Trabalhos Aprovados 2018

Ficha do Proponente

Proponente

    Luzileide Silva (UFS)

Minicurrículo

    Mestre em Comunicação, com experiência na área de edição e montagem. Coordenou a equipe de editores dos Núcleo de Produção da Aperipê TV. Montou curta-metragens premiados em Festivais, tais como Luzeiro (2013), A mão que borda (2013), Para Leopoldina (2014), Operação Cajueiro (2014), O corpo é Meu (2014), Cem Aplauso (2015) e outros como Jardim (2016) e Clandestino (2017). Também foi curadora do SERCINE – Festival Sergipe de Audiovisual) e da Egbé – Mosta de Cinema Negro de Sergipe.

Ficha do Trabalho

Título

    A montagem nos documentários sergipanos (2005 – 2015).

Seminário

    Montagem Audiovisual: reflexões e experiências

Resumo

    A análise propõe uma reflexão sobre a montagem dos documentários premiados pela Mostra Competitiva de Curtas Sergipanos, no período de 2005 a 2015. A partir da observação da utilização das imagens-sons e das ligações criadas pelos processos operacionais e conceituais da montagem buscamos compreender como se estabeleceram as relações narrativas, significativas, reflexivas ou emocionais nesses documentários. Como também, identificar aspectos específicos da montagem dos documentários sergipanos.

Resumo expandido

    Ao abordar a montagem dos documentários sergipanos contemporâneos, essa análise procura observar através dos aspectos processuais da montagem como as imagens e os sons são empregados para estruturar suas narrativas. Partimos do princípio de que os documentários se constituem de elementos imagéticos e sonoros para reapresentar o mundo, mas compreendemos que hoje em dia, diferente de outros períodos históricos do cinema, o documentário não é visto como simples inscrição da realidade, mas como algo complexo e sofisticado, com informação, provocação e entretenimento para uma determinada audiência. O documentário contemporâneo engloba uma grande variedade de estilos que incorporam em sua estrutura as mais diversas formas de enunciação. As novas tecnologias como câmeras portáteis, a facilidade de manipulação de softwares de edição, tanto de som quanto de imagem, também trouxeram modificações estéticas, além de proporcionar o acesso à produção de documentários por aqueles que antes eram apenas personagens. A entrevista mesclada com outros tipos de enunciação, como a narração, intertítulos, materiais ressignificados e a observação, fundamentam formas mais complexas de reapresentar o mundo.Desta forma, o documentário pode ser auto-reflexivo, ficando claro que nunca foi uma janela para a realidade, mas uma maneira de “(re)apresentá-la”.
    De acordo com Spence e Navarro (2011) o todo que corresponde o documentário é constituído entre as ligações de diversos elementos imagéticos e sonoros. E de acordo com Nichols (2005), o documentário contemporâneo tem apresentado formas mais complexas de expor seus elementos, que procuram demonstrar o mundo através da elaboração de reflexões. Sendo assim, é através da seleção e organização dos sons e imagens pela montagem que as mensagens se articulam para criar essas reapresentações do mundo. Então, como sugere Manuela Penafria (2009), para entender como a montagem seleciona e organiza os elementos empregados nos documentários é necessário decompô-los em categorias, para assim identificar a aplicabilidade do som e da imagem e depois observar de que modo eles criam relações, se assemelham ou se distanciam.
    No que diz respeito a montagem, Fernando Morales Morante (2013) a considera uma ferramenta de construção que pode ser pensada a partir de processos operacionais e conceituais e observada como os procedimentos que funcionam para produzir discursos, sensações e sentimentos. Desta forma, ao compreender que os documentários usam elementos imagéticos e sonoros para reapresentar o mundo, buscaremos entender de que maneira a montagem estabelece suas estratégias narrativas por meio de processos operacionais que geram determinadas relações conceituais para narrar, emocionar e significar no documentário.
    A partir deste entendimento procuramos perceber por meio da análise de processos operacionais e conceituais da montagem como as imagens e os sons dos documentários sergipanos premiados na última década pela Mostra Competitiva de Curtas Sergipanos, do Festival Ibero Americano de Cinema – Curta-Se, estabelecem suas relações comunicativas. Entre os anos de 2005 e 2015 foram premiados nos três primeiros lugares, onze documentários que representam uma parcela significativa do que foi produzido no estado. Sendo assim, a análise dos curtas-metragens: Estamos na Mussuca de Lívia Lessa, Vira-mundos e Você conhece La Conga de Sérgio Borges, Deu Bode de Fátima Góes, O arquivo de Ivan de Fábio Rogério, Josefa da Guia de Rita Simone, Rezou à família e foi ao cinema de direção coletiva do Núcleo de Produção Digital Orlando Vieira, Caixa d’Água Qui Lombo é esse? e Conflitos e Abismos – A expressão da condição humana de Everlane Moraes, A mão que borda de Caroline Mendonça e O Muro é o meio de Eudaldo Monção Júnior, podem também nos ajudar a identificar modificações no emprego dos elementos imagéticos e sonoros que constituem esses documentários e aspectos específicos da montagem dos documentários sergipanos contemporâneos.

Bibliografia

    AMIEL, Vicent. A estética da montagem. Tradução, Carla Bogalheiro Gamboa – Lisboa: Editora Texto e Grafia, 2011.
    CHION, Michael. La audiovision – introdución a un análisis conjunto de la imagem y el sonido. Barcelona: Ediciones Paidós Ibéricas, S.A, 1993.
    GALVEZ, Valeria Valenzuela. Sujeito, Narração e Montagem – novos modos de representação no documentário Latino-americano contemporâneo. 2008.
    MORANTE, Fernando Morales. Montaje audiovisual: teoría, técnica y métodos de control. Barcelona: Editorial UOC, 2013.
    NICHOLS, Bill. A voz do documentário. In: RAMOS, Fernão. Teorias do Cinema Contemporâneo – Volume II. São Paulo: Editora Senac, 2005.
    PENAFRIA, Manuela. Análise de Filmes – conceitos e metodologia(s). In: VI Congresso SOPCOM – 2009. Anais eletrônicos: . Acessado em: 31 ago. 2015.
    SPENCE , Louise; NAVARRO, Vinicius. Crafting truth: documentary form and meaning. Rutgers University press New Brunswick, New Jersey, and London, 2010.