Ficha do Proponente
Proponente
- Marcella Furtado Rodrigues (USP)
Minicurrículo
- Marcella Furtado é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais da Escola de Comunicações e Artes (ECA/USP) na linha de pesquisa História, Teoria e Crítica. Mestre em Artes pela UFMG (2008). Especialista em Cinema pela PUC-Minas (2006). Graduada em Comunicação Social (habilitação em Jornalismo/2004 e em Radialismo e TV/2005) e em Cinema de Animação e Artes Digitais (2014) também pela UFMG. Desde 2010 é arte-educadora no Museu da Imagem e do Som de Belo Horizonte.
Ficha do Trabalho
Título
- Movimentos pela Anistia em Belo Horizonte em registros da Globo Minas
Resumo
- Neste trabalho serão analisadas reportagens produzidas pela Rede Globo Minas, que compõem o acervo do Museu da Imagem e do Som de BH e abordam os movimentos pela anistia que se organizaram e atuaram na capital mineira entre os anos 1977 e 1980. São reportagens sobre ações do Movimento Feminino pela Anistia e do Comitê Brasileiro pela Anistia, debates promovidos, exposições, manifestações, denúncias, atentados e ameaças sofridas, homenagens e recepção aos exilados em retorno à capital mineira.
Resumo expandido
- A pesquisa de doutorado “BH em movimento: Registros audiovisuais do período da ditadura na capital de Minas”, que engloba o trabalho aqui proposto, busca localizar e analisar materiais audiovisuais relacionados a reportagens televisivas realizadas pela Rede Globo Minas entre o ano de 1968 e o ano de 1983 em Belo Horizonte e que façam referência a pessoas e/ou eventos relacionados ao período militar. Tal material encontra-se sob a guarda do Museu da Imagem e do Som de Belo Horizonte. O MIS-BH (fundado em 1995 como Centro de Referência Audiovisual – CRAV) é um órgão ligado à Fundação Municipal de Cultura, da Prefeitura de Belo Horizonte.
A tese possui em seu escopo reportagens que, em sua maioria, estão identificadas pelo título e data de produção. A maior parte dos filmes ainda não passou por revisão física, e apenas alguns títulos foram assistidos desde que chegaram à instituição, em 2002. Pelas condições das películas e ressecamento das fitas durex que fazem suas emendas, o conjunto geral dos rolos provavelmente só foi assistido quando de seu arquivamento no acervo da Globo Minas, ação contemporânea à da gravação das reportagens. Desta forma, são filmes que em sua maioria ainda não tiveram seu conteúdo acessado no século XXI .
Analisar estes arquivos audiovisuais nos dá a possibilidade de conhecer eventos diversos relacionados ao período e perceber como eram feitos os registros dos acontecimentos e dos personagens envolvidos visando a divulgação dos fatos na imprensa televisiva. A tese é uma oportunidade de socializar estes filmes que, embora estejam disponíveis para acesso público, ainda foram pouco explorados pela instituição que detém sua guarda e consequentemente por outros pesquisadores interessados no tema. São registros singulares que a partir da divulgação desta pesquisa terão maior possibilidade de apropriação pública.
Os rolos das reportagens analisadas não consistem nas matérias finalizadas. É o filme em um estágio intermediário entre o que foi de fato gravado e o que possivelmente foi veiculado na TV. Há cortes, visto que o rolo de filme possui emendas, mas o material não possui créditos nem texto em off. Em algumas fitas há repetição de cenas gravadas, passagens (do repórter para a câmera) e entrevistas, o que reforça a noção de um estágio intermediário da reportagem. A pesquisa neste acervo ajudará a tornar públicos imagens e sons que foram feitos para serem arquivados visto que as reportagens que iam efetivamente ao ar tinham aproximadamente um minuto de imagens, enquanto alguns registros encontrados entre os rolos do Fundo Globo no MIS-BH chegam a 10 minutos de filme.
Não são materiais prontos, mas em processo. “Os arquivos têm uma dimensão lacunar e dão acesso apenas a fragmentos de uma história ainda a ser escrita” (2016, p. 108) ressalta Anita Leandro no texto “Os acervos da ditadura na mesa de montagem”. Nossa proposta é perceber as lacunas deixadas (não necessariamente preenchê-las) e mostrar a potência narrativa desses registros.
No trabalho proposto para apresentação no Encontro da Socine serão analisadas reportagens produzidas pela Rede Globo Minas que abordam os movimentos pela anistia que se organizaram e atuaram na capital mineira entre os anos 1977 e 1980.
Os títulos separados para análise trazem temas diversos relacionados à anistia e seus desdobramentos: reportagens sobre a atuação do Movimento Feminino pela Anistia e do Comitê Brasileiro pela Anistia, debates promovidos, exposições, manifestações, denúncias, atentados e ameaças sofridas, homenagens e recepção aos exilados em retorno à capital mineira.
Para tanto, faremos uma breve contextualização do MFPA e do CBA na capital mineira, para então buscarmos entender de que forma a memória do período é construída em reportagens sobre a atuação destas entidades.
Bibliografia
- AUTRAN, Arthur. Paulo Emílio e a constituição das bases da pesquisa histórica sobre cinema no Brasil. REVISTA USP, São Paulo, n.60, p. 114-121, dezembro/fevereiro 2003-2004. Disponível em: http://www.periodicos.usp.br/revusp/article/download/13309/15127. Acesso em: 12 fev. 2019.
BRASIL NUNCA MAIS. Disponível em: . Acesso em: 30 set. 2018.
LEANDRO, Anita. Os acervos da ditadura na mesa de montagem. Logos (Rio de Janeiro. Online), v. 23, p. 1-15, 2016. Disponível em: . Acesso em: 14 fev. 2017
MORETTIN, Eduardo. Acervos cinematográficos e pesquisa histórica: questões de método, In: Revista Esboços, Florianópolis, v. 21, n. 31, ago. 2014, p.50-67.
NAPOLITANO, Marcos. 1964: história do regime militar brasileiro. São Paulo: Contexto, 2014. 365 p.
OLIVEIRA, Ana Maria Rodrigues de. Helena Greco, eu te batizo: anistia. Belo Horizonte: [s. n.], c1983. 67 p.