Trabalhos Aprovados 2019

Ficha do Proponente

Proponente

    Eduardo de Souza de Oliveira (UFSCAR)

Minicurrículo

    Eduardo de Souza de Oliveira é mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em Imagem e Som da UFSCar. Possuí graduação em Ciências Sociais pela UNICAMP. Atualmente desenvolve a pesquisa “Vídeo comunitário estudantil – a autorrepresentação de moradias estudantis universitárias” (título provisório), com financiamento da CAPES. Atua na área de Documentário e Videodocumentário, dando ênfase aos processos de uso político/militante dos recursos cinematográficos e videográficos por grupos marginalizados.

Ficha do Trabalho

Título

    Vídeo comunitário estudantil

Seminário

    Cinemas pós-coloniais e periféricos

Resumo

    A presente pesquisa busca investigar o vídeo comunitário realizado por estudantes universitários acerca de moradias estudantis universitárias. Através da análise de um corpus de videodocumentários, procuro abordar a autorrepresentação dessas comunidades, imagética e sonoramente construídas através da linguagem do documentário. As condições de vivência, convivência, pertencimento, memória afetiva e reivindicação política são temáticas recorrentes presentes nesses vídeos.

Resumo expandido

    A presente pesquisa busca investigar vídeos comunitários realizados por estudantes universitários acerca de moradias estudantis universitárias. Através da análise de um corpus de videodocumentários, procuro abordar a autorrepresentação dessas comunidades, imagética e sonoramente construídas através da linguagem do documentário. As condições de vivência, convivência, pertencimento, memória afetiva e reivindicação política a partir da abordagem de residências/moradias/casas estudantis vinculadas a universidades públicas, permitem caracterizar uma prática de realização videográfica sintonizada com mobilizações de representação social contemporâneas e com a potencialidade tecnológica da imagem digital. Os objetivos específicos são: analisar o discurso, sujeitos e ambientes mostrados, posicionamento e movimentos de câmera que impactam na construção desse retrato comunitário; investigar as estratégias narrativas empregadas; analisar a gama de intencionalidades dos vídeos quanto às denúncias sobre a precariedade de infraestrutura, reivindicações de direitos, posicionamentos políticos, diversidade cultural; sentimento de pertencimento e relações afetivas; e estabelecer sintonias e dissonâncias entre os vídeos de modo a caracterizar padrões de representação. A metodologia se baseia na identificação, seleção e análise de conteúdo e forma de um corpus de videodocumentários encontrados e baixados da plataforma You Tube, realizados por estudantes universitários, que retratam residências/casas/moradias estudantis vinculadas às universidades públicas. A seleção se concentra em torno de 11 vídeos, em sua maioria com duração entre 10 a 20 minutos, captados por câmeras digitais. O período de realização das produções está compreendido entre os anos de 2000 a 2018, destacando o fenômeno de utilizar aparelhos de formato digital como meio de criação documentária de conteúdo reivindicatório ou de memória afetiva. Vídeos como “Eu moro na Casa do Estudante – UFRGS”, que retrata o significado afetivo para os moradores em residir na casa estudantil da UFRGS; “Moradia Estudantil da UNICAMP: um espaço de conquistas”, sobre a memória de luta em torno da construção da Moradia da UNICAMP e seu estado atual; “A Nossa Casa”, sobre o surgimento, problemas atuais e diversidade cultural da casa estudantil da Universidade Federal de Tocantins (UFT); e “Residência Universitária da UFBA, minha casa é de todos”, um morador que mostra o interior da residência universitária da UFBA e entrevista outros moradores a procura de significados subjetivos sobre o local, são exemplos de materiais que serão analisados durante a pesquisa. A escolha dos vídeos também leva em consideração a diversidade encontrada nesses materiais. Diversos em termos de regionalidade (abrangendo quatro regiões do país), de modalidades de fala (depoimento pessoal, relato de grupo e individual, entrevistas, narração over), de experiências (memória em torno da construção do espaço, denúncias sobre descasos, retrato das vivências do ambiente) e de tipos de registro da câmera (somente sobre o sujeito que fala, adentrando o espaço, o retrato de um grupo que fala, registrando a universidade ou o entorno). Além da análise estética e de conteúdo e da leitura em torno da bibliografia pesquisada, pretendo realizar entrevistas por email com os realizadores dos vídeos com a finalidade de averiguar alguns pontos de motivação e vinculação com os espaços retratados, as razões de realização, o uso da linguagem documentária e as intenções iniciais, e o impacto que o vídeo gerou na observação da recepção.

Bibliografia

    ALVARENGA, Clarisse Maria Castro de. Vídeo e experimentação social: Um estudo sobre o vídeo comunitário contemporâneo no Brasil (Dissertação de Mestrado) Campinas: IA/Unicamp/PPG em Multimeios, 2004.

    BERNARDET, Jean-Claude. Cineastas e imagens do povo. São Paulo, SP: Companhia das Letras, 2003. 318 p

    NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. Campinas:Papirus, 2005

    OLIVEIRA, H.L.P. Tecnologias audiovisuais e transformação social: o movimento de vídeo popular no Brasil (1984-1995). Dissertação de doutorado em História. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2001.

    SANTORO, Luiz Fernando. A imagem nas mãos: o video popular no Brasil. São Paulo, SP: Summus, 1989. 135 p.

    SOTOMAIOR, Gabriel de Barcelos. Cinema Militante, videoativismo e vídeo popular: A luta no campo do visível e as imagens dialéticas da história. Tese (Doutorado em Multimeios). Instituto de Artes, Universidade Estadual de Campinas. Campinas p. 393. 2014.