Reflexões sobre a cultura do documentário. São Paulo: Francis, 2005.
LIMA, Vanessa. “A essência do samba nas telas”. In: http://revistaquem.globo.com/Quem/1,6993,EQG1510520-3428,00.html – Publicado em 04/04/2007
LINS, Consuelo & MESQUITA, Claudia. Filmar o real: sobre o documentário brasileiro contemporâneo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008.
PENA, Felipe. Teoria da Biografia sem fim. Rio de Janeiro: Editora Mauad, 2004.
VILAS BOAS, Sergio. Biografias e biógrafos: jornalismo sobre personagens. São Paulo: Summus, 2002