Ficha do Proponente
Proponente
- Maysa Santos da Silva (UFS)
Minicurrículo
- Discente do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Cinema e Narrativas do Contemporâneo da Universidade Federal de Sergipe. Formada em Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas e Jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas. Aspirante à realizadora audiovisual na direção, roteiro e continuidade. Já realizou sete curtas-metragens, sendo diretora e roteirista em “menina” (2013) com parceria de Amanda Duarte. Atualmente é integrante do Mirante Cineclube e do FSAL.
Ficha do Trabalho
Título
- A Protagonista Nordestina no Cinema Brasileiro Contemporâneo
Resumo
- Este estudo pretende refletir sobre a representação das mulheres nordestinas no contexto do cinema brasileiro contemporâneo a partir de protagonistas de filmes que foram realizados no Nordeste, abordando elementos estéticos, históricos, culturais e identitários dessas protagonistas a partir da análise de obras que retratam o tempo presente. Tendo como objeto o longa metragem “Aquarius” (2016), de Kleber Mendonça Filho, e sua protagonista “Clara”, interpretada por Sônia Braga.
Resumo expandido
- A produção cinematográfica brasileira contemporânea vem gerando reflexões sobre questões e inquietações do nosso tempo. Então, é urgente pensar como as personagens estão sendo representadas e como o passado de nossa sociedade pode ser imageticamente revelado. No cinema nordestino não é diferente, porém existem peculiaridades. O cinema feito nesta região sempre foi marcado pela estética da seca, da fome e da violência. De um nordestino atrasado, ignorante e colonial. Atualmente podemos observar um novo tratamento. Os filmes que estão sendo realizados por nordestinos retratam uma nova realidade, um ambiente urbano, de classe média e que aborda questões também universais.
Contudo, o objetivo deste estudo é refletir sobre as características das protagonistas femininas que são oriundas da região Nordeste e de que forma esta imagem está sendo reproduzida pela produção local. Ao identificar como as protagonistas estão sendo representadas no cinema que retrata este nordeste urbano, percebe-se que, de certa forma, acontece uma retomada da herança patriarcal e machista de sua fundação cultural e histórica. Como agentes narrativas, faz-se necessário identificar o que estas mulheres estão representando na discussão de gênero e no movimento político feminista. Na atualidade, é possível localizar personagens femininas que são protagonistas nas histórias produzidas pelos realizadores nordestinos, mas é o posicionamento destas personagens que motiva este estudo. De que forma elas estão sendo construídas? Como elas estão sendo “mostradas”? Quais papéis elas estão desempenhando. A espectadora nordestina consegue se identificar com a protagonista? Este é o motor desta investigação.
As mulheres sempre estiveram presentes em nossa cinematografia, brasileira e nordestina. Mas, na contemporaneidade, podemos observar que elas estão atuando como protagonistas de suas histórias, mesmo que em sua maioria dirigidas por homens. Por este motivo, pretendemos relacionar de que forma estas personagens estão atreladas a seus criadores, sendo eles os diretores, roteiristas e equipe técnica de seus filmes. Neste estudo abordaremos o longa metragem “Aquarius” dirigido e roteirizado pelo pernambucano Kleber Mendonça Filho. A obra se passa em dias atuais na cidade de Recife, capital de Pernambuco, e a protagonista “Clara” é interpretada pela atriz veterana Sônia Braga. O filme aborda questões de moradia, classe média, mulher madura, identidade, entre outras questões atuais.
O método utilizado para a identificação destes pontos é a análise fílmica, que se propõe a decompor o filme e analisá-lo a partir dos elementos encontrados. Seguindo a metodologia proposta por PENAFRIA (2009), para quem: “[…] o objectivo da análise é, então, o de explicar/esclarecer o funcionamento de um determinado filme e propor-lhe uma interpretação” (p.x). Ainda segundo a autora, esta ferramenta possibilita que o público veja mais e melhor aquela obra.
A bibliografia sobre a representação das mulheres na tela é extensa, existem autores que discutem inúmeros aspectos desta representação. Neste estudo utilizam-se as reflexões de Laura Mulvey e seu texto considerado o marco dos estudos feministas no cinema com “Prazer Visual e cinema narrativo”, assim como também suas próprias revisões. Outros suportes teóricos são os estudos da identidade do nordestino realizado pelo historiador Durval Muniz de Albuquerque em “Nordestino: uma invenção do falo”, e também a recente publicação “Feminino e Plural”, organizado por Karla Holanda e Marina Cavalcanti Tedesco, que embasam a presença feminina no cinema brasileiro.
Bibliografia
- ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz. Nordestino, uma invenção do falo, uma história do gênero masculino (Nordeste 1920 1940). Maceió: Catavento. 2003.
GIL, A. C.Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
HOLANDA, Karla; TEDESCO, Marina Cavalcanti (orgs). Feminino e Plural: mulheres no cinema brasileiro. Campinas, SP: Papirus, 2017.
MULVEY, Laura. Prazer visual e cinema narrativo. In.: XAVIER, I. (org.). A experiência do cinema: antologia. Rio de Janeiro: Edições Graal/Embrafilme, 1983, p. 437-453. Col. Arte e Cultura, v. 5.
PENAFRIA. Manuela. Análise de filmes – conceitos e metodologias. Disponível em Acesso em 04.05.2018