Ficha do Proponente
Proponente
- Maria Ignês carlos Magno (UAM)
Minicurrículo
- Professora do PPGCOM em Comunicação da Universidade Anhembi Morumbi. Doutora em Ciências da Comunicação. Mestre em História Social. Líder do Grupo de Pesquisa: Inovações e Rupturas na Ficção Televisiva Brasileira. Pós-doutorado na ESPM com a pesquisa: A telenovela brasileira sob os olhos da crítica nos anos 1970, sob a supervisão da Profa Dra Maria Aparecida Baccega. Autora da Seção Resenha/Cinema na revista Comunicação & Educação da ECA/USP.
Ficha do Trabalho
Título
- Estilos críticos: Helena Silveira e Artur da Távola
Mesa
- Ficção televisiva brasileira: narrativa, estilo e crítica
Resumo
- A proposta dessa comunicação é apresentar um estudo sobre estilos críticos. O recorte do estudo é a produção dos críticos Artur da Távola e Helena Silveira sobre a teledramaturgia brasileira dos anos 1970 veiculadas nos jornais Folha de S. Paulo e O Globo. O foco dessa reflexão recai sobre os estilos críticos dos referidos autores.
Resumo expandido
- A crítica como produção e prática cultural vem sendo meu objeto de estudo e investigação. Mais precisamente, os momentos em que ultrapassa os limites instrumentais de análise de obras, torna-se elemento importante na produção cultural e nos permite pensar uma época e a própria linguagem crítica. Os estudos iniciais foram sobre a crítica produzida na Revista Clima (1941/42), seguindo com a crítica de cinema, mais especialmente a produção crítica de Jean-Claude Bernardet nos anos 1960/1970. Considerando os processos sociais e os meios de comunicação em que as produções são veiculadas, pensando que simultaneamente às produções literárias e cinematográficas a telenovela se consolidava a partir dos anos de 1963/64 como parte significativa da cultura brasileira, voltei aos estudos da crítica e a produção crítica sobre as telenovelas brasileiras nos anos 1970. A crítica então é entendida como prática social e como possibilidade de recuperar os diálogos que estabeleceu com a época e com as telenovelas produzidas no período em questão. Nessa perspectiva, procurei apreender as leituras e as relações que a crítica especializada estabeleceu com esse tipo de dramaturgia, a telenovela. As questões que permearam os estudos foram: que aspectos dessa produção foram analisados? Que tipo de crítica? Que abordagens metodológicas? Que concepção os críticos de televisão e de telenovela têm sobre a atividade crítica? Os críticos escolhidos foram Helena Silveira e sua produção no Jornal Folha de S. Paulo e Artur da Távola e sua produção no Jornal O Globo. O projeto atual dá continuidade aos estudos da produção crítica de Artur da Távola e Helena Silveira, agora com foco nos estilos críticos dos referidos autores. Como a grande maioria dos críticos nos anos 1960/1970 Helena Silveira e Artur da Távola não eram jornalistas de formação, vieram de outras áreas do conhecimento, ingressaram no jornalismo e o jornal foi o meio de comunicação onde se deu a produção crítica de cada um. Helena Silveira (1912-1984) começou como jornalista no Correio da Manhã, em 1941. Mas foi no jornal Folha de S. Paulo que se consagrou como crítica de televisão e de telenovela. Artur da Távola (1936-2008) começou sua carreira em 1968, na coluna Cidade Livre no jornal Última Hora. No jornal O Globo escreveu de 1972 até 1987. Por caminhos diferentes entraram no jornalismo cultural e foram se constituindo como críticos nas colunas que assinavam nos jornais onde trabalharam. Dois críticos que militavam em prol de um veículo de massa, a televisão, e de um formato televisual, a novela. Na luta pelo meio e formato elaboravam também uma reflexão sobre a atividade e a função da crítica e do crítico de televisão e de telenovela naquele momento histórico. No intuito de apreender os diálogos que estabeleceram com as novelas, “com temas relacionados aos conflitos reais da sociedade brasileira”, como dizia Artur da Távola; acompanhando as reflexões sobre os sentidos do próprio exercício crítico, ou ainda, os embates internos se o que faziam era crônica ou crítica, percebia as aproximações, as metodologias e, principalmente, os estilos críticos de cada um deles. É nesse exercício e movimento interno da crítica produzida no período de 1972 a 1976 que procuro demonstrar os estilos críticos de Artur da Távola e Helena Silveira. O fato de a pesquisa ter a crítica, a telenovela, a crítica de telenovela e estilos como pontos de estudo, alguns teóricos que comporão os debates são: Antonio Candido, Décio de Almeida Prado, Leyla Perrone-Moisés, Raymond Williams, Roland Barthes, Mikael Bakhtin, Eugênio Bucci, Renata Pallottini, Maria Aparecida Baccega, Maria Elisa Cevasco, Maria Cecília García, Northrop Frye, Tzvetan Todorov, Jeremy Butler, entre outros estudiosos da crítica, de televisão, de telenovela, de estilos. É importante ressaltar que Helena Silveira e Artur da Távola serão estudados, ao mesmo tempo, como fonte e referência.
Bibliografia
- BACCEGA, Maria Aparecida. Crítica de televisão. In: MARTINS, Maria Helena (Org). Outras Leituras. São Paulo: Senac /Itaú Cultural, 2000.
BUCCI, Eugênio. A Crítica de televisão. In: MARTINS, Maria Helena (Org). Outras Críticas. São Paulo: Senac /Itaú Cultural, 2000.
BUTLER, Jeremy G. Television Stlyle. Nova Iorque: Routledge, 2010.
CANDIDO, Antonio. Textos de intervenção. Seleção, apresentação e notas de Vinicius Dantas. São Paulo: Duas Cidades: Editora 34, 2002.
FRYE, Northrop. Anatomia da Crítica. Quatro Ensaios. São Paulo: Realizações Editora, Livraria e Distribuidora Ltda, 2014.
GARCIA, Maria Cecília. Reflexões sobre a crítica teatral nos jornais: Décio de Almeida Prado e o problema da apreciação da obra artística no jornalismo cultural. São Paulo: Editora Mackenzie, 2004.
TODOROV, Tzvetan. Crítica da crítica. Um romance de aprendizagem. São Paulo: Editora Unesp, 2015.