Ficha do Proponente
Proponente
- Fabíola Paes de Almeida Tarapanoff (FIAM)
Minicurrículo
- Doutora pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Comunicação – Área de Concentração: Processos Comunicacionais – Linha de Pesquisa: Comunicação Midiática nas Interações Sociais pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Pesquisadora visitante na University of California, Los Angeles (UCLA) em 2013. Professora universitária dos cursos de Comunicação Social do FIAM-FAAM-Centro Universitário. Diretora do curta-metragem “Moira” pela Academia Internacional de Cinema (AIC).
Ficha do Trabalho
Título
- Beleza imperfeita: “Outsiders” e Expressionismo em Guillermo Del Toro
Resumo
- “Outsiders” em um mundo intolerante. O objetivo do artigo é analisar essa temática, tão presente em Guillermo Del Toro, identificando também a influência do Expressionismo alemão e do gótico. A metodologia inclui: levantamento bibliográfico e análise das obras “Cronos” e “A forma da água” segundo a “Jornada do herói”, de Vogler e da mitanálise e mitocrítica, de Portanova Barros.
Palavras-chave: 1. Guillermo del Toro. 2.Cinema de horror. 3.Expressionismo alemão. 4. Gótico. 5. “Outsiders”.
Resumo expandido
- “No final, a perfeição é só um conceito – uma impossibilidade que nós usamos para torturar a nós mesmos e que contradiz a natureza.” A frase do cineasta Guillermo Del Toro, presente no livro “Cabinet of curiosities: my notebooks, collections, and others obsessions” (Nova York: Harper Collins, 2013), escrito com o jornalista Scott Mark Zicree retrata um dos temas principais de seu trabalho: revelar a beleza de seres imperfeitos, “outsiders” em uma sociedade que busca a perfeição a todo custo.
Segundo Howard Becker na obra “‘Outsiders’: estudos de sociologia do desvio”, o autor diz que “outsider” é um “tipo especial, alguém de quem não se espera viver de acordo com as regras estipulados pelo grupo” (2008, p.15).
“Outsiders” estão presentes desde o início da história do cinema e especialmente no movimento Expressionista, que explorava o macabro e o sensacionalismo. Entre as produções expressionistas que contribuíram para o chamado “cinema de horror” estão
“O gabinete do Dr. Caligari” (1920), de Robert Wiene, que trazia elementos definidores do gênero como cenários abstratos, a ênfase na perspectiva distorcida da realidade e a sinistra caracterização dos personagens e “Nosferatu: uma sinfonia de horrores” (1922), de F. W. Murnau, livre adaptação de “Drácula”.
Nascido em Guadalajara, na cidade do México em 1965, Del Toro também era um “outsider”, que se identificava com seres monstruosos e solitários. Na infância, tornou-se um leitor compulsivo e cresceu lendo romances góticos dos séculos XVIII e XIX e contos de terror escritos por Edgar Allan Poe e H. P. Lovecraft, que o influenciaram fortemente como diretor, além dos filmes de terror do Expressionismo alemão.
O objetivo do artigo é analisar a imagem do “outsider”, tão presente na obra de Del Toro, identificando também a influência do Expressionismo alemão e do gótico em sua estética. Segundo Mario Praz, Del Toro em sua obra une o horror ao belo, o que resulta no surgimento de uma nova categoria estética: a “beleza horrível” que traz o “horror prazeroso”, por meio da descrição de cenas e imagens (1999, p.45).
O objeto de estudo são as obras “Cronos” (1993) e “A forma da água” (2017). Na primeira o diretor faz uma releitura de uma criatura mítica que tem suas origens na literatura gótica, na obra “Drácula”, de Bram Stoker: o vampiro. Na segunda, ganhadora do “Oscar de Melhor Filme” em 2018, mostra a história de uma empregada da limpeza muda, Elisa (Sally Hawkins), que trabalha num secreto laboratório governamental em plena Guerra Fria. No laboratório habita também uma misteriosa criatura, um humanóide aprisionado (Doug Jones), com quem ela desenvolve uma relação romântica. O filme explora os temas da diferença, da tolerância e da compaixão, em contexto de pura fantasia.
Os procedimentos metodológicos incluem: levantamento bibliográfico, realização de entrevistas com cineastas e professores de audiovisual e análise em profundidade das obras mencionadas segundo a “Jornada do herói”, de Christopher Vogler e da mitanálise e mitocrítica, de Ana Taís Martins Portanova Barros.
A fundamentação teórica inclui autores como Howard Becker, Cornelius Castoriadis, Noël Carroll, Phillip Kemp, Mario Praz, Guillermo del Toro, Scott Mark Zicree e Tzvetan Todorov.
Bibliografia
- BARROS, Ana Taís Martins Portanova. “Comunicação e imaginário: uma proposta mitodológica.” In: “Intercom – Revista Brasileira de Ciências da Comunicação.” Disponível em: http://portcom.intercom.org.br/revistas/index.php/revistaintercom/article/view/596. Acesso em: 13 maio.2018.
BECKER, Howard. “Outsiders: estudo de sociologia do desvio.” Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
CARROLL, Noël. “A filosofia do horror ou paradoxos do coração.” Campinas, SP: Papirus, 1999.
CASTORIADIS, Cornelius. “As encruzilhadas do labirinto II. Os domínios do homem”. Rio de Janeiro: Paz e Terra,2002.
DEL TORO, Guilhermo; ZICREE, Scott Mark. “Cabinet of curiosities: my notebooks, collections, and others obsessions.” Nova York: Harper Collins, 2013.
KEMP, Phillip (Org.) “Tudo sobre cinema.” Rio de Janeiro: Sextante, 2010.
PRAZ, Mario. “O diabo, a carne e a literatura romântica.” São Paulo: Editora da UNICAMP, 1999.
TODOROV, Tzvetan. “Introdução à literatura fantástica.” São Paulo: Perspectiva, 2004