Trabalhos Aprovados 2018

Ficha do Proponente

Proponente

    Carla Daniela Rabelo Rodrigues (UNIPAMPA)

Minicurrículo

    Professora Adjunta do bacharelado em Produção e Política Cultural da Universidade Federal do Pampa. Tutora PET- Produção e Política Cultural (FNDE/MEC) onde desenvolve projetos de pesquisa, ensino e extensão. Doutora e Mestra em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Atualmente desenvolve projeto de pesquisa sobre políticas cinematográficas no Peru.

Ficha do Trabalho

Título

    Cine peruano hecho por mujeres: trajetórias e ausências em políticas

Seminário

    Mulheres no cinema e audiovisual

Resumo

    O artigo ‘Cine peruano hecho por mujeres: trajetórias e ausências em políticas cinematográficas’ discute a trajetória de mulheres na produção cinematográfica do Peru desde os anos 1910 até a eclosão do primeiro Festival de Cine Peruano Hecho por Mujeres. Busca-se traçar um levantamento da presença feminina no cinema peruano caracterizando sua luta em processos decoloniais e os principais obstáculos num contexto de carências em políticas cinematográficas no país.

Resumo expandido

    O artigo discute a trajetória das mulheres na produção cinematográfica peruana desde os anos 1910 até a eclosão do primeiro Festival de Cine Peruano Hecho por Mujeres, realizado em março de 2018, cujos objetivos foram promover e exibir o trabalho de realizadoras peruanas, além de manifestar e reivindicar a presença feminina nas produções cinematográficas e audiovisuais. Um dos dados em destaque é que dentre os 53 filmes nacionais estreados em 2017, somente 5 foram dirigidos por mulheres, menos de 10% do total. O Peru é um país que, embora tenha uma história cinematográfica secular com sua primeira incursão em 1897 (BEDOYA, 1992; FRIAS, 2013), sofre com a ausência regular de investimentos e de políticas públicas para o setor (RODRIGUES e LLANOS, 2017), especialmente quando a autoria é feminina. O mesmo ocorre com a produção científica sobre cinema feito por mulheres no Peru que padece com escassas referências (DIAZ-COSTA et al, 2017).
    Desde os anos 60, com a profusão de um cinema autoral e político em seu compromisso de existência e tensionamento estético (FRIAS, 2013), e mais precisamente a partir da década de 80, há um crescimento da discussão sobre gênero no cinema mundial (HAMBURGER, 2007), e o Peru integra esse aspecto na formação de um campo discursivo fílmico-feminista. Pesquisas sobre decolonialidade ajudam na compreensão do tema, como as realizadas por Violeta Barrientos e Fanni Muñoz (2014) que afirmam que a segunda onda do feminismo chegou ao Peru na década de 70 e com isso institucionalizou-se a partir dos anos 80 por meio de grupos organizados e centralizados na capital Lima, em pleno impulso internacional pelos direitos da mulher. Estes estudos participam, num contexto mais amplo, da teoria cunhada pelo sociólogo Aníbal Quijano (2000) sobre colonialidade do poder. Decerto, tanto os argumentos de Barrientos e Munõz, quanto a tese de Quijano guardam relação direta com o movimento das mulheres que trabalham no setor cinematográfico e audiovisual peruano cuja temática recolheu questões discutidas no feminismo dos anos 1980, atualizadas na nova onda de feminismo que figura no âmbito mundial. O movimento feminista do Peru desde sua existência incidiu no desenvolvimento de políticas públicas básicas sobre as problemáticas de gênero no país. Embora não seja numeroso, está crescendo bastante, e mesmo sem considerar-se como um feminismo pós-colonial, leva consigo a interseccionalidade quando considera as agendas indígena e afrodescendente, por exemplo.
    Dentre as questões levantadas ao longo deste trabalho, pode-se deduzir que a luta pelo espaço das mulheres no cinema e audiovisual peruanos decorre de vários fatores como: o contexto social machista; a carência de escolas de cinema ocasionando que algumas mulheres tenham que sair para formar-se noutros países, mas também que algumas encaram esta dificuldade e produzem seus filmes de modo amador como caracterizado no “cine regional” (BUSTAMANTE, 2017); a formação de equipes prioritariamente com homens; a ausência de políticas cinematográficas amplas e específicas (RODRIGUES e LLANOS, 2017).

Bibliografia

    BARRIENTOS, V.; MUÑOZ, F. Un bosquejo del feminismo/s Peruano/s: los multiples desafios. Estudos Feministas,2014.
    BEDOYA, R. Cien años de cine en el Perú: una historia crítica. Universidad de Lima,1992.
    BUSTAMANTE, E; VICTORIA, J.L. Las miradas múltiples: el cine regional peruano. Universidad de Lima, Fondo Editorial,2017.
    DÍAZ-COSTA, R. et al. ¿Qué significa ser mujer en el cine peruano?. Ventana Indiscreta,2017.
    FRÍAS, I. L. El nuevo cine latinoamericano de los años sesenta:entre el mito político y la modernidad fílmica. Universidad de Lima, Fondo Editorial,2013.
    QUIJANO, A. Colonialidad del poder,eurocentrismo y América Latina. In: LANDER, E. (org). La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales,perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires: CLACSO,2000.
    RODRIGUES, C.; LLANOS, F. Produção e Política Cinematográfica no Peru. São Paulo: Anais do Colóquio de Cinema…COCAAL,2017.
    HAMBURGER, E.I. A expansão do feminino no espaço público brasileiro: Estudos Feministas, 2007.