Ficha do Proponente
Proponente
- Laura Loguercio Cánepa (UAM)
Minicurrículo
- Doutora em Multimeios (UNICAMP). Docente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Anhembi Morumbi. Visiting Research Fellow na University of Leeds – 2019.
Coautor
- Genio de Paulo Alves Nascimento (UAM)
Ficha do Trabalho
Título
- “Incrível! Fantástico! Extraordinário!” e a intermidialidade no horror
Mesa
- História(s) do horror brasileiro: memórias, circuitos e legados
Resumo
- Este trabalho se propõe a examinar o fenômeno audiovisual e midiático brasileiro constituído pela série “Incrivel! Fantástico! Extraordinário!”, criada originalmente para o rádio em 1947, e logo incorporada pela imprensa escrita, e depois pelo cinema e televisão nacionais. O objetivo é dar início a uma discussão sobre a produção audiovisual de horror brasileira relacionada a outros meios de comunicação e expressões artísticas, como o rádio, a literatura e as histórias em quadrinhos.
Resumo expandido
- Antes do domínio da televisão nos lares brasileiros, o rádio reinava como meio eletrônico de comunicação massiva, e um de seus formatos mais populares era a rádio-dramaturgia. Dentre as inúmeras possibilidades exploradas nesse campo estavam as histórias de fantasmas e assombrações.
Um dos pioneiros e mais importantes artistas/produtores a dar espaço a essas histórias foi Henrique Foréis Domingues (1908-1980), mais conhecido como “Almirante”. Foi ele o responsável pela criação do longevo programa “Incrível! Fantástico! Extraordinário!”, na Rádio Tupi do Rio de Janeiro, em 21 de outubro de 1947. Durante quase 12 anos, Almirante e sua equipe reconstituíram centenas de relatos de terror, supostamente enviados por ouvintes do Brasil inteiro. Transmitido ao vivo, sempre nas noites de terças-feiras, o programa apresentava, a cada edição, quatro contos em forma de “causos”.
As histórias, em geral, eram sobre mortos que voltavam para cumprir promessas ou aparições misteriosas. O programa remetia à famosa peça de rádio de Orson Welles, A Guerra dos Mundos (1938), adaptação do romance de ficção científica de HG Wells.
No auge do sucesso da série, em 1951, o próprio Almirante reuniu em livro uma seleção de 70 causos narrados, publicados por O Cruzeiro”. Anos depois, em 1969, o cineasta Adolpho Chadler adaptou para um longa-metragem em episódios quatro histórias publicadas no primeiro livro: “A ajuda”, sobre um homem que atende ao apelo de uma mulher na estrada; “O sonho”, sobre uma moça que prevê a morte de suas colegas; “A volta”, sobre uma mulher aterrorizada pela imagem do marido morto; e “O coveiro”, sobre um homem que deseja roubar o anel de um rico milionário.
No mesmo ano, foi feita a primeira adaptação para quadrinhos, pela Editora Fase, do Rio de Janeiro, com apresentação e textos do próprio Almirante, e desenhos creditados ao Studio Vital Produções.
Em 1980, foi ao ar um quadro dentro do programa Fantástico da Rede Globo de Televisão, com o mesmo nome do programa do Almirante, que trazia teledramatização de vários episódios apresentados no rádio, como “O morto que riu”, sobre um fotógrafo que registrou o sorriso de um cadáver; “O parto”, no qual um médico já falecido ajuda uma grávida a dar à luz. Os episódios foram dirigidos por Maurício Sherman e apresentados pelo ator Mário Lago.
Por fim, em 30 de novembro de 1994, com direção de Marcos Schechtmann e apresentação de Rubens Correa, a extinta Rede Manchete estreou um programa homônimo com a mesma intenção de apresentar, a cada episódio, uma história de suspense e mistério. Diferentemente das adaptações anteriores, porém, que buscavam causos tidos como verídicos, os episódios da Manchete apresentavam versões de contos literários. O programa durou apenas treze episódios e foi encerrado no início de 1995.
Este trabalho busca iniciar uma pesquisa que observe o processo intermidiático e transmidiático em torno da série Incrível! Fantástico! Extraordinário!, de modo a compreender com mais amplitude as formas que essas narrativas adquiriram em suas versões audiovisuais.
Bibliografia
- BARBOSA FILHO, André. Gêneros radiofônicos: os formatos e os programas em áudio. São Paulo: Paulinas, 2003.
CABRAL, Sérgio. No tempo de Almirante, uma história do Rádio e da MPB. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1990.
LIMA, Giuliana Souza de. Almirante, “a mais alta patente do rádio”, e a construção da história da música popular brasileira (1938-1958). Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, 2013.
PRIMATI, Carlos. Incrível! Fantástico! Extraordinário! (1947-1958). Cine Monstro. Disponível em: http://cine-monstro.blogspot.com/2010/05/incrivel-fantastico-extraordinario-1947.html. Acesso em: 31.03.19.
NAGIB, Lúcia e Anne JERSLEV. Introduction. In: NAGIB, Lúcia; JERSLEV, Anne (eds.). Impure Cinema: Intermedial and Intercultural Approaches to Film, Londres, I.B.Tauris, 2014.