Ficha do Proponente
Proponente
- Paulo Cunha (UBI)
Minicurrículo
- Paulo Cunha é docente na Universidade da Beira Interior, onde dirige o Mestrado em Cinema, Doutor em Estudos Contemporâneos pela Universidade de Coimbra, Investigador integrado no LabCom – Comunicação e Artes e Coordenador editorial da Aniki: Revista Portuguesa da Imagem em Movimento. Coordena o ST “Cinemas Pós-Coloniais e Periféricos” na SOCINE e o GT homónimo na AIM – Associação de Investigadores da Imagem em Movimento.
Ficha do Trabalho
Título
- Colonialismo e capitalismo no mercado cinematográfico português (1961-
Seminário
- Cinemas pós-coloniais e periféricos
Resumo
- Esta proposta pretende mapear e analisar a organização do mercado cinematográfico em Angola e Moçambique durante o período final de vigência do Estado Novo (1961-74), procurando conhecer os mecanismos de produção, distribuição e exibição de cinema nesses territórios “periféricos” do Império colonial português, nomeadamente nas suas relações com a “metrópole”, com a administração colonial local e com os espaços económicos vizinhos.
Resumo expandido
- Em Portugal, a instituição Cinema foi sendo gradualmente construída ao longo do século XX, de modo fragmentado e pouco global. Por diversas circunstâncias, sobretudo geográficas, Angola (a 6.200 km de Lisboa) e Moçambique (a 7.900 km) sempre ocuparam um espaço particular nessa organização do sistema cinematográfico português, situando-se claramente numa “periferia” que os distanciava da dita “metrópole” e, simultaneamente, os aproximava de outros espaços económicos e sociais que não eram controlados ou sequer influenciados pela ditadura portuguesa sediada em Lisboa.
De acordo com os dados compilados a partir da informação publicada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), os indicadores relativos ao mercado cinematográfico em Angola e Moçambique crescem gradual e sustentadamente entre 1942 e 1974, incluindo no período do conflito armado pela independência desses territórios. Em termos de espectadores, os números são significativos: em Angola, com 5,6 milhões de habitantes (1970), soma 4,4 milhões espectadores (1973); em Moçambique, com 8,2 milhões de habitantes (1970), regista 4,6 milhões de espectadores). No território “metropolitano” (8,6 milhões de habitantes em 1970), o número de espectadores está estabilizado em torno dos 28,9 milhões, com Lisboa a assegurar 12,1 milhões e o Porto a somar 4,4 milhões.
Ao contrário opinião pública, da imprensa especializada e das próprias autoridades políticas, existia um desconhecimento generalizado em relação à dimensão dos mercados “ultramarinos” de então, os grandes grupos económicos com posições dominantes no mercado português (Doperfilme e Lusomundo) estavam atentos e definiram um plano de investimentos que esteve na origem deste crescimento significativo, mesmo em tempo de guerra.
Esta proposta pretende mapear e analisar a organização do mercado cinematográfico em Angola e Moçambique durante o período de vigência do Estado Novo, procurando conhecer os mecanismos de produção, distribuição e exibição de cinema nesses territórios “periféricos” do Império colonial português, nomeadamente nas suas relações com a “metrópole”, com a administração colonial local e com os espaços económicos vizinhos, nomeadamente a África do Sul e a Índia.
Bibliografia
- Anuário Estatístico do Império Colonial (1943-1949). Lisboa: Instituto Nacional de Estatística.
Anuário Estatístico do Ultramar (1950-1964). Lisboa: Instituto Nacional de Estatística.
Anuário Estatístico da Província de Moçambique (1964-1973). Lisboa: Instituto Nacional de Estatística.
Anuário Estatístico da Província de Angola (1964-1973). Lisboa: Instituto Nacional de Estatística.
CUNHA, Paulo (2018). Uma nova história do novo cinema português. Lisboa: Le Monde Diplomatique/Um outro modo.
GEADA, Eduardo (1977). O Imperialismo e o Fascismo no Cinema. Lisboa: Moraes Editores.
MENDONÇA, Leandro (2007).Cinema e indústria: o conceito de modo de produção cinematográfico e o cinema brasileiro. São Paulo: Tese de Doutorado apresentada à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.