Trabalhos Aprovados 2018

Ficha do Proponente

Proponente

    Angela Nelly dos Santos Gomes (UFPA)

Minicurrículo

    Professora do Bacharelado em Cinema e Audiovisual, da Universidade Federal do Pará. Mestre em Comunicação pela UMESP-SP. Atua como documentarista, produtora e roteirista de cinema e TV.

Ficha do Trabalho

Título

    REGIONALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL: um olhar sobre o Norte

Resumo

    Este trabalho propõe uma análise sobre a política de regionalização da produção audiovisual a partir dos marcos regulatórios brasileiros mais recentes. O objetivo é compreender como isso está alcançando a produção da região Norte tendo em vista a aplicação dos indutores regionais, a partir das chamadas públicas do Fundo Setorial do Audiovisual e a vigência da Lei 12.485, a lei da TV paga.

Resumo expandido

    Propomos com este trabalho uma análise sobre a política de regionalização da produção audiovisual independente no país a partir das políticas públicas vigentes no país, principalmente os marcos regulatórios mais recentes, tais como o Fundo Setorial do Audiovisual e Lei 12.485/2011. O objetivo é compreender como isso está alcançando a produção do Norte, tendo em vista a aplicação dos mecanismos de indução regional, tais como as cotas regionais, já que a região integra uma das áreas definidas como prioritárias para a descentralização da produção audiovisual. A análise se dá no período entre 2010 e 2017, a partir dos resultados das chamadas públicas do FSA e vigência da Lei 12.485, conhecida como a lei da TV paga.

    No início da década de 90 a produção cinematográfica e audiovisual brasileira sofreu uma espécie de apagão com o desmantelamento das políticas culturais pelo Governo Collor. Com isso o setor atravessou a década de 90 tentando se reerguer e se reestruturar. Como resultado desse esforço surge então uma série de proposições que se efetivam ao longo das décadas de 90 e 2000 com o objetivo de promover o desenvolvimento de uma indústria audiovisual sustentável no país. De certa forma, essas proposições atualmente definem o perfil do mercado audiovisual brasileiro, tendo a Ancine como principal órgão setorial com a função de regulação, fomento e fiscalização; as políticas públicas setoriais com forte base no incentivo fiscal; o FSA como principal mecanismo de fomento direto; e mais recentemente a regulação da TV fechada, com a Lei 12.485, e as cotas obrigatórias de conteúdo brasileiro independente.

    Nesse contexto, a regionalização da produção aparece como um dos eixos dessa política pública setorial. Isso é contemplado desde a Medida Provisória 2.228-1/01, que estabelece os princípios gerais da Política Nacional de Cinema, cria a Ancine e dá base para as políticas públicas do audiovisual vigentes hoje. A regionalização então passou a ser tratada como parte do discurso governamental como uma das formas de promover a diversidade nacional, dando eco a uma antiga discussão e demanda acerca da descentralização do mercado audiovisual, cuja característica histórica é a concentração da produção no chamado eixo Rio-São Paulo.

    Observa-se que nos últimos anos, principalmente a partir de 2008 com a implantação do FSA, que possibilitou uma maior atuação da Ancine como órgão de fomento, diversos mecanismos e ações foram implantados na tentativa de criar condições para descentralizar os eixos produtivos do setor. Isso se dá principalmente com a obrigatoriedade das cotas regionais em todas as linhas de desenvolvimento, produção, distribuição e exibição. Além disso, a Lei da TV Paga implantada em sua totalidade em 2013, corroborou esse princípio, determinando que as receitas da Condecine – Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional – sejam destinadas no mínimo em 30% a produtoras brasileiras das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
    Ainda assim, segundo o Mapeamento e Impacto Econômico do Setor Audiovisual no Brasil – 2016, realizado pela Fundação Dom Cabral em parceira com Apro (Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais) e Sebrae, entre 2008 e 2015 a produção e o lançamento de filmes ficaram concentrados nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, somando o equivalente a 79% domando o equivalente a 79% da produção nacional.
    Diante disso, a questão que se coloca é analisar quais seriam as perspectivas de mudança na descentralização da cadeia produtiva do audiovisual, com base nos resultados das chamadas públicas e ações executadas com o princípio da indução regional; e quais os desafios postos para que os resultados sejam realmente percebidos.

Bibliografia

    ANCINE. Plano de Diretrizes e Metas para o Audiovisual. Rio de Janeiro, 2013.
    AUTRAN, A. O pensamento industrial cinematográfico brasileiro. São Paulo: Hucitec, 2013.
    BRASIL. Lei nº 12.485, de 12 de setembro de 2011.
    BRASIL. Lei nº 11.437, de 28 de dezembro de 2006.
    BRASIL. Medida Provisória nº 2.228-1, de 06 de setembro de 2001.
    FUNDAÇÃO DOM CABRAL. Mapeamento e Impacto Econômico do Setor Audiovisual no Brasil: 2016. [S.l.: s.n.], 2017
    IKEDA, M. Cinema Brasileiro a partir da Retomada. São Paulo: Summus, 2012.
    MARSON, M. I. Cinema e políticas de estado: da Embrafilme à Ancine. In: MARSON, M. I.; MELEIRO, A. (orgs.). São Paulo: Escritura editora, 2009.
    SILVA, Norlan. A Regionalização do Audiovisual no Brasil. Disponível em: www.culturaemercado.com.br. Acesso em 20/01/2017.
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