Ficha do Proponente
Proponente
- João Carlos Massarolo (UFSCar)
Minicurrículo
- João Carlos Massarolo: cineasta, professor universitário; Doutor em Cinema pela USP, é diretor e roteirista de vários filmes, entre os quais, São Carlos / 68 e O Quintal dos Guerrilheiros (2005). Publicou: Live transmídia (2018), Prática de binge-watching nas multiplataformas (2017), Roteiro audiovisual para Narrativas Transmídia (2016). Professor associado da UFSCar; Pesquisador vinculado ao Obitel Brasil; Coordenador do grupo GEMinIS e editor da revista GEMInIS. Email: massarolo@terra.com.br
Ficha do Trabalho
Título
- Polo Audiovisual da Zona da Mata: Aceleradora Transmídia
Resumo
- Os arranjos produtivos locais (APL Audiovisual) são territórios econômicos estruturados com o apoio de políticas públicas, com o objetivo de promover a diversidade da produção audiovisual regional. Pretende-se assim, discutir a iniciativa ‘Aceleradora Transmídia’, integrada ao Projeto Estações Criativas do Polo Audiovisual da Zona da Mata, que busca gerar novos formatos e produtos, bem como alcançar novos públicos, e expandir o o acesso às obras audiovisuais para além dos mercados tradicionais.
Resumo expandido
- Aceleradora Transmídia do Polo Audiovisual da Zona da Mata é uma iniciativa que resulta de uma aproximação relativamente inédita no país, de profissionais das áreas do audiovisual e da tecnologia, para o desenvolvimento de projetos transmídia. Deste modo, a Aceleradora Transmídia pretende produzir extensões derivadas de filmes,
séries e webséries, documentários, animações, games e plataformas digitais em rede. No longa metragem A Família Dionti (2015), de Alan Minas, os problemas que os jovens experimentam são explorados nas plataformas. A história é ambientada num sítio no interior de Minas Gerais e o filme narra a história de uma pequena família, formada pelo pai, Josué (Antônio Edson), o filho mais velho, Serino (Bernardo Santos), e o caçula, Kelton (Murilo Quirino). Josué sonha com a volta da mulher a cada chuva, enquanto cria sozinho os dois filhos. A estratégia transmídia de A Família Dionti foi baseada no processo educacional. Numa primeira etapa, alunos das escolas públicas de Cataguases e região, foram convidados a fazer parte do projeto ‘Fazer Filmes – Escola Animada’, onde participaram de oficinas, cursos e workshops de realização audiovisual. Conforme consta no site do longa metragem, “A Família Dionti, do diretor Alan Minas, foi fonte de inspiração para a produção de 11 curtas-metragens, em processo colaborativo que envolveu diretamente 150 estudantes de 10 escolas públicas de 6 cidades da Região, além de um coletivo de estudantes de escola particular de Belo Horizonte. Integrada ao Projeto Escola Animada, essa ação mobilizou cerca de 600 pessoas, entre educadores, gestores, tutores e coordenadores. Os filmes foram lançados no dia 15 de dezembro, na inauguração do Cineclube Tela Viva em Cataguases. Uma segunda experiência da aceleradora transmídia foi com o longa-metragem Estive em Lisboa e Lembrei de Você (2016), de José Barahona. Para colher, compartilhar e fazer circular, relatos de experiências semelhantes ou próximas daquela vivida pelo protagonista do filme, foi criada a plataforma digital Canal de Histórias – Imigrantes. Nesta plataforma os usuários postam relatos de suas vivências no exterior, tal como a experiência retratada no filme de Sérgio de Souza Sampaio (Paulo Azevedo), mineiro de Cataguases, que depois de um casamento frustrado, que o faz perder o emprego e o contato com o filho, decide emigrar para Lisboa, em Portugal. No entanto, Sérgio é confrontado com a realidade dos imigrantes, as diferenças culturais e de costumes. Numa relação de complementariedade com os conteúdos do universo narrativo do
filme, foi desenvolvida como estratégia transmídia a plataforma Canal de Histórias – Imigrantes, um website que reúne relatos em texto de pessoas que deixaram o Brasil para morar no exterior. 62 O site dispõe de espaço para relatos de experiências em praticamente todos os continentes (América, Europa, Ásia, África e Oceania). Neste aspecto, o APL Zona da Mata demonstra de forma efetiva estar vinculado a um ecossistema midiático pluralista. Atualmente, encontra-se em produção o longa metragem “A Vida no Céu”, primeira co-produção de animação do Polo Audiovisual, a partir do livro homônimo do escritor angolano José Eduardo Agualusa, com previsão de desdobramentos transmídia. Deste modo, o arranjo produtivo audiovisual de Cataguases, objetivam criar oportunidades para as empresas locais no mercado audiovisual brasileiro, através da estratificação local ou em rede através de plataformas midiáticas, nas quais os conteúdos transmídia são desdobrados e conectados a outros universos narrativos, impulsionando a cadeia produtiva de um circuito econômico emergente e popularizando as novas formas de acesso aos conteúdos. Vale destacar ainda, que as inovações da cadeia produtiva dos APLs audiovisual foram elaboradas em negociações com lideranças locais e com o propósito de se manterem integradas ao ambiente da cultura participativa da comunidade.
Bibliografia
- APL AUDIOVISUAL DE NATAL. Plano de Desenvolvimento do Arranjo Produtivo Local Audiovisual, 2014.
BARONI. J. Projeto Consumo em Rede. Uma proposta de plataforma de distribuição digital para o audiovisual gaúcho. TECNA, 2016. Disponível em: http://www.pucrs.br/tecnaz/wpcontent/uploads/sites/127/2016/05/Relato-Consumo-em- Rede-1.pdf. Acesso em 10 mar. 2018.
POLO AUDIOVISUAL ZONA DA MATA. PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL Zona da Mata-MG, 2014. Disponível. Acesso em: 14 fev. 2018.
MANEVY, A. Diversidade regional: a nova cara do audiovisual brasileiro. Mídia Ninja, 14 set. 2017 Disponível em: Último acesso em: 17 nov. 2017.
SCHMITZ, H.; NADVI, K. Clustering and industrialization: Introduction. World Development, v. 27, n. 9, 1999.