Trabalhos Aprovados 2019

Ficha do Proponente

Proponente

    Mari Sugai (USP)

Minicurrículo

    Mari Sugai. E-mail: msugai@gmail.com.
    Pós-doutora pela Universidade de São Paulo (Programa Pós-Graduação em Língua, Literatura e Cultura Japonesa), doutora pela Universidade Federal da Paraíba (Programa Pós Graduação em Letras), mestre pela USP e graduada em Cinema pela Fundação Armando Álvares Penteado. Além de pesquisadora (atualmente realizando o segundo pós-doutoramento, pela mesma instituição), atua como docente em cursos livres e ensino superior (Comunicação Social e Audiovisual), além de

Ficha do Trabalho

Título

    A contribuição dos elementos visuais no espaço fílmico de Seguindo em

Resumo

    A composição visual é constituída de elementos como formas, texturas, volumes, perspectivas, profundidades de campo e outros. Por estar presente na intersecção entre pintura e cinema, verificaremos no presente trabalho, se a organização dos elementos cênicos e escolhas estéticas em Seguindo em frente (Hirokazu Koreeda, 2008), auxiliaram na narrativa. Os estudos de Jacques Aumont sobre imagem e confluência entre artes visuais e cinema, terão destaque e servirão como principal fonte consultada.

Resumo expandido

    O presente trabalho é resultado de uma pesquisa desenvolvida durante o estágio do pós-doutoramento (2017-2018), realizado no Programa de Pós-Graduação em Língua, Literatura e Cultura Japonesa da Universidade de São Paulo.
    A proposta visou analisar de modo crítico, os elementos visuais cenográficos presentes em determinadas cenas do filme Seguindo em frente (Hirokazu Koreeda, 2008) e se os mesmos atuaram ativamente na produção de sentido e narrativa na obra cinematográfica em questão. O enredo fílmico trata do encontro anual dos membros da família Yokoyama para homenagear a memória de um parente falecido.
    No que diz respeito de modo geral ao espaço cênico, ele encontra-se presente nas artes desde as encenações promovidas durante a Grécia Antiga, em que os locais das práticas não foram construídos visando tal finalidade, mas sim para que as apresentações pudessem tomar parte.
    Nas artes visuais, o espaço é integrante obrigatório, não levando em conta exclusivamente a base (tela) em que a pintura é produzida, mas, equivalentemente, a representação pictórica criada e igualmente perceptível na fotografia e no cinema.
    Um dos elementos visuais a ser discutido é a profundidade de campo, que permite ao público o acesso visual do recinto espacial por trás do objeto em primeiro plano. Jacques Aumont (2004) afirma que, tanto no mundo real quanto na pintura, a perspectiva oferece sensação de profundidade, permitindo, de modos distintos, identifica-la de forma igualitária em ambos os modos. O segundo componente trata, portanto, da perspectiva, elemento que antecede o cinema, presente também nas artes visuais. Através do uso de linhas, arquitetônicas ou resultantes de mobiliários e/ ou objetos cênicos inseridos na espacialidade fílmica, pode-se alcançar o (terceiro) recurso, ponto de fuga, que promove a impressão de recintos amplos, bem como o de orientar o olhar do público pela tela (fílmica, fotográfica ou pictórica).
    A cenografia audiovisual não trata apenas da técnica perspectivista, mas também da forma aplicável da perspectiva e seu uso a favor da narrativa, maneira pela qual as figuras e ações se situam na arquitetura (AUMONT, 2004). Ou seja, ela é construída levando-se em consideração não exclusivamente o local em si, mas também as necessidades dramáticas, do trânsito de personagens e de suas (inter)ações com o ambiente e objetos cenográficos.
    Para compor os enquadramentos e imagens de Seguindo em frente, longos planos estáticos foram usados para integrar visualmente as linhas, volumes, profundidades, cores e outros itens presentes na película japonesa. Esses componentes estão “naturalmente” presentes e formam os ambientes internos e externos da residência dos Yokoyama, bem como os das áreas fora do perímetro residencial dos personagens. Eles parecem oferecer situações em que se percebe (de modo sutil), os seus usos em favor da narrativa. Dentre outros efeitos, nota-se a profundidade de câmera, planos que tiraram proveito das linhas arquitetônicas dos cômodos da residência familiar (como a cozinha, sala de jantar, banheiro, antigo consultório do patriarca e demais) para, em certos momentos, colaborar na trama fílmica, e em outros para orientar o olhar do espectador.
    Os cenários do longa-metragem de Koreeda são formados por elementos factíveis de serem encontrados no mundo natural, e não são levados ao extremo, como, por exemplo, a estética utilizada pelo Impressionismo alemão e os seus cenários distorcidos e iluminação contrastada; contudo, a obra japonesa mostra-se satisfatória no uso que faz dos itens visuais que compõem os espaços a fim de colaborar tanto visual quanto narrativamente.
    Pode-se concluir que, devido ao fato de o cinema ser uma arte visual resultante de outras que surgiram anteriormente a ele, torna-se natural que, apesar de aspectos distintos de linguagem, outros se interceptem, permitindo, desse modo, o uso de elementos pertencentes a um e outro com o intuito de utilizar o mais adequado para determinada finalidade.

Bibliografia

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