Ficha do Proponente
Proponente
- Juliano José de Araújo (UNIR)
Minicurrículo
- Juliano José de Araújo é doutor em Multimeios pela Unicamp com estágio doutoral na Université Paris X-Nanterre. É mestre em Comunicação pela Unesp, onde se graduou em Comunicação Social. É professor do Departamento de Comunicação da Universidade Federal de Rondônia. Coordena o projeto de pesquisa “Documentarismo rondoniense: análise de filmes de não-ficção (1997-2013)”, aprovado na Chamada Universal CNPq nº 01/2016.
Ficha do Trabalho
Título
- A estética no documentário rondoniense
Mesa
- Processos de formação cultural no audiovisual amazônico e nordestino
Resumo
- Como parte da mesa temática “Processos de formação cultural no audiovisual amazônico e nordestino”, pretendo estudar a dimensão estética de filmes de três realizadores de Rondônia (Alexis Bastos, o casal Lídio Sohn e Pilar de Zayas Bernanos, e Simone Norberto) para revelar suas singularidades, tendências e influências. Dou continuidade a reflexão que comecei a desenvolver ano passado sobre a produção audiovisual de não-ficção de cineastas de rondonienses.
Resumo expandido
- Pretendo dar continuidade a reflexão que comecei a desenvolver ano passado sobre a produção audiovisual de não-ficção de cineastas de Rondônia, em que apresentei uma introdução aos filmes, realizadores e contextos de produção do documentário rondoniense com o objetivo de identificar suas linhas de força. Este ano centrarei meu foco no estudo da dimensão estética de um conjunto de filmes de três realizadores de Rondônia para revelar suas singularidades, tendências e influências.
Tendo em vista as diferentes tradições documentárias, interessa-me analisar os procedimentos estilísticos adotados pelos documentaristas rondonienses. Para tanto, adoto como metodologia a análise fílmica, a partir do diálogo entre elementos internos (imagem, som etc.) e externos (entrevistas com realizadores, material de divulgação dos filmes etc.) aos documentários.
Alexis Bastos, primeiro realizador, iniciou sua carreira no campo fazendo trabalhos de filmagem subaquáticas. Como conhecia bem a região amazônica, acabou atuando como guia de uma equipe do Globo Repórter, da Rede Globo de Televisão, que esteve em Rondônia em 1999, auxiliando na indicação de entrevistados e de locais para as filmagens, o que lhe despertou o interesse para a área.
Dos seus seis filmes, trabalharei em minha análise com “Mapimaí, a festa da criação do mundo segundo o povo Paiter” (2005), que retrata uma festa que não era realizada há mais de 15 anos, sendo documentada pela primeira vez na íntegra, e “O que beira a beira do rio Madeira” (2007), que mostra as preocupações da sociedade rondoniense, as pressões governamentais e a forma como se deu o processo de obtenção da licença de construção do Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira.
O segundo conjunto de filmes que estudarei é do casal Lídio Sohn e Pilar de Zayas Bernanos, que se mudaram de São Paulo para Ariquemes, interior de Rondônia, em 1978, no contexto do intenso fluxo migratório que marcou a região. Antes de virem para a Amazônia, já tinham um forte contato com o campo das artes, tendo feito diversos trabalhos de desenho, de gravura em metal, literários, musicais e teatrais, além de atuarem como produtores culturais. A partir de 1985, interessaram-se pela tecnologia do vídeo, realizando uma série de trabalhos audiovisuais – documentário, ficção e até experimental.
Dos cinco filmes de Lídio e Pilar, interessa-me “Os requeiros” (1998), que conta a história do garimpo Bom Futuro, desde seu começo até seu quase fim, mostrando como era a vida dos garimpeiros antes da chegada das grandes empresas mineradoras e da intervenção do governo, e “Paisagem ocre” (2005), uma espécie de manifesto audiovisual em defesa da natureza, devido à destruição causada pelo garimpo na região.
A última realizadora que pretendo considerar na análise é Simone Norberto. Ela tem, desde o final da década de 90 e, sobretudo no decorrer dos anos 2000, produzido um conjunto significativo de documentários em Rondônia. Trabalhou durante 14 anos na Rede Amazônica de Televisão, tendo passado pelas funções de repórter, editora e apresentadora de telejornal. Preside o CineOca, um dos cineclubes pioneiros de Porto Velho, fundado em 2005.
Dos doze filmes seus, considerarei em minha análise “Forte Príncipe da Beira” (1999), sobre o monumento levantado pelos portugueses às margens do Rio Guaporé, em Costa Marques, interior de Rondônia, para defender a fronteira do Brasil da invasão dos espanhóis que exploravam os minérios da Bolívia, e “Bizarrus” (2010), que trata da trajetória do trabalho de encenação de uma peça de teatro de mesmo nome, baseada nas histórias pessoais dos próprios presos-atores.
Acredito que, para além de conhecer as tendências estéticas no documentário rondoniense, poderemos também refletir sobre os repertórios, as experiências e as necessidades de realização audiovisual dos documentaristas na região Norte, especificamente no estado de Rondônia, em um contexto de produção “fora do eixo” dos grandes centros, como Rio de Janeiro e São Paulo.
Bibliografia
- AUMONT, Jacques e MARIE, Michel. A análise do filme. Lisboa: Edições Texto & Grafia, 2009.
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HOLANDA, Karla. Documentário nordestino: mapeamento, história e análise. São Paulo: Annablume, 2008.
LINS, Consuelo; MESQUITA, Cláudia. Filmar o real: sobre o documentário brasileiro contemporâneo. 2ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.
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RAMOS, Fernão Pessoa. Mas afinal… o que é mesmo documentário? São Paulo: Senac, 2008.
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TEIXEIRA, Francisco Elinaldo (Org.). O ensaio no cinema: formação de um quarto domínio das imagens na cultura audiovisual contemporânea. São Paulo: Hucitec, 2015.