Ficha do Proponente
Proponente
- Adriano Ramalho Garrett (UAM)
Minicurrículo
- Graduado em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e mestrando em Comunicação – Audiovisual pela Universidade Anhembi Morumbi, atua como crítico e repórter. É idealizador e editor do site Cine Festivais e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Pensando os meandros da seleção e programação de filmes, realizou entrevistas com curadores de alguns dos principais festivais brasileiros. A área da curadoria em cinema também é foco da sua pesquisa de mestrado.
Ficha do Trabalho
Título
- Mostra Aurora (2008-2012): discurso curatorial e recepção crítica
Resumo
- Partindo de um estudo que pretende mapear ou conceituar o que é hoje a curadoria em cinema no Brasil, a presente apresentação irá analisar o discurso construído pela curadoria da Mostra Aurora em seus anos inaugurais (2008-2012), utilizando para isso textos em catálogos, falas em mesas de debate e entrevistas para a imprensa, etc. O intuito é fazer um cotejo entre as visões da curadoria sobre si mesma e a repercussão crítica/jornalística sobre o evento publicada ao longo do mesmo período.
Resumo expandido
- A Mostra de Cinema de Tiradentes, criada em 1997, passou por uma mudança a partir de 2007, com a entrada em sua equipe do crítico Cleber Eduardo, e mais especificamente no ano seguinte, quando houve a primeira edição da Mostra Aurora, seção competitiva voltada a realizadores em início de carreira em longas-metragens.
Eduardo trouxe uma proposta de curadoria que buscava ir de encontro à de vários outros festivais nacionais, como é possível verificar nesta declaração que deu para a Revista Cinética no ano de sua entrada no festival: “Eu não tenho conhecimento de nenhum festival de cinema brasileiro que tenha um catálogo em que o curador se explique durante algumas páginas sobre seus critérios para escolher aquela composição de filmes, ou mesmo que a comissão explique seus critérios. Apenas se seleciona e pronto, e quando se vai reclamar da seleção, seja a crítica ou seja os realizadores, não se tem de quem reclamar porque é um grupo, e esse grupo não tem identidade e o critério de escolha não é de uma pessoa e não é de grupo também” (EDUARDO, 2007).
Pode-se apontar um exagero neste posicionamento generalista, visto que é possível encontrar antes de 2007 a ocorrência regular “de mostras e festivais de cinema com outros valores de curadoria e de programação, refletindo as novas condições de produção do cinema brasileiro independente” (IKEDA, 2018), como é o caso da Mostra do Filme Livre (criada em 2002 no Rio de Janeiro) e do Cine Esquema Novo (criado em 2003 em Porto Alegre). Mas é viável defender o lugar de importância da Mostra Aurora no debate sobre curadoria em cinema no País, notadamente em suas primeiras edições, que coincidem com um momento de reconfiguração do cenário de festivais brasileiros (com a criação de eventos como o Olhar de Cinema, a Semana dos Realizadores, o Janela Internacional de Cinema do Recife, o Cachoeira Doc, o Panorama Coisa de Cinema, entre outros).
Partindo de um estudo que busca mapear ou conceituar o que é hoje a curadoria em cinema, buscamos observar de que forma a Mostra de Tiradentes, e mais especificamente a criação da Mostra Aurora, contribuiu não só para complexificar e trazer à tona o conceito de curadoria em cinema, mas também como essa curadoria terminou por dar forma a um tipo de cinema cuja produção se generaliza no período.
Na presente apresentação vamos analisar o discurso construído pela curadoria da Mostra Aurora nos cinco anos inaugurais do evento (2008-2012), utilizando para isso textos em catálogos do festival (que se tornaram mais volumosos ano após ano a partir de 2007), declarações em mesas de debate e entrevistas para a imprensa, entre outras fontes. O intuito é fazer um cotejo entre as visões da curadoria sobre si mesma e a repercussão crítica/jornalística sobre o evento publicada ao longo do mesmo período.
É importante lembrar que a chegada de Cleber Eduardo à curadoria da Mostra de Tiradentes representou “a aproximação de uma nova geração de críticos, que despontava na crítica on-line, especialmente nas revistas Contracampo e Cinética, ao contexto da curadoria de mostras de cinema no país” (NOGUEIRA), e que esta crítica eletrônica contra-hegemônica procurava se diferenciar de boa parte dos textos publicados em jornais e revistas sob o rótulo de “críticas”, os quais eram vistos pejorativamente como jornalismo cultural (VALENTE, 2000).
Tendo isso em vista, a análise de recepção aqui proposta a respeito dos primeiros anos da Mostra Aurora tem como fonte de investigação um rol variado de veículos, tanto impressos tradicionais quanto sites e blogs com perfis diversos, buscando traçar um panorama que aponte como esses textos se aproximam ou se afastam, em maior ou menor grau, das visões curatoriais defendidas pela equipe do festival.
Bibliografia
- EDUARDO, Cleber. “Configurando um panorama – a curadoria da Mostra de Tiradentes”. 2007. Cinética. Disponível em: . Acesso em: 17 de abr. 2019.
EDUARDO, Cléber et al. Catálogos da Mostra de Cinema de Tiradentes. Belo Horizonte: Universo Produção, 2007-2012.
IKEDA, Marcelo. Novos desafios na curadoria e programação no cinema brasileiro do século XXI. In: Menotti, Gabriel (org.). Curadoria, cinema e outros modos de dar a ver. Vitória: Edufes, 2018.
LEAL, Antônio; MATTOS Tetê. Festivais Audiovisuais Brasileiros: Um diagnóstico do setor. In: V Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura. UFBA, 2009.
NOGUEIRA, Cyntia. Cinefilia e crítica cinematográfica na internet: uma nova forma de cineclubismo? Estudos de Cinema e Audiovisual Socine, São Paulo, p. 157-163, 2006.
VALENTE, Eduardo. Afinal, para que serve o crítico? Contracampo, n. 24, dez. 2000.
Disponível em . Acesso em: 17/04/19