Ficha do Proponente
Proponente
- Luzileide Silva (UFS)
Minicurrículo
- Mestre em Comunicação, com experiência na área de edição e montagem. Coordenou a equipe de editores dos Núcleo de Produção da Aperipê TV. Montou curta-metragens premiados em Festivais, tais como Luzeiro (2013), A mão que borda (2013), Para Leopoldina (2014), Operação Cajueiro (2014), O corpo é Meu (2014), Cem Aplauso (2015) e outros como Jardim (2016) e Clandestino (2017). Também foi curadora do SERCINE – Festival Sergipe de Audiovisual) e da Egbé – Mosta de Cinema Negro de Sergipe.
Ficha do Trabalho
Título
- A montagem nos documentários sergipanos (2005 – 2015).
Seminário
- Montagem Audiovisual: reflexões e experiências
Resumo
- A análise propõe uma reflexão sobre a montagem dos documentários premiados pela Mostra Competitiva de Curtas Sergipanos, no período de 2005 a 2015. A partir da observação da utilização das imagens-sons e das ligações criadas pelos processos operacionais e conceituais da montagem buscamos compreender como se estabeleceram as relações narrativas, significativas, reflexivas ou emocionais nesses documentários. Como também, identificar aspectos específicos da montagem dos documentários sergipanos.
Resumo expandido
- Ao abordar a montagem dos documentários sergipanos contemporâneos, essa análise procura observar através dos aspectos processuais da montagem como as imagens e os sons são empregados para estruturar suas narrativas. Partimos do princípio de que os documentários se constituem de elementos imagéticos e sonoros para reapresentar o mundo, mas compreendemos que hoje em dia, diferente de outros períodos históricos do cinema, o documentário não é visto como simples inscrição da realidade, mas como algo complexo e sofisticado, com informação, provocação e entretenimento para uma determinada audiência. O documentário contemporâneo engloba uma grande variedade de estilos que incorporam em sua estrutura as mais diversas formas de enunciação. As novas tecnologias como câmeras portáteis, a facilidade de manipulação de softwares de edição, tanto de som quanto de imagem, também trouxeram modificações estéticas, além de proporcionar o acesso à produção de documentários por aqueles que antes eram apenas personagens. A entrevista mesclada com outros tipos de enunciação, como a narração, intertítulos, materiais ressignificados e a observação, fundamentam formas mais complexas de reapresentar o mundo.Desta forma, o documentário pode ser auto-reflexivo, ficando claro que nunca foi uma janela para a realidade, mas uma maneira de “(re)apresentá-la”.
De acordo com Spence e Navarro (2011) o todo que corresponde o documentário é constituído entre as ligações de diversos elementos imagéticos e sonoros. E de acordo com Nichols (2005), o documentário contemporâneo tem apresentado formas mais complexas de expor seus elementos, que procuram demonstrar o mundo através da elaboração de reflexões. Sendo assim, é através da seleção e organização dos sons e imagens pela montagem que as mensagens se articulam para criar essas reapresentações do mundo. Então, como sugere Manuela Penafria (2009), para entender como a montagem seleciona e organiza os elementos empregados nos documentários é necessário decompô-los em categorias, para assim identificar a aplicabilidade do som e da imagem e depois observar de que modo eles criam relações, se assemelham ou se distanciam.
No que diz respeito a montagem, Fernando Morales Morante (2013) a considera uma ferramenta de construção que pode ser pensada a partir de processos operacionais e conceituais e observada como os procedimentos que funcionam para produzir discursos, sensações e sentimentos. Desta forma, ao compreender que os documentários usam elementos imagéticos e sonoros para reapresentar o mundo, buscaremos entender de que maneira a montagem estabelece suas estratégias narrativas por meio de processos operacionais que geram determinadas relações conceituais para narrar, emocionar e significar no documentário.
A partir deste entendimento procuramos perceber por meio da análise de processos operacionais e conceituais da montagem como as imagens e os sons dos documentários sergipanos premiados na última década pela Mostra Competitiva de Curtas Sergipanos, do Festival Ibero Americano de Cinema – Curta-Se, estabelecem suas relações comunicativas. Entre os anos de 2005 e 2015 foram premiados nos três primeiros lugares, onze documentários que representam uma parcela significativa do que foi produzido no estado. Sendo assim, a análise dos curtas-metragens: Estamos na Mussuca de Lívia Lessa, Vira-mundos e Você conhece La Conga de Sérgio Borges, Deu Bode de Fátima Góes, O arquivo de Ivan de Fábio Rogério, Josefa da Guia de Rita Simone, Rezou à família e foi ao cinema de direção coletiva do Núcleo de Produção Digital Orlando Vieira, Caixa d’Água Qui Lombo é esse? e Conflitos e Abismos – A expressão da condição humana de Everlane Moraes, A mão que borda de Caroline Mendonça e O Muro é o meio de Eudaldo Monção Júnior, podem também nos ajudar a identificar modificações no emprego dos elementos imagéticos e sonoros que constituem esses documentários e aspectos específicos da montagem dos documentários sergipanos contemporâneos.
Bibliografia
- AMIEL, Vicent. A estética da montagem. Tradução, Carla Bogalheiro Gamboa – Lisboa: Editora Texto e Grafia, 2011.
CHION, Michael. La audiovision – introdución a un análisis conjunto de la imagem y el sonido. Barcelona: Ediciones Paidós Ibéricas, S.A, 1993.
GALVEZ, Valeria Valenzuela. Sujeito, Narração e Montagem – novos modos de representação no documentário Latino-americano contemporâneo. 2008.
MORANTE, Fernando Morales. Montaje audiovisual: teoría, técnica y métodos de control. Barcelona: Editorial UOC, 2013.
NICHOLS, Bill. A voz do documentário. In: RAMOS, Fernão. Teorias do Cinema Contemporâneo – Volume II. São Paulo: Editora Senac, 2005.
PENAFRIA, Manuela. Análise de Filmes – conceitos e metodologia(s). In: VI Congresso SOPCOM – 2009. Anais eletrônicos: . Acessado em: 31 ago. 2015.
SPENCE , Louise; NAVARRO, Vinicius. Crafting truth: documentary form and meaning. Rutgers University press New Brunswick, New Jersey, and London, 2010.