Trabalhos Aprovados 2018

Ficha do Proponente

Proponente

    Matheus José Pessoa de Andrade (UFPB)

Minicurrículo

    Matheus Andrade é professor de Fotografia Cinematográfica do curso de Cinema e Audiovisual do Departamento de Comunicação da Universidade Federal da Paraíba. Doutorando do Programa de Pós Graduação em Ciência da Informação da UFPB. Publicou os livros: Documentário Paraibano: modos de representação (e-book, 2016, org.), REC: uma iniciação à filmagem (Editora Ideia, 2013) e O sertão é coisa de cinema (Marca de fantasia, 2008).

Ficha do Trabalho

Título

    Fotografia cinematográfica no filme documentário

Seminário

    Teorias e análises da direção de fotografia

Resumo

    Qual a diferença da fotografia cinematográfica entre os filmes de ficção e documentário? Nosso intuito é apontar algumas especificidades da fotografia cinematográfica no filme documentário. Nessa perspectiva, discorremos sobre ficção e documentário enquanto estilo fotográfico. Amparando-nos numa análise comparativa a partir do conceito de diegese, empregado ao filme de ficção clássico, acreditamos poder refletir sobre fotografia cinematográfica do documentário, considerando-o como não-diegético.

Resumo expandido

    Qual a diferença da fotografia cinematográfica entre os filmes de ficção e documentário? Para pensar características da fotografia cinematográfica no filme documentário parece inevitável refletir a partir da vasta tradição de estudos sobre o filme de ficção clássico. Poderíamos, a princípio, apontar para o fato tradicional das equipes mais concisas, com menos equipamentos ou para o trabalho de liberdade e improviso no documentário. E seu avesso na ficção. Mas isso talvez seja insuficiente, principalmente pela fluidez dos estilos fotográficos, os quais escorrem entre os gêneros ao longo da história dos filmes. Ressaltamos ainda que, não faremos uma discussão de gênero cinematográfico entre ficção e documentário a fim de visitar essa dicotomia em torno da representação do real. Não é nosso objetivo aqui. Nossa questão se coloca partir da compreensão deles enquanto estilos fotográficos, funcionando na pluralidade de narrativas audiovisuais. Diante das marcas de cada um dos estilos fotográficos nas narrativas, encontramos um ponto conceitual que acreditamos demarcar algumas peculiaridades e especificidades entre eles. No modelo clássico de filme de ficção, a noção de diegese, entendida como pseudomundo ou universo fictício em projeção(AUMONT, 1995, p.114), é o nosso ponto de partida. Construído com todas as justificativas plausíveis para convencer o espectador sobre sua verossimilhança diante da tela, o mundo diegético tem suas nuances. Ao que nos parece, a força da diegese se sustenta, em grande parte, através da imagem, contendo regras e técnicas para montar esse mundo fictício, feito para ser filmado. Elencamos, para nosso trabalho aqui, apenas duas características para abordar especificamente a fotografia cinematográfica no filme de ficção: a invisibilidade técnica e o preciosismo técnico. Pois, nesse estilo, predominantemente, tudo está sob o controle dos diretores. Diante do exposto, consideramos o documentário cinematográfico como um filme não-diegético. Fotograficamente, se trata de uma câmera no mundo histórico, ou melhor, no nosso mundo. O filme constrói uma narrativa num universo reconhecível por nós, também com seus traços de convencimento sobre a realidade abordada na tela. Desse modo, elencaremos também duas características em oposição: a visibilidade técnica e a imprecisão técnica, ambas como marcas do estilo fotográfico em questão. Portanto, trataremos de uma dicotomia, mas sem elevar aos extremos. Enquanto estilos de fotografia cinematográfica, as características são demarcadas. Porém, no uso das narrativas, as características são deslizantes nas possiblidades inventivas dos diretores. A diegese ora flerta, ora se distancia do não-diegético no uso de sua visualidade e vice versa.

Bibliografia

    AUMONT, Jacques. A estética do filme. 6ed. Campinas, SP: Papirus, 1995.
    COMOLLI, Jean-Louis. Ver e poder: a inocência perdida: cinema, televisão, ficção, documentário. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008.
    GAUTHIER, Guy. O documentário: um outro cinema. Campinas, SP: Papirus, 2011.
    NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. Campinas, SP: Papirus, 2005.
    STAM, Robert. Introdução à teria do cinema. 5ed. Campinas, SP: Papirus, 2013.