Ficha do Proponente
Proponente
- Danilo Fantinel (PPGCOM – UFRGS)
Minicurrículo
- Doutorando em Comunicação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é bacharel em jornalismo pela UFRGS. Após dissertação sobre as relações entre imaginário, comunicação e cinema documentário, prepara tese sobre mitocrítica fílmica – uma proposta teórica metodológica para a pesquisa em cinema na perspectiva dos Estudos do Imaginário. Deu cursos de extensão, foi professor substituto no Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS). É professor de Comunicação no Centro Universitário Fadergs.
Ficha do Trabalho
Título
- Mitocrítica fílmica: base teórico-metodológica para pesquisa em cinema
Resumo
- Nesse artigo, propomos a mitocrítica fílmica como processo teórico-metodológico adequado à pesquisa em cinema que tenha o imaginário como heurística. Nosso objetivo é clarear a observação e a interpretação dos elementos imaginários que energizam filmes cinematográficos dando sempre atenção ao símbolo e ao sensível, mas também aos componentes estruturantes da linguagem audiovisual que ecoam, refletem ou fazem emergir teores simbólicos e fragmentos míticos dinamizadores dessas obras.
Resumo expandido
- Diversas ramificações do conhecimento consolidaram os estudos fílmicos ao longo do tempo, refletindo algumas das principais correntes do pensamento crítico. Entre contextos de reflexão bastante conhecidos e eficazes, destacam-se as análises fílmica, do discurso e da narrativa, as abordagens de semiótica crítica acerca da imagem cinematográfica ou da montagem, bem como estudos culturais, de recepção ou de gênero. Entretanto, na última década pesquisadores da comunicação e do cinema brasileiros passaram a dar mais atenção às relações entre cinema, percepção e imaginário, se alinhando aos interesses de autores como Edgar Morin (2014), Robert Desnos (1983) ou Luis Buñuel (1983). Mais recentemente, surgiram no Brasil consistentes esforços para abordar o cinema do ponto de vista da imagem, do sensível, do poético, do sonho ou do mítico. Porém, apesar de esses olhares resultarem em ampla variedade temática, algumas barreiras teóricas e metodológicas se apresentam, como a problemática do imaginário a partir do senso comum, sem contexto científico, e certa confusão metodológica que tenta identificar os conteúdos simbólicos de ordem imaginária que motivam filmes apenas nas imagens visuais exibidas nessas obras. Nesse artigo, situamos a necessidade de uma compreensão acadêmica mais profunda do imaginário antropológico na vertente da Escola de Grenoble, pela qual a imagem é entendida como símbolo de raiz arquetípica, sendo então a base de todo um sistema semântico imaginário dinamizador do simbolismo e da cultura. Paralelamente, propomos a mitocrítica fílmica como processo teórico-metodológico adequado a toda pesquisa em cinema que tenha o imaginário como heurística. Nosso objetivo é clarear a observação e a interpretação dos elementos imaginários que energizam filmes cinematográficos dando sempre atenção ao símbolo e ao sensível, mas também aos muitos componentes estruturantes da linguagem audiovisual que ecoam, refletem ou fazem emergir teores simbólicos e fragmentos míticos dinamizadores dessas obras. Não se trata de uma simples conferência das imagens visuais de filmes em busca de representações literais do símbolo imaginário, mas sim de um processo de interpretação sensível de narrativas audiovisuais complexas que possa dar conta dos elementos imaginários, simbólicos e míticos que ativam roteiro, narrativa, fotografia, encenação, interpretação, direção ou montagem. Essa amplitude de focos de atenção dialoga com o poder semântico irradiador do imaginário, o qual recai não apenas sobre os filmes em si e suas imagens em movimento, mas também sobre os sujeitos imaginantes que realizam esses produtos culturais e midiáticos. Para sustentar a mitocrítica fílmica, sugerimos atualizações no pensamento crítico sobre as relações entre a imagem simbólica (DURAND, 1996, 2012) e a imagem técnica (FLUSSER, 2011) ou visual (AUMONT, 2011) no contexto da linguagem audiovisual. Esse amálgama de imagens imateriais e de materialidades fílmicas chama a nossa atenção. Para melhor compreendê-lo no âmbito da pesquisa científica, estamos desenvolvendo, em nossa tese de doutoramento, a noção de mitocrítica fílmica como proposta capaz de observar e pensar o cinema pela perspectiva do imaginário. Nesse artigo, pretendemos apresentar pensamentos preliminares acerca de nossa pesquisa.
Bibliografia
- AUMONT, J.A estética do filme.Campinas:Papirus, 2009
____. A imagem.São Paulo:Papirus, 2011
BACHELARD, G.A poética do devaneio. São Paulo:Martins Fontes, 1988
____. O ar e os sonhos.São Paulo: Martins Fontes, 1990
Buñuel, L. Cinema:instrumento de poesia. In:XAVIER, Ismail (org.). A experiência do cinema. Rio de Janeiro:Graal, 1983, p. 331 – 338
DESNOS, R. O sonho e o cinema. In: XAVIER, Ismail (org.). A experiência do cinema. Rio de Janeiro: Graal, 1983, p.315-327
DURAND, G. As estruturas antropológicas do imaginário.São Paulo:Martins Fontes, 2012
____. Campos do imaginário.Lisboa:Instituto Piaget, 1996
ELIADE, M. Imagens e símbolos.São Paulo:Martins Fontes, 2002
____. Mito e Realidade.São Paulo:Perspectiva, 2016
FLUSSER, V.A filosofia da caixa preta.São Paulo:Annablume, 2011
JUNG, C.G.Os arquétipos e o inconsciente coletivo.Petrópolis:Vozes, 2002
MORIN, E.O Cinema ou o homem imaginário.São Paulo:É Realizações Editora, 2014
STAM, R.Introdução à teoria do cinema.Campinas:Papirus, 2018