Trabalhos Aprovados 2019

Ficha do Proponente

Proponente

    Lila Silva Foster (UnB)

Minicurrículo

    Lila Foster é pós-doutoranda junto ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade de Brasília. Articulando pesquisa histórica e preservação audiovisual, se dedica ao levantamento da produção amadora no Brasil. É membro do Laboratório Universitário de Preservação Audiovisual da Universidade Federal Fluminense (LUPA-UFF), diretora de relações institucionais da ABPA – Associação Brasileira de Preservação Audiovisual e curadora da Mostra de Cinema de Ouro Preto – Cinema e Patrimônio.

Ficha do Trabalho

Título

    Festival de Cinema Amador JB/Mesbla: história e preservação

Mesa

    História e preservação do curta-metragem brasileiro

Resumo

    Lançado em 1965, o Festival de Cinema Amador JB/Mesbla foi uma das primeiras competições de curtas-metragens de alcance nacional. Aceitando filmes nas bitolas 8mm e 16mm, o festival criou um ambiente de interlocução entre o campo profissional e jovens cineastas que iniciavam a sua carreira. A presente comunicação pretende traçar as origens históricas do festival, além de fornecer informações sobre a preservação de filmes participantes depositados em arquivos públicos e particulares.

Resumo expandido

    No dia 11 de março de 1975, a jornalista e crítica de cinema Miriam Alencar publicou no Jornal do Brasil o artigo “Curta-metragem: esse marginal do cinema brasileiro” no qual defendia a importância do curta-metragem dentro do quadro de produção do cinema brasileiro: “não é mais possível ignorar o curta-metragem dentro do cinema brasileiro. O curta se renova, pesquisa, procurando sempre criar algo de novo, num gênero que possui recursos inesgotáveis”. Atenta à produção contemporânea que circulava em festivais e aos curta-metragistas que produziam de forma independente, a autora também tinha como perspectiva a necessidade de inventariar e historiar tal produção para que ela não caísse no esquecimento.

    Lançado em 1965, o Festival de Cinema Amador JB/Mesbla foi uma das primeiras competições de curtas-metragens de alcance nacional e foi a ele que Miriam Alencar dedicou especial atenção no livro “O cinema em festivais e os caminhos do curta metragem no Brasil”, uma das primeiras obras a denotar a importância do curta-metragem. Aceitando filmes de curta duração rodados nas bitolas 8mm e 16mm, o festival criou, nos anos 1960, um ambiente de troca e interlocução entre o campo profissional do cinema brasileiro e os jovens cineastas que iniciavam ali a sua carreira. Agregando diversas personalidades do meio cinematográfico na sua organização — comitês de seleção, júri e cobertura oficial — , o festival foi um importante espaço de lançamento de diversos jovens realizadores que iniciavam a sua trajetória cinematográfica como Andrea Tonacci, Rogério Sganzerla, Geraldo Veloso, Fábio Barreto, entre outros.

    Uma parte desconhecida da história do cinema brasileiro, a presente comunicação pretende traçar as origens históricas e o contexto de realização do festival tendo como fonte primária o Jornal do Brasil, meio de comunicação responsável pela sua realização. Com intenso debate desenvolvido nas páginas do periódico carioca sobre os rumos da profissionalização do cinema brasileiro, nosso trabalho buscará mapear as discussões em torno do cinema brasileiro e as relações entre o cinema amador e o cinema profissional: as expectativas dos jovens realizadores quanto a sua profissionalização e os múltiplos discursos da corporação cinematográfica quanto ao status do cinema nacional. Por outro lado, a pesquisa preliminar nas páginas do Jornal do Brasil também indica a envolvimento de outros setores sociais na realização de filmes como professores de escolas públicas, jovens universitários, amadores das mais diversas origens.

    Além da contextualização histórica do evento, pretendemos aliar pesquisa histórica e levantamento filmográfico, elencando uma lista filmes que participaram do evento e o estado de preservação do conjunto de filmes encontrados em acervos públicos e particulares.

Bibliografia

    ALENCAR, Miriam. O cinema em festivais e os caminhos do curta metragem no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Artenova/Embrafilme, 1978.

    BERNARDET, Jean-Claude. Cinema Brasileiro: propostas para uma história. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.

    ZIMMERMANN, Patricia R. Morphing History into Histories: from Amateur Film to the Archive of the Future. In: ISHIZUKA, Karen L.;ZIMMERMANN, Patricia R. (orgs.). Mining the home movie: excavations in histories and memories. Berkeley e Los Angeles: University of California Press, 2008. pp.275-288