Trabalhos Aprovados 2018

Ficha do Proponente

Proponente

    Ryan Brandão Barbosa Reinh de Assis (UFF)

Minicurrículo

    Doutorando em Cinema e Audiovisual na Universidade Federal Fluminense (UFF). Mestre em Artes, Cultura e Linguagens (2016) e Bacharel em Comunicação Social (2013) pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Bacharel em Direito (2014) pelas Faculdades Integradas Vianna Júnior (FIVJ). Licenciando em História na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).

Ficha do Trabalho

Título

    Cinemas em Paris: práticas de exibição e espectação nas periferias

Resumo

    Esta comunicação pretende examinar as sociabilidades relacionadas às práticas de exibição e espectação cinematográficas ocorridas nas periferias parisienses depois da Segunda Guerra Mundial, momento em que a França experimentou um crescimento econômico significativo, devido, principalmente, à influência dos imigrantes, em especial os de origem norte-africana, que, com o término do conflito armamentista, para lá se dirigiram.

Resumo expandido

    De acordo com Richard Maltby (2011), ao longo das últimas décadas, despontou, nas reflexões acerca da história do cinema, uma tendência que, ao invés de destacar o conteúdo apresentado pelos filmes, passou a considerar as diversas práticas de exibição e espectação cinematográficas existentes. “A história do cinema tem sido escrita como se os filmes não tivessem audiência, ou como se os filmes fossem vistos por todos e da mesma maneira, ou então como se não importasse como e por quem os filmes fossem vistos” (ALLEN, 2002, p.300). Esse esforço reúne, atualmente, pesquisadores das mais diversas áreas, tais como antropologia, arquitetura, economia, estudos culturais, história, geografia e sociologia, além, é claro, dos estudos cinematográficos e de mídia. O fato é que, tendo alcançado uma maturidade metodológica – ainda que as discussões a respeito das metodologias empregadas, pelos estudiosos da área, sejam constantes –, esse campo já desenvolveu uma identidade própria, à qual foi atribuído o nome de “nova história do cinema”. “A nova história do cinema clama, explicitamente, por mais pesquisas sobre as audiências e a recepção, visando entender o cinema como um fenômeno social mais complexo” (BILTEREYST; LOTZE; MEERS, 2012, p.691). No entanto, ao chamarmos esse campo de “nova história do cinema”, estamos a distingui-lo daquilo que se praticava até o momento. Segundo Richard Maltby (2011), a “história do cinema” era, predominantemente, uma história da produção, da direção e dos filmes realizados. “Qualquer pessoa interessada em questões históricas não-cinetextuais – por exemplo, o que poderia ter se passado nas bilhões de vezes em que os textos fílmicos foram lidos pelos espectadores – era considerada empirista” (ALLEN, 2002, p.300). Nesse sentido, a “história do cinema”, na maioria das vezes, poderia ser caracterizada, em suas atribuições, como avaliativa, classificatória ou curatorial. “A história do cinema significava a história dos filmes. É claro, nem todos os filmes, apenas aqueles que um professor pudesse nomear como ‘arte’ na defesa do seu curso para um colega da história da arte ou da literatura” (ALLEN, 2002, p.300). Portanto, ela se preocupava, sobretudo, com a compreensão das estruturas econômicas, políticas e estéticas, que, por sua vez, faziam com que os filmes assumissem uma determinada forma. Por sua vez, Michèle Lagny (1994) aponta para a necessidade de uma “história cinematográfica total”, ou seja, uma articulação entre três tipos de análise: a que lide com os objetos culturais, com o quadro de sua criação e circulação e, finalmente, com o seu consumo pelos espectadores. Nesse sentido, a presente comunicação examina as sociabilidades relacionadas às práticas de exibição e espectação cinematográficas ocorridas nas periferias francesas depois da Segunda Guerra Mundial, momento de proliferação das salas nessas regiões. Para tanto, avalia-se, primeiro, o crescimento – e consequente modernização – da capital francesa nesse período, devido, principalmente, à influência dos imigrantes, em especial os de origem norte-africana, que, com o término do conflito armamentista, para lá se dirigiram. Segundo Yvan Combeau (2009), entre os anos de 1946 e 1954, chegaram, apenas a Paris, estimulados pelo governo francês, 379 mil novos habitantes, uma quantidade expressiva. Ao povoarem localidades distantes do centro – que, por sua vez, contavam com escassas opções de socialização [dentre elas, as salas de cinema] – recriou-se o modelo geográfico colonial de exclusão, que perdura, infelizmente, até os dias atuais.

Bibliografia

    ALLEN, Robert C. From exhibition to reception: reflections on the audience in film history. In: WALLER, Gregory (Org). Moviegoing in America: a sourcebook in the history of film exhibition. Massachusetts: Blackwell Publishers 2002.

    ALLEN, Robert C; GOMERY, Douglas. Film History: theory and practice. New York: Alfred A. Knopf, 1985.

    BILTEREYST, Daniel; LOTZE, Kathleen; MEERS, Philippe. Triangulation in historical audience research: methodological research project on cinema audiences in Flanders. In: Participations, Volume 9, Issue 2, 2012.

    COMBEAU, Yvan. Paris: uma história. Porto Alegre: L&PM, 2009.

    COELHO, Ricardo Corrêa. Os franceses. São Paulo: Ed. Contexto, 2013.

    LAGNY, Michèle. Film history: or history expropriated. In: Film History, Volume 6, Issue 1, 1994.

    MALTBY, Richard. New cinema histories. In: BILTEREYST, Daniel; MALTBY, Richard; MEERS, Philippe (Orgs). Explorations in new cinema histories: approaches and case studies. Massachusetts: Wiley-Blackwell, 2011.