Ficha do Proponente
Proponente
- Mariana Veiga Copertino Ferreira da Silva (UNESP FCL/Ar)
Minicurrículo
- Mariana Veiga Copertino F. Silva é bacharel e licenciada em letras pela UNESP FCL/Ar (Brasil) e mestre em Estudos Literários pela mesma instituição, tendo desenvolvido a dissertação intitulada O cinema de Manoel de Oliveira: um caso singular, na área de Relações intersemióticas. É doutoranda pela UNESP FCL/Ar, e sua investigação foi realizada também enquanto bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian. É membro efetiva do Grupo de Pesquisa em Dramaturgia e Cinema, da Unesp (GPDC)
Ficha do Trabalho
Título
- Identidade e Humanismo: ecos do projeto “Os Gigantes do Douro”.
Resumo
- Esta comunicação tem como intenção observar, na obra de Manoel de Oliveira, as remissões do projeto “Os gigantes do Douro”, argumentado pelo realizador português em 1934. Para tanto, propõe-se a análise desse aspecto em filmes como Acto da Primavera (1963), Vale Abraão (1993), O estanho caso de Angélica (2010), dentre outros.
Resumo expandido
- Durante sua carreira cinematográfica, Manoel de Oliveira teve alguns de seus projetos engavetados, sobretudos os que foram argumentados nas primeiras décadas de sua produção; dentre os quais destaca-se o projeto Os Gigantes do Douro, de 1934. O filme foi encomendado pelo Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) e tinha como intenção documentar a realidade dos trabalhadores envolvidos na produção de vinho, desde o plantio da uva até a venda do néctar nas caves. Devido a atrasos na chegada do equipamento de filmagem, o IVDP acabou desistindo de financiar o documentário que não pôde, justamente pela falta de verba, ser levado a cabo.
Contudo, Manoel de Oliveira não desistiu completamente d’Os Gigantes do Douro, que volta a aparecer como remissão em muitas das produções realizadas ao longo de sua carreira. A ideia de retratar a atividade vinícola e o labor humano é resgatada em muitos dos filmes do realizador, com particular atenção dedicada à região do Vale do Douro e dos trabalhadores que ali passam toda a sua vida. Ainda antes da argumentação do projeto d’Os Gigantes, Oliveira já manifestou a preocupação com o retrato social, em seu primeiro documentário Douro, faina fluvial, de 1931, que revela a realidade dos trabalhadores do cais da ribeira do Porto. A temática do trabalho retorna à produção oliveiriana em muitos dos filmes que se seguiram, desde o Acto da Primavera, filme antológico de 1963, até o mais recente O estranho caso de Angélica, de 2010.
Destarte, esta comunicação propõe-se analisar as remissões do projeto de 1934 na obra de Manoel de Oliveira, observando, particularmente, a forma como o realizador trabalha com o retrato do árduo labor humano, valendo-se de seu cinema como instrumento de retrato social, tanto na intenção de marcar na história o valor dos trabalhadores do Douro, quanto no intuito de fazer uma denúncia social. Dessa forma, o cinema oliveirano evidencia, em si, a dimensão política e social da obra do longevo realizador, uma vez que o trabalho da vinicultura representa um traço valorizador do povo português e da identidade lusitana.
Bibliografia
- BAEQUE, Antoine de, PARSI, Jacques. Conversas com Manoel de Oliveira. Porto: Campo das Letras, 1999. (Campo do Cinema, 3).
BÉNARD DA COSTA, João; OLIVEIRA, Manoel de. Manoel de Oliveira: cem anos. Lisboa: Cinemateca Portuguesa; Museu do Cinema, 2008.
CORREIA, Rute Silva. Manoel de Oliveira: o homem da máquina de filmar. Alfragide: Oficina do Livro, 2015.
FERREIRA, Carolin Overhoff (Org.). O cinema português através dos seus filmes. Porto: Campo das Letras, 2007. (Campo do Cinema, 5).
_____. (Ed.). Dekalog 2: on Manoel de Oliveira. London: Wallflower, 2008.
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______. Manoel de Oliveira: uma presença. Estudos de literatura e cinema. São Paulo: Editora Perspectiva, 2010.