Seminários Temáticos para o biênio 2009-2011

Cinemas em português: aproximações-relações

Resumo

    A constituição deste seminário, Cinemas em português: aproximações – relações, poderia exercer o papel de núcleo para o qual convergissem trabalhos e pesquisas que tivessem como objeto de estudo os cinemas e a produção audiovisual de língua portuguesa e que privilegiam, sobretudo, as relações e aproximações criadas entre estes.
    É importante ressaltar que o seminário pretende estruturar-se sob duas vertentes de pesquisas: uma, sedimentada em estudos da cinematografia portuguesa que reúne pesquisadores de Brasil e de Portugal e que tem como objetivo central traçar ligações, sobretudo, em relação aos cinemas destes dois países. Outra, com forte interesse na discussão crítica do conceito “lusófono” dentro dos estudos de cinema, avaliando inter-relações e cruzamentos entre cinemas falados em português, pensando não só no Brasil e em Portugal, como nos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP) e até nos realizadores que vivem na diáspora.
    Devemos lembrar neste contexto a proliferação de produções transnacionais entre Portugal, os PALOP (Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique) e o Brasil, devido ao aumento de protocolos entre as instituições de cinema destes países que deram frutos a partir dos anos 90, bem como os recentes incentivos financeiros para a produção cinematográfica da Comunidade dos Países Língua Portuguesa (CPLP).
    Embora os encontros da SOCINE sempre tenham garantido a constituição de mesas para comunicações individuais relacionadas ao tema, a oportunidade de trabalharmos como Seminário Temático permitiria que as apresentações sobre os cinemas e o audiovisual produzidos no Brasil, Portugal e de África, que abordam temáticas relacionadas ou que produzem em conjunto, não sofressem uma dispersão no correr do congresso, pois o grupo atuaria com constância durante todo o evento. Poderia, assim, exercer um papel importante na criação paulatina de uma cidadela científica no interior da SOCINE e, se possível, no Brasil, em que o debate em torno de tais cinemas adquirisse maior visibilidade, tanto em termos de publicização do debate quanto na concentração de produção acadêmica e crítica.
    Além disso, o grupo, reunido durante três dias, poderia servir como chamariz para que novos pesquisadores ou novas pesquisas pudessem ser articuladas em torno do tema, cumprindo assim uma tripla tarefa: a de atrair as investigações já realizadas, a de reunir pesquisadores e interessados durante todos os dias do congresso, a de criar visibilidade para um tema que pode vir a ser cada vez mais requisitado como objeto dentro dos estudos do cinema e do audiovisual.
    Os congressos anuais da SOCINE seriam um excelente espaço para que o assunto pudesse se aprofundar e, talvez, crescer e se expandir, trazendo cada vez mais investigadores de Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, Portugal e, quem sabe, Timor Leste, ao Brasil. Matéria de pesquisa e focos de interesse há, e vários. Além de Manoel de Oliveira, considerado por muitos como um dos grandes realizadores do cinema mundial ainda em atividade, ao lado do francês Alain Resnais, existem muitos outros diretores, conhecidos e desconhecidos, contemporâneos ou não, que devem mobilizar pesquisadores em várias partes do mundo. Movimentos e escolas, como o Novo Cinema português, pouco conhecido no Brasil, as relações entre cinema, posturas estéticas e política, envolvendo o estudo da produção cinematográfica durante os períodos de ditadura ou de guerra nesses países, ajudaria, inclusive, a estabelecer vínculos com a nossa produção e a nossa história, trazendo para o primeiro plano pesquisas em áreas de Arte e Comunicação, como as das Ciências Humanas (Ciências Sociais, Filosofia, História, Letras) que tomam o cinema como objeto de estudo.

Coordenadores

    Carolin Overhoff Ferreira
    Mauro Luiz Rovai
    Michelle Cunha Sales