Ficha do Proponente
Proponente
- Adriana Mabel Fresquet (CINEAD/FE/UFRJ)
Minicurrículo
- Professora Associada da Faculdade de Educação da UFRJ. Coordena o grupo CINEAD do Laboratório de Educação, Cinema e Audiovisual que desenvolve atividades de pesquisa e ensino vinculadas ao programa de extensão em projetos na educação básica, no setor pediátrico e geriátrico do Hospital Universitário e em parceria com a Cinemateca do MAM-Rio. Atualmente, realiza seu pós-doutorado sobre “Políticas e pedagogias do cinema e da educação na escola” orientada por Inés Dussel (CINVESTEV-DF), Mexico.
Ficha do Trabalho
Título
- A preservação do cinema: a CINEMATECA, a ESCOLA e a UNIVERSIDADE
Seminário
- Cinema e Educação
Resumo
- Imagine uma cinemateca que atualiza a preservação do seu acervo fazendo 5 cópias em 4k de cada fotograma dos seus filmes. Imagine agora um governo que recebe de mãos de cineastas e preservadores um Plano Nacional de Preservação Audiovisual e não da nenhum tipo de retorno durante quatro anos. Que países são esses? Que políticas públicas fazem isso possível? Como fazer para que o património audiovisual nacional preservado circule pelo país começando pelas escolas públicas? Um estudo México-Brasil
Resumo expandido
- A Cineteca Nacional (México, DF) produz permanentemente 5 copias em 4k de cada fotograma dos sus filmes. Sete salas de cinema abertas diariamente com uma oferta que mistura cinema comercial com independente, públicos variados, integrando o mercado através de numerosas lojas que oferecem livros, músicas, filmes e cafe criam um espaço de encontro. Do lado externo, uma enorme telona se ativa ao chegar a noite. Não se trata de um drive-in. Pessoas de todas as idades procuram suas esteras para assistir filmes num delicioso jardim íngrime.
Ao mesmo tempo, pouca coisa vincula a Cineteca às escolas púbicas e às universidades. Sua capacidade de recepção para investigadores com serviços da mais alta qualidade fazem da sala de pesquisa um lugar de excelência com atendimento especializado e conforto impar. Apenas, uma universidade (privada) realiza aulas de mestrado. A Educação Básica (EB) aparece em episódios isolados, ocasionais. Não existe um projeto ou programa permanentes da instituição.
No Brasil, pela sua vez, longe de investimentos significativos para preservar e divulgar seu cinema, existem programas e parecerias pedagógicas em diferentes cinematecas, São frequentes as aulas de universidades públicas nas suas salas. Porém, isso não torna acessíveis os recursos audiovisuais nacionais para qualquer pessoa. A maioria dos municípios brasileiros não tem sequer acesso a salas de cinema. Uma bela iniciativa para agilizar a circulação da produção audiovisual nacional foi a PROGRAMADORA BRASIL (PB). Programa estratégico da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, entre 2006 e 2013, juntamente com a Cinemateca Brasileira e o Centro Técnico Audiovisual (CTAv) construiram um catálogo com 970 filmes e vídeos de todas as regiões do país, organizados em 295 programas (DVDs), apresentando a diversidade e a possibilidade de conhecimento sobre o cinema brasileiro. À promessa do conjunto de filmes em formato DVD virar o início de uma plataforma on line se somava à esperança do Ministério de Comunicações garantir uma banda larga para todo o pais. Promessas diluídas, kits esquecidos, apagados ou destruidos com o impeachment e a dissolução do Ministério de Cultura nos fazem sentir a força da regressão. Ainda em 2015 a Associação Brasileira de Preservação Audiovisual entregou em mãos dos responsáveis pela Secretaria do Audiovisual do MinC um Plano Nacional de Preservação Audiovisual que completará 4 anos de estrondoso silêncio.
Outros modos de aproximar a memória do cinema à sociedade têm exemplos fortes na Cinemateca Capitólio em Porto Alegre com intensas interações com a EB pelo Programa de Alfabetização Audiovisual. No Rio, o MAM recebe diversos festivais, mostras, cursos de formação. Em 2008 acolheu estudantes de EB para assistir filmes de Nelson Pereira dos Santos e mergulhar nas cartas, rascunhos, convites e cartazes antes do encontro com o Diretor em visita numa escola piloto que apadrinhara para a criação de escolas de cinema em escolas públicas. Ele convidou aos alunos depois para a Academia Brasileira de Letras.
Festivais de produção audiovisual escolar e seminários de formação de professores acontecem em Museus de Imagem e Som (Campinas), Salas tradicionais como Vila Rica em Ouro Preto ou o Cinema São Luiz ou a Fundação Joaquim Nabuco no Recife, entre tantas outras iniciativas interessantes porém isoladas.
O que fazer? É preciso inventar modos de operacionalizar a chegada dessas imagens de arquivo para os espaços educacionais de todos os níveis de ensino.
Enquanto lutamos por políticas públicas que reconheçam a importancia da sobrevivência do cinema nacional e sua presença nos espaços educacionais como sonhara Humberto Mauro, cada vez que exibimos um filme e como Os óculos do vovô, A velha a fiar ou Limite, para uma turma de em uma escola de educação infantil, ensino fundamental ou médio ou para estudantes universitários acredito que estamos fazendo um gesto de preservação de cinema em contextos educativos.
Bibliografia
- BEZERRA, L. Preservação audiovisual no Brasil Contemporâneo. 10ª CINEOP Mostra de Cinema de Ouro Preto. Uma década de preservação. Cinema Património. Ouro Preto: Universo, 2015.
FRESQUET, A. A preservação audiovisual e a educação – O que faria Humberto Mauro, em tempos da lei 13006, com “Os óculos do vovô”? In: Reflexões sobre a preservação audiovisual.1 ed.Ouro Preto : UNIVERSO, 2015, v.1, p. 174-177.
HEFFNER, H. A preservação audiovisual na atualidade. Filme Cultura, v. 24, p. 93-95, 2012.
__________ Em busca do futuro: Veredas cinematográficas brasileiras. Cinética, v. Julho, p. 1, 2012.
HEFFNER, H.; DANGELO, R. H. (Org.) ; DANGELO, F. H. (Org.). Reflexões Sobre a Preservação Audiovisual – 2006-2015. 10 Anos da CINEOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto. 1. ed. Belo Horizonte: Universo Produção, 2015.
SCHMELZ, I. Cineteca Nacional 40 anos de história. 1974/2014. México: Conaculta – Cineteca Nacional, 2015.