Seminários Temáticos para o biênio 2017-2019

Cinema Negro africano e diaspórico – Narrativas e representações

Resumo

    A proposta do Seminário é oferecer espaço para a apresentação de pesquisas que reflitam desde o conceito até as múltiplas narrativas imagéticas, midiáticas e tecnológicas do Cinema Negro e ainda, como este se comunica com as representações de memória e identidades negras. O objetivo é reunir trabalhos que dialoguem com as diversas produções do cinema negro africano e/ou diaspórico, entendendo o Cinema Negro como um conceito político e social, mas também estético. Um cinema elaborado por cineastas negros e negras, que representa a multiplicidade da população negra, e ao mesmo tempo, reflete sobre o audiovisual negro e o negro no audiovisual. O ST abrigará trabalhos que abordam as diversas formas narrativas do cinema negro (históricas e contemporâneas) e as questões de memória, identidade, gênero e representação no audiovisual.

Resumo expandido

    O seminário Temático Cinema Negro africano e diaspórico – Narrativas, identidades, diálogos e representações pretende congregar pesquisas que possam dotá-lo de parâmetros para as incessantes reflexões em torno do inexorável papel das imagens na constituição do humano, em diálogo permanente com as prodigiosas máquinas de produção do imaginário. Dessa forma, o ST acolherá estudos sobre o Cinema Negro, que reflitam desde os aspectos conceituais de sua definição, passando pela multiplicidade dos formatos narrativos (contemporâneos e históricos) dos filmes e obras, e os diversos elementos (como memória, identidade, gênero, representação e representatividade) que atravessam o audiovisual. Partindo do princípio de que o Cinema Negro é um conceito político, social e estético, e por isso em constante processo de mutação e reafirmação das suas bases, o objetivo do Seminário é de ser um espaço que abarque reflexões sobre produções do cinema negro africano e/ou diaspórico. Enfocando a pesquisa sobre os filmes de realizadores negros e negras, que refletem experiência negra, denunciam e/ou combatem o racismo, as discriminações, os preconceitos e os estereótipos, bem como revelam diversidades e afetos.

    Nos últimos anos as questões referentes às representações e identidades etnicorraciais ganharam impulso renovado, constituindo-se tema de investigação das mais diversas áreas do conhecimento. Particularmente, no campo do audiovisual assistimos a um crescente interesse pela temática, que vem sendo explorada, teórica e metodologicamente, de modo interdisciplinar, ultrapassando fronteiras aparentemente rígidas para dialogar com várias áreas do conhecimento. Ao que parece, não há território interior no domínio do audiovisual: ele está inteiramente situado sobre fronteiras. Disso dá testemunho trabalhos erigidos nos departamentos da antropologia, comunicação, cinema, publicidade, sociologia, psicologia social, semiótica, entre outras.

    Com o avanço irrevogável dos dispositivos de produção de imagens, horizontes de investigação foram alargados, agregando-se a esse temário provocações advindas da esfera política; novos formatos, linguagens e dispositivos, como a publicidade, os documentários e seriados televisivos foram incorporados aos estudos; o fenômeno da auto-representação também se inscreveu como uma vertente importante; práticas e saberes gestados nas franjas dos discursos hegemônicos postularam lugar ao centro. Os cinemas do continente africano e da diáspora reivindicaram esse lugar. Discussões emergentes, a exemplo das tecidas na esfera da biotecnologia, com o pós-humano nucleando o debate, também perfilaram-se a arena das audiovisualidades.

    Para além do viés das representações, estudos sobre os modos de produção e veiculação adensaram o campo dos estudos étnico raciais. A título de ilustração, os modelos de produção adotados por coletivos de jovens, seja nas periferias e/ou universidades, para viabilizar suas produções revelam um novo/outro reordenamento dos modos de fazer. Movimentos estéticos, políticos e culturais contemporâneos também possuem um considerável impacto nas narrativas negras no audiovisual, como por exemplo o Afrofuturismo (que pensa a junção da ficção especulativa com a experiência negra diaspórica e africana).

    O Seminário Temático tem, portanto, o propósito de dar abrigo ao leque de pesquisas sobre audiovisualidades, identidades e representações, que têm sido trabalhados em programas de graduação e pós-graduação nas áreas das Artes, Ciências Sociais e Humanas. Os crescente trabalhos de conclusão de cursos, pesquisas de iniciação científica, artigos acadêmicos, teses e dissertações centrados nas questões de raça e de suas interseccionalidade (de gênero, classe e sexualidade) atestam o inegável interesse sobre o Cinema Negro africano e diaspórico.

Bibliografia

    BAMBA, M. MELEIRO, A. (orgs.). Filmes das África e da diáspora. Objetos de Discursos. Salvador: EdUFBA, 2012.
    DE, Jeferson. Dogma feijoada: o cinema negro brasileiro. São Paulo: Imprensa Oficial, 2005.
    DIAWARA, Manthia. DIAHKATÉ, Lydie. Cinema Africano. Novas formas estética políticas. Lisboa: Sextante/Porto Editora, 2011.
    FREITAS, Kênia (org.). Afrofuturismo: Cinema e Música em uma diáspora intergaláctica. São Paulo: Caixa Cultural, 2015.
    OLIVEIRA, Janaína. “Kbela” e “Cinzas”: o cinema negro no feminino do “Dogma Feijoada” aos dias de hoje. In FLAUZINA, Ana; PIRES, Thula (org.). Encrespando. Brasília: Brado Negro, 2016.
    SHOHAT, Ella e STAM, Robert. Crítica da Imagem Eurocêntrica. São Paulo: Cosac Naify, 2006.
    SOUZA, Edileuza Penha de. (Org.). Negritude, cinema e educação: caminhos para a implementação da Lei 10.639/2003. Belo Horizonte: Mazza, 2006, 2007, 2014 Vol. 1, 2 e 3.
    ___. CINEMA NA PANELA DE BARRO: Mulheres Negras, narrativas de amor, afeto e identidade. Brasília, UNB, 2013.

Coordenadores

    KENIA CARDOSO VILACA DE FREITAS
    Janaína Oliveira
    Edileuza Penha de Souza