Trabalhos Aprovados 2018

Ficha do Proponente

Proponente

    Carla Conceição da Silva Paiva (UNEB)

Minicurrículo

    Doutora em Multimeios pela Universidade Estadual de Campinas –
    UNICAMP e Professora Adjunta na Universidade do Estado da Bahia – UNEB, atuando na Graduação em Jornalismo e no Programa de Pós-Graduação em Educação, Cultura e Territórios Semiáridos.

Ficha do Trabalho

Título

    Estética e formas de representação em Uma aventura no Semiárido (2016)

Mesa

    Processos de formação cultural no audiovisual amazônico e nordestino

Resumo

    Como parte da mesa temática “Processos de formação cultural no audiovisual amazônico e nordestino”, esta comunicação analisa o discurso sobre o Semiárido Juazeirense e sua relação com as Políticas Públicas da Convivência com o Semiárido, no filme Uma Aventura no Semiárido (2016), realizado pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA), e o desenvolvimento de um hibridismo entre ficção e documentário.

Resumo expandido

    Uma Aventura no Semiárido (2016), realizado pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA), com direção de Marcos Velasch e roteiro de Antônio Ivo, utiliza a técnica de flashback numa situação de contação de história para crianças de uma escola localizada na região do Semiárido Juazeirense para retratar a aventura de dois bruxos malvados e atrapalhados, Horrorozimbo e Malagueta. Esses dois personagens ganharam, finalmente, a competição anual de maldades, que reunia milhares de bruxos e bruxas de vários locais com o sonho de ganhar o valioso prêmio, uma “viagem”, sendo que o local escolhido por eles para as férias foi o Semiárido Brasileiro – SAB.

    Ao chegarem ao seu destino, Horrorozimbo se decepciona com o lugar, afirmando que o Semiárido é horrível, pois preferiria ver o mar, alpes, cordilheiras, ou seja, algo bem distinto da biodiversidade da região. Por outro lado, Malagueta demonstra mais animação com a viagem, tentando convencer o amigo a perceber as potencialidades e diversidades do local. Os dois bruxos caminham por esse espaço e, ao longo do percurso, assistimos a vivência de outros personagens reais e depoimentos na forma de entrevistas, perceptivelmente, ora direcionadas ou não, feitas com moradores, especialistas e pesquisadores que realizam trabalhos acerca da região na perspectiva da Convivência.

    É assim que essa produção reúne elementos ficcionais e documentais, abordando a temática da Convivência com o Semiárido e empregando uma linguagem lúdica, recorrendo à elementos estéticos da palhaçaria e da fantasia em uma mistura de personagens fictícios e reais. A lógica da Convivência com o Semiárido se apresenta como um novo paradigma, uma nova dinâmica social, cultural e educativa, em que se (re)configura não só a percepção dos espaços e tempos que coexistem nesse território, como também o lugar das pessoas e das imagens produzidas sobre esse ambiente, modificando não só ações políticas como também a dinâmica de produção de conhecimento sobre o Nordeste. Uma proposta que contrasta com a ideia de Semiárido Brasileiro, historicamente, tratado como um espaço homogêneo, olhado a partir da existência de determinadas condições climáticas, como a seca e a caatinga, que serviram como base para a implementação de políticas públicas que conferiram prioridade ao combate à seca, entendendo que a acumulação de águas provenientes das chuvas em grandes reservatórios seria a forma mais adequada de garantir o abastecimento humano e animal na região, por exemplo.

    Face ao exposto, nosso objetivo é analisar o discurso produzido nessa produção sobre o Semiárido Juazeirense e sua relação com as Políticas Públicas da Convivência com o Semiárido que estão sendo implementadas na região desde o final dos anos 1990, a partir da ação dos movimentos e organizações sociais do Semiárido, que revisaram os diversos discursos sobre o poder social, como a própria ideia de submissão do ambiente rural ao urbano. De acordo com Reis e Carvalho (2011), essas ações viabilizam o surgimento de um modelo político, econômico e social alicerçado no bem viver dos povos e na sustentabilidade de seus modos de vida, contemplando elementos da realidade local e dos sujeitos em suas inteirezas.

Bibliografia

    ALBUQUERQUE JÚNIOR, D. M. de. A invenção do Nordeste e outras artes. 2 ed. Recife: FJN, Ed. Massangana; São Paulo: Cortez, 2003.

    DEBS, S. Cinema e literatura no Brasil: os mitos do sertão, emergência de uma identidade nacional. Fortaleza: Interarte, 2007.

    HOLANDA, Karla. Documentário nordestino: mapeamento, história e análise. São Paulo: Annablume, 2008.

    NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. 6ª ed. Campinas: Papirus, 2016.

    REIS, Edmerson e CARVALHO, Luzineide Dourado (Org.). Educação contextualizada: fundamentos e práticas. Juazeiro: UNEB Campus III; NEPEC/SAB; MTC; CNPq, 2011.

    RESAB, Secretaria Executiva. Educação para a convivência com o semi-árido: reflexões teórico-práticas. Juazeiro: Secretaria Executiva da Rede de Educação do Semi-árido Brasileiro, 2004.